Uma separação costuma ser uma fase bastante difícil para um casal e, se houver filhos, é preciso um cuidado maior para não causar ainda mais prejuízos emocionais a eles.
Segundo Luiz Fernando Gevaerd, especialista na área de Direito da Família com mais de 40 anos de carreira, os filhos frequentemente são usados como objetos de chantagem emocional por aquele que não aceita a ideia de separar-se. “Mas entre duas pessoas sensatas, que desejam realmente o melhor para seus filhos, é possível fazer uma separação gradual, progressiva e planejada e conversar com eles aos poucos sobre o assunto”, explica.
De acordo com o advogado, o ideal é levar em conta a idade das crianças e deixar claro para os filhos que a decisão de separar-se é do casal. “O casal pode ir preparando sua separação de forma tranquila, menos traumática, enquanto um dos dois vai se ausentando e reorganizando sua vida em outro endereço”, afirma.
Já os conflitos que levam à separação, assim como a decisão em si, não devem ser discutidos com os filhos. “Essa atitude só cria um constrangimento maior para a criança, que se verá forçada a posicionar-se em favor de um dos dois. Além disso, a criança precisa se sentir amada e informada, porque ela percebe o que está acontecendo, mas o problema é que o momento ideal de lhe falar claramente sobre a separação dos pais é quando as coisas já estão definidas. De certa forma, ela quase sempre se sente responsável pela separação, e em muitos casos fica se culpando por isso”, alerta Gevaerd.
Ele ressalta que é muito importante que o casal tenha cuidado com o modo de falar sobre a separação com os filhos. “Não é o caso de mentir, de modo algum. Nada de dizer que está tudo bem quando não está, ou que ‘papai vai fazer uma viagem, e por isso vai ficar longe por uns tempos’. Mas ser sincero com as crianças não significa falar de coisas que elas ainda não tenham condições de entender”, diz ele.
O advogado, que já acompanhou diversos processos de separação, assim como passou pela situação com filhas pequenas, reforça que trata-se sempre de um processo doloroso, pois os filhos não querem que os pais fiquem separados. “Mas, já que a separação existe, se o casal souber separar-se de um modo sensato, pensando também na sensibilidade das crianças, elas terão melhores condições para superar essa dificuldade, com um desenvolvimento emocional mais equilibrado”, conclui.
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