Vic Ferreira tem 18 anos e escreve ao iG Teen todas as terças-feiras sobre as descobertas na adolescência
O ser humano não precisa de substâncias químicas para ter uma dependência, só precisa de algo que preencha o vazio interno. Sempre achei que as pessoas não sabem lidar com o vazio que sentem, em vários momentos da vida nos sentimos sozinhos mesmo estando cercados por pessoas, e constantemente tentamos preencher ou esquecer esse sentimento.
Alguns usam bebidas alcoólicas ou drogas ilíticas, outros, o próprio trabalho e, a maioria, a tecnologia.
Ao visitar paisagens incríveis e lugares inspiradores não percebi mais ninguém observando aquilo pelo qual eu estava apaixonada, as pessoas estavam fotografando, tirando selfie, mandando audio no Whatsapp. Não tinham nem cinco segundos para olhar com os próprios olhos aquele cenário que ficaria pra trás: chegavam, fotografam e iam embora. Estamos mais preocupados em mostrar pros outros onde estamos do que propriamente em estar.
Quando foi que deixamos de sentir momentos para registrá-los nas redes sociais?"
Nos jantares à luz de vela os olhares foram trocados pelo feed do Facebook e, durante a conversa na mesa do bar, fotografar a comida para o Instagram parece mais interessante. Quando foi que deixamos de sentir momentos para registrá-los nas redes sociais? Não estou dizendo que a tecnologia é algo ruim, que as redes sociais destruíram relacionamentos. Pra mim, a internet é uma das coisas mais inteligentes já inventadas; o problema está em nós.
Percebi que os melhores dias - e as melhores pessoas - são aqueles que te fazem esquecer do celular, que te dão preguiça das redes sociais e que nem a melhor das câmeras fotográficas consegue registrar. Esses dias não precisam ser excepcionais e as pessoas não precisam ser celebridades; há beleza na simplicidade e fora da internet também.
* Victoria Ferreira tem 18 anos e escreve às terças no iGTeen. Ela é do signo de Áries, fotografa iniciante e estudante do primeiro semestre de Jornalismo. Cupim de livros, rata da internet e viciada em séries. Gosta de conversar sobre tabus e assuntos que mais ninguém gosta de falar: "Para mim, os assuntos que as pessoas mais temem debater são os mais importantes". Vive em uma eterna discussão consigo mesma e sua cabeça nunca para. Foi exatamente por isso, que começou a escrever: para colocar esses pensamentos no papel, ou nas telas, melhor dizendo.