Dante, de 5 anos, é vegano, como a mãe Patrícia (@vemca.atelieveg)
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Dante, de 5 anos, é vegano, como a mãe Patrícia (@vemca.atelieveg)


No aniversário de cinco anos do mineiro Dante, não faltou comida: assim como qualquer festa infantil, o pequeno celebrou mais um ano na companhia de bolos, biscoitos, tortas e sanduíches. No entanto, um pequeno detalhe nos alimentos da celebração diferencia Dante da maioria das crianças brasileiras: desde que nasceu, sua alimentação é majoritariamente baseada em alimentos à base de plantas.

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Filho da empreendedora Patrícia Pena, dona do Vem Cá!, Ateliê Veg, loja de produtos sustentáveis, o menor era ovovegetariano até o início da pandemia, quando, por conta do isolamento, passou a ser vegano. “Ele praticamente passou dois anos vivendo em uma bolha vegana”, conta a mãe.

Assim como Dante, muitas crianças estão aderindo o estilo de vida vegano nos últimos anos. Mas será que zerar o consumo de proteína animal não causa nenhum problema para o metabolismo dos pequenos?


Veganismo

Antes de entender o impacto da alimentação vegana no corpo de uma criança, é preciso definir o que caracteriza, de fato, uma dieta vegana.

Ao contrário da dieta vegetariana, que apenas exclui o consumo de carne, o veganismo é definido como um estilo de vida que busca eliminar o consumo de qualquer produto de origem animal. Além da carne, os veganos não consomem produtos derivados da vida animal, como seda, lã, queijo, leite, couro, gelatina ou mel, já que eles são resultado da exploração desses seres.

Uma dieta vegana consiste inteiramente em plantas, como frutas, legumes, verduras, cereais, grãos, oleaginosas e sementes. Diversas pesquisas ligam o consumo exclusivo de alimentos à base de plantas com uma melhor qualidade de vida e saúde, além de uma maior prevenção de doenças como diabetes e hipertensão.

Para as crianças, o benefício é o mesmo, afirma a nutricionista vegana clínica, Gabriela Pereira: “a dieta vegana é segura para qualquer fase da vida, inclusive para crianças.”

É o que atesta a Academy of Nutrition and Dietetics (AND): a alimentação vegana oferece mais fibras e antioxidantes, além de conter uma quantidade menor de colesterol, gordura saturada e gordura total.

“Desde o primeiro momento da vida,  a criança vai estar familiarizada com alimentos ricos em vitaminas, minerais, fibras e carboidratos complexos, que são benéficos para a saúde. Assim, a criança terá uma alimentação saudável desde o começo, livre de gorduras saturadas e rica em antioxidantes e carboidratos bons”, afirma Pereira.

O aporte proteico também é facilmente suprido para as crianças em uma dieta vegana - proteínas como grão-de-bico, soja, ervilha, quinoa são facilmente ajustadas para um melhor consumo desse nutriente.


“Como a criança está em fase de desenvolvimento, a proteína exerce um papel fundamental na construção dos tecidos. Portanto, os pais precisam se preocupar em adicionar fontes de proteína vegetal, tais como feijão, tofu, grão-de-bico, lentilha, ervilha e soja. E além disso, as sementes também oferecem proteína, como é o caso das sementes de abóbora, girassol e gergelim”, indica a nutricionista. 

Mas o que não pode faltar em um prato de uma criança vegana? 

Cicerelli indica a divisão das refeições em três seções:  1/3 feito por cereais, como arroz, quinoa e trigo, ou cereais com raízes como mandioca, batata, batata-doce, inhame, 1/3 de legumes e verduras, como alface, rúcula, espinafre, couve, agrião, brócolis, couve-flor e cenoura, e 1/3 de leguminosas, como feijão, grão de bico e ervilha.

Suplementação

A vitamina que realmente exige suplementação e deve ter a atenção dos pais é a B12. Responsável por grande parte da formação dos glóbulos vermelhos do sangue, ela é encontrada somente em carnes de origem animal e sua deficiência pode causar diversos problemas para a saúde, como anemia, fadiga e tontura. 

De acordo com a médica pediatra Tatiana Cicerelli, além da B12, existem outros 3 suplementos também são geralmente indicados para pacientes infantis que seguem uma dieta vegana: ferro, que é essencial para o cérebro; vitamina D, encontrada majoritariamente em alimentos de origem animal e importante para o crescimento ósseo dos pequenos, e DHA, ácido graxo fonte de boas gorduras para o corpo.

Ela reitera que a suplementação é exclusivamente individual e apenas um profissional da saúde consegue determinar as quantidades corretas para cada criança. “Recebo com muita frequência mensagens de mães pedindo indicação de vitamina B12, ou mesmo de polivitamínicos, mas essa suplementação da criança, principalmente na fase inicial da vida, precisa ser individualizada, pois levamos em consideração a dieta materna e seus exames durante a gestação”, conta.

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