Qual o melhor pet para o seu filho?

Animais de estimação são grandes incentivadores, no desenvolvimento infantil, da independência, da responsabilidade e das relações de troca. Segundo Marisa Solano, pedagoga e diretora do Instituto para Atividades, Terapias e Educação Assistida por Animais (ATEAC), a convivência com um bichinho contribui muito para o desenvolvimento emocional, sócio-afetivo e sensorial da criança.
“A Laura cresceu com bichinhos por perto e tem uma relação muito afetuosa com a maioria deles”, diz Janaína Pires, mãe de Laura, dona de um cão da raça pug e de um hamster. “Sempre exigimos a participação dela na criação dos animais aqui de casa. Limpar gaiolas, dar comida, ver a água. Assim a criança apreende a respeitar outras formas de vida com presença e responsabilidade”, completa.
“Uma criança que cresce com um bichinho aprende desde cedo a respeitar a vida e a natureza de uma maneira ativa, compreendendo com naturalidade os cuidados e carinho que essa relação exige”, concorda Cristiane Perine, veterinária especializada em cães e gatos da Cobasi.
Mas para colher os bons frutos dessa relação é imprescindível lembrar que a escolha do bichinho ideal requer atenções especiais. A rotina da família, o espaço físico que se tem e principalmente como ele será inserido no novo ambiente são questões a considerar antes de levar um pet para casa. “Mais do que simplesmente querer, esperamos nossa filha ter interesse pelo bichinho. Para nós, era importante que ela tivesse maturidade tanto para interagir com a Pink como para ajudar nos cuidados diários”, diz a nutricionista Natália Fadel, mãe de Mirella, 4 anos, dona de uma shitzu de 5 meses.
Leia também:
Animais de estimação e bebês podem conviver sem riscos?
O seu pet tem inteligência emocional?
O animal de estimação certo para você
Opções não faltam. Dos clássicos cães e gatos a aves, peixes, coelhos, roedores, há animais para todos os gostos, bolsos e tipos de criança. Descubra o mais indicado para o seu filho na galeria de fotos abaixo e confira as característica de cada um no texto a seguir.
1. Cães de grande porte
Eles são sociáveis, dóceis e capazes de conviver bem com diferentes tipos de pessoas. São cães brincalhões e ativos, além de serem suficientemente fortes para aguentar abraços e apertões apaixonados de donos mais carinhosos. Por outro lado, por serem grandes, estes cães podem machucar os donos sem querer. “Por isso, onde há bicho e criança é sempre bom ter um adulto por perto”, alerta a veterinária Cristiane.
Raças: labrador, golden retriever, boxer, border collie, dálmata e pastor-alemão. A expectativa de vida dificilmente ultrapassa os 20 anos.
Indicados para: crianças amorosas, cuidadosas, ativas e até mesmo as mais desajeitadas. É recomendável que os pequenos tenham pelo menos cerca de 4 anos de idade.
Contraindicados para: não há contra-indicações. Mas estes cães não são recomendados para crianças mais contemplativas e quietas, pois gostam de contato físico e brincadeiras.
2. Cães médios e pequenos
Em um primeiro momento, eles parecem ser a opção ideal: o tamanho e a fofura, principalmente dos filhotes, são atrativos irresistíveis. Mas nem todas as raças desses cães são indicadas como bicho de estimação. “O poodle, por exemplo, é uma raça ciumenta, que compete com as crianças. Assim como o yorkshire, também mais agressivo”, alerta Cristiane. Para os cachorros pequenos, uma regra é geral: são mais sensíveis e menos resistentes a apertões, quedas e brincadeira brutas.
Raças: maltês, shitzu, beagle e lhasa apso são os mais recomendados. Eles têm o temperamento mais doce e paciente. O pug, famoso depois do filme “Homens de Preto 2”, tem temperamento bonachão, late pouco e aguenta arroubos supercarinhosos expressos em apertões.
Indicados para: crianças sensíveis, calmas e cuidadosas. Satisfazem as crianças mais delicadas. É recomendável que as crianças tenham maturidade para entender que são bichinhos tão pequenos quanto os próprios donos.
Contraindicados para:
crianças mais desajeitadas ou hiperativas.
3. Gatos
O felino carrega um fardo injusto de longa data: o de bicho traiçoeiro, arisco e interesseiro. “O problema é ter um gato querendo um cachorro. O gato é mais independente, sim. Mas conhece o dono, gosta da casa e vem esperá-lo na porta”, ressalta Audrey Haag, veterinária especializada em cães e gatos. Diferentemente dos cães, gatos suportam a solidão por mais tempo. Por isso são recomendados para famílias que se ausentam de casa por longos períodos.
Raças:
o persa é mais dócil e tranquilo, o siamês um pouco mais agitado. Mas os vira-latas são os mais queridos e adotados pela criançada.
A expectativa média de vida varia entre 15 e 20 anos.
Indicados para: crianças afetivas, crianças que não exigem reciprocidade em tempo integral e crianças compreensivas – capazes de entender que se o gato está em cima do armário é porque está com sono e quer sossego.
Contraindicados para: crianças menores de 5 anos, crianças alérgicas
4. Coelhos
Dóceis, eles não são grandes nem pequenos demais, vivem tanto soltos como presos e podem ser pegos e acariciados sem traumas. E mais: são mais inteligentes do que imaginamos. Segundo a veterinária Cristina, os coelhos têm uma capacidade de aprendizado impressionante. Se ensinados desde pequenos, são capazes de urinar e defecar em lugar correto, exatamente como cães e gatos.
Para as fraturas não serem constantes, quem pretende ter um coelho em casa deve proporcionar um ambiente favorável ao amortecimento de quedas, pois eles têm estrutura esquelética frágil. Coelhos vivem, em média, de 5 a 10 anos.
Indicados para: crianças delicadas e menores.
Contraindicados para: crianças muito fortes e pouco cuidadosas.
5. Hamster e gerbil
Pequenos roedores, o hamster e gerbil são facilmente confundidos. Embora apresentem algumas semelhanças, como bom grau de docilidade, um não é sinônimo do outro. O gerbil tem um rabo comprido e é conhecido como Esquilo da Mongólia. Os hamsters são mais populares, principalmente os sírios e chineses. O gerbil tem hábitos diurnos e noturnos e precisa de companhia para garantir boa saúde e assegurar seu temperamento.
Ambos são ótimas opções para crianças que querem se divertir sem interagir diretamente com o animal. Acessórios como gangorras, rodas, tubos e casinhas garantem uma gaiola bem divertida para os bichinhos. Eles vivem de 3 a 4 anos.
Indicados para: crianças dóceis, observadoras e contemplativas.
Contraindicados para: crianças desajeitadas, crianças menores de 4 anos, famílias que não toleram barulho à noite (o hamster tem hábitos noturnos).
6. Chinchila e porquinho-da-Índia
Roedores maiores, as espécies são em geral muito dóceis (as chinchilas tendem a ficar mais ariscas na idade adulta) e de forte apelo para quem quer um bichinho fofo sem ter espaço disponível. Tranquilos, têm hábitos semi-livres (vivem na gaiola, mas podem ser soltos no ambiente familiar) e requisitam cuidados diários um pouco menos exaustivos. A chinchila exige mais delicadeza no trato. É um roedor mais reservado e precisa de uma rotina regrada, descansando durante o dia e ativo à noite.
Indicados para:
crianças afetuosas e cuidadosas
Contraindicados par
a:
crianças menores de 4 anos
7. Peixes
A interatividade quase não existe. Mas os cuidados de alimentação e limpeza aproximam as crianças dos bichinhos, estimulando a responsabilidade de forma divertida. Segundo o aquarista profissional William Sugai, o peixe é um ótimo bicho de estimação para um iniciante. “Não requer passeios e é relativamente fácil de cuidar”.
Espécies:
os mais recomendados são o Kinguio e o Beta, ambos de água-doce, mas com comportamentos e necessidades diferentes. O Kinguio é aquele peixinho dourado, clássico dos aquários caseiros. É resistente, barato e se alimenta apenas de rações comerciais facilmente encontradas. O Beta é o famoso peixe solitário. Por ser mais agressivo, precisa de um aquário só para ele. Mas ele não exige muito espaço e seu recipiente dispensa oxigenação.
Indicados para: iniciantes no mundo pet, crianças observadoras, curiosas e contemplativas.
Contraindicado para:
crianças muito pequenas ou que gostem de contato.
8. Quelônios (cágados e jabutis)
Apesar de serem animais de baixa interatividade, são muito requisitados por não oferecerem grandes riscos no convívio familiar. A comercialização de quelônios está proibida no estado de São Paulo. Para adquirir um, é necessário importá-lo de outros estados e verificar se o petshop ou criador em questão está autorizado legalmente pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Os jabutis são terrestres, vivem bem em jardins e têm hábitos alimentares muito saudáveis, comendo muitas frutas e legumes. Já os cágados são mais comprometedores, pois crescem muito e não podem viver eternamente em pequenos recipientes.
Indicados para: crianças passivas, tranquilas e observadoras.
Contraindicados para:
crianças hiperativas e pouco cuidadosas.
9. Aves
O melhor é preferir aves que possam viver mais livres no ambiente de seus donos. “As aves de dedo proporcionam mais interatividade. Elas permitem o contato físico, além de assobiar, imitar sons e responder aos sinais dos donos”, recomenda a veterinária Cristina Fotin, especializada em animais silvestres. Quem optar por este tipo de animal deve ficar atento na hora da compra. Todas as aves da fauna silvestre devem ser vendidas com nota fiscal e anilha (anel na patinha), autorizadas pelo Ibama. “Somente assim a legalidade e procedência saudável estão garantidas”, alerta Cristina. Mas pássaros de origem estrangeira (como a calopsita e o periquito australiano) não precisam de autorização.
Raças: calopsitas e periquitos australianos são os mais procurados. As calopsitas, aves da vez, podem viver de 12 a 15 anos.
Indicadas para: crianças tranquilas e cuidadosas. A supervisão de um adulto é importante, pois as aves são curiosas e podem engolir objetos tóxicos.
Contraindicadas para: crianças menos delicadas ou crianças menores de cinco anos.
NÃO RECOMENDADOS
Para algumas pessoas, quanto mais raro ou exótico for o animal de estimação, melhor. Mas pensamentos como esse podem levar a fins desastrosos. Todos os répteis
, como cobras, lagartos e iguanas, estão proibidos de comercialização pelo Ibama. Adquirir qualquer um desses bichinhos como pet significa contribuir com o tráfico ilegal de animais e com a destruição de diversos ecossistemas em alerta.
Pequenos primatas, como macacos-prego e saguis , são legalizados. Mas são muito curiosos e acabam se colocando em risco se forem criados soltos na casa e não em um viveiro. “Além disso, eles têm alto potencial de transmissão de doença e acidentes com mordeduras”, diz Cristina.
Outro bichinho que já fez mais sucesso entre os amantes de pets diferenciados é o ferret
– ou furão
, como é conhecido no Brasil. De temperamento ativo e explorador, ele é muito parecido com uma lontra e realmente fascinante para a garotada, embora não seja recomendado para uma casa com crianças. Segundo a veterinária, os furões são curiosos demais e costumam ingerir objetos e substância tóxicas quando estão soltos. Outro alerta é em relação à dentição: é um carnívoro, com dentes fortes e mordidas dolorosas. “São animais que exigem uma supervisão cerrada dos pais para evitar maiores prejuízos”, complementa.
Leia também
Você está exagerando nos cuidados com seu pet?
Teste: você é um dono educado?