Período é marcado pela recuperação física e emocional que ocorre após o parto.
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Período é marcado pela recuperação física e emocional que ocorre após o parto.


Quem nunca ouviu, de mães ou avós, sobre o famoso ‘resguardo’ depois do nascimento de um bebê? Esse período, conhecido pelos médicos como puerpério, representa o tempo em que o corpo da mulher se recupera das mudanças da gravidez.

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Durante os nove meses de gestação, o corpo feminino passa por drásticas transformações, como o aumento dos seios, ganho de peso, expansão do útero e mudanças hormonais. Consequentemente, leva um certo tempo para que ele retorne ao estado pré-gravidez.

Etapas

O puerpério se inicia logo após o parto e dura, na maioria dos casos, até a 6ª semana de pós parto (45-42º dia).

Ele também se divide em três etapas: do 1º ao 10º dia, o puerpério imediato; do 10º ao 45º dia, puerpério tardio; e depois do 45º dia, o puerpério remoto, que tem duração variável - para algumas mulheres, os quarenta e cinco dias são tempo suficiente para a recuperação, enquanto para outras, o corpo demora mais para se readaptar.

Durante essas semanas, o útero se contrai e retorna ao seu tamanho normal, a produção de leite materno é estabelecida e os níveis hormonais se ajustam ao valor regular. Essas mudanças podem causar sintomas como cólicas, sangramento vaginal, sudorese noturna, inchaço e dor nos seios.

Logo após o nascimento do bebê, também é comum ouvir mulheres relatarem a sensação de "órgãos soltos”. De acordo com a médica ginecologista e obstetra Juliana Schablatura Vera, isso é completamente normal, “devido à reorganização dos órgãos após a liberação de espaço no abdome e à flacidez dos músculos”, atesta.

“Também é normal sentir cólicas durante a amamentação, devido a liberação da ocitocina que ajuda a fazer o útero voltar ao seu tamanho normal”, conta a médica.


Saúde mental

A saúde emocional também é abalada pela chegada de um bebê. Depois do nascimento, a mulher passa por uma queda hormonal significativa, o que pode abalar as emoções da genitora.  

Entre as principais mudanças emocionais, Schablatura enumera a ansiedade sobre a saúde do bebê, o cansaço devido à nova rotina, a frustração pelas mudanças físicas e a pressão trazida pela ‘maternidade perfeita’.  “É comum e esperada a falta de desejo sexual, e o Blues Puerperal, que é um sentimento de tristeza, ansiedade, irritabilidade e cansaço”, reforça a especialista.

A médica ainda reforça que 40% das mulheres podem desenvolver esse quadro de baby blues, que se inicia 2-3 dias após o parto e que consiste em sintomas depressivos leves, geralmente autolimitados, mas que podem ser um fator de risco para o desenvolvimento de depressão pós parto. Nesses dias, é comum que essas mulheres sofram com choro fácil, fragilidade emocional e estresse.

“Logo após o parto há uma queda significativa dos hormônios estrogênio e progesterona, e isso pode aumentar os níveis de uma enzima chamada monoamina oxidase que degrada alguns neurotransmissores no cérebro, podendo levar aos sintomas depressivos”, diz.

Em entrevista ao iG Delas, a psicóloga especialista em Perinatalidade Júlia Weiss reflete que o ambiente em que a mãe está inserida é uma das variáveis fundamentais para a experiência de puerpério que ela terá.

“A rede de apoio é um dos elementos desse ambiente e que pode funcionar tanto como protetor da saúde mental da puérpera ou, outras vezes, acaba mais atrapalhando do que ajudando”, conta. 

Essa rede de apoio deve oferecer um espaço seguro para a puérpera expressar suas emoções, compartilhar suas preocupações e receber encorajamento e apoio - tudo o que puder ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade.

Outro elemento importante dessa experiência para Weiss é a figura do psicólogo e do psiquiatra. Quando a mãe sente que precisa de ajuda, a psicoterapia pode ser uma boa aliada para a melhora da saúde mental no puerpério.

“A psicoterapia individual é uma das formas que a mãe pode receber apoio psicológico no puerpério. É importante que a(o) psicóloga(o) escolhido seja alguém sensível às particularidades das vivências do puerpério. Para isso, a psicoterapeuta deve levar em consideração que o puerpério é um evento biopsicossocial e não subestimar a magnitude da transformação vivida por aquela mulher.”

Ela ressalta que em algumas situações pode ser necessário o uso de medicamentos e é essencial que a família encontre um médico psiquiatra que esteja capacitado para acolher e medicar a genitora. 

O que a mãe deve evitar?

Em tempos de grandes mudanças, existem cuidados fixos que são necessários para a recuperação completa do corpo físico e da saúde mental das mães. 

É importante evitar atividades que exijam muito esforço físico. O corpo precisa de tempo para se recuperar do parto, portanto, levantar objetos pesados, praticar exercícios intensos ou realizar tarefas domésticas devem ser evitados.

A médica Juliana conta que pequenas caminhadas são incentivadas o quanto antes, como forma de prevenir trombose e normalizar a função do intestino. Segundo ela, não há um consenso de quanto tempo é necessário ficarem afastadas de atividade física moderada, como academia, mas é razoável que as mães retornem entre 30 a 60 dias.

Quando se trata de alimentação, a recomendação é a ingestão de alimentos nutritivos, como proteínas magras, frutas e verduras. Uma dieta balanceada e saudável fornece os nutrientes necessários para a recuperação do corpo.

Os médicos também recomendam que o casal volte a praticar relações sexuais somente 40 dias depois do parto, mas algumas mulheres podem necessitar de mais tempo do que isso.

Para Schablatura, o sexo é possível desde que o períneo esteja cicatrizado, o que leva cerca de duas semanas, caso haja contracepção e a mulher tenha vontade: “no entanto, a maioria das mulheres não estará pronta para retomar a vida sexual por diversos motivos, e é necessário respeitar esse processo.”

Não se pode esquecer de manter consultas de acompanhamento com o médico ou profissional de saúde. Essas consultas são importantes para verificar a recuperação pós-parto, discutir questões de saúde e tirar quaisquer dúvidas ou preocupações.


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