A infertilidade secundária acontece quando um casal não consegue outra gestação, mesmo com um ano de tentativas
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A infertilidade secundária acontece quando um casal não consegue outra gestação, mesmo com um ano de tentativas

A primeira gestação de Maria* foi um sucesso. Aos 27 anos, a empresária, que optou pelo anonimato, conseguiu gerar seu primeiro filho, Lucas*, com muita saúde. Quando a criança atingiu os sete anos, a profissional decidiu ter o segundo filho com seu marido, o jornalista Pedro*. Ao contrário do que o casal esperava, as tentativas se acumulavam, mas o resultado positivo não chegou.

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Após um ano e meio de tentativas, o diagnóstico: o casal estava sofrendo de infertilidade. “Não acreditei quando percebi que estávamos tentando por meses sem sucesso. Não fazia sentido, eu já tinha o Lucas e foi tão rápido para conseguirmos ele”, explica Maria.

Assim como Maria e João, cerca de 10% dos casais que já tiveram um filho sofrem para conceber novamente, como aponta um estudo de 2010 publicado na revista científica Plos Medicine. Em termos médicos, essas pessoas sofrem de infertilidade secundária.

Infertilidade secundária

A infertilidade secundária tem basicamente as mesmas causas da primária
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A infertilidade secundária tem basicamente as mesmas causas da primária

“A infertilidade secundária é definida quando o casal que já teve uma gestação não consegue mais engravidar depois de um ano”, explica Paula Fettback, doutora pela Faculdade de Medicina da USP e ginecologista especializada em reposição hormonal.

A infertilidade secundária também acontece em casais que já engravidaram, mas sofreram com aborto espontâneo ou um problema similar. “Ela é uma infertilidade num casal que, independentemente da situação, já teve uma concepção prévia”, afirma Paula.

As causas para a infertilidade secundária são diversas e se encontram em alterações no sistema reprodutor da mãe ou do pai. “Geralmente é difícil observar sinais porque eles têm origem variada, de ordem anatômica, genética, hormonal, entre outras. Muitas vezes é preciso fazer uma investigação mais aprofundada, com exames”, explica Franz Geisller, CEO da Famivita, empresa que trabalha com fertilidade.

De acordo com o médico especialista em reprodução humana, Rodrigo Rosa, um dos principais fatores é a idade que o casal busca conceber o segundo bebê. Muitos casais que conseguiram ter a primeira gestação de forma fácil buscam a segunda concepção numa idade materna mais avançada.

A partir dos 35 anos de idade, a fertilidade da mulher começa a diminuir progressivamente. A queda acentuada da qualidade e quantidade dos óvulos pode afetar a chance da segunda gestação. 

Também existem doenças que podem afetar a fertilidade, como a endometriose, doença crônica que atinge o tecido do útero: 10% a 15% das mulheres em idade fértil sofrem com a doença, e cerca de 30% desse público tem problemas com infertilidade. A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) afeta os ovários e pode ser um fator que diminui as chances de uma gravidez.

Os homens também podem desenvolver distúrbios que afetam a fertilidade. “O homem pode ter algumas alterações no sêmen que não tinha anteriormente, como infecções ou varizes, que é varicocele. Se o homem mudou os hábitos de vida, ele pode até tornar o sêmen inadequado”, detalha o ginecologista Arnaldo Schizzi Cambiaghi. 

Aspectos como obesidade, uso excessivo de álcool, consumo de drogas, alimentação inadequada e tabagismo são outros motivos por trás da infertilidade.

O que fazer?

Existem alternativas que podem levar à segunda gravidez
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Existem alternativas que podem levar à segunda gravidez

Por conta de já terem concebido antes, poucos casais com infertilidade secundária sabem por onde começar. Isso tende a aumentar a persistência do problema e até dificulta a resolução do mesmo.

Assim como a infertilidade primária, casais que são diagnosticados com a secundária costumam sofrer com o impacto emocional dos resultados. “Lidar com a infertilidade é algo sempre difícil, é estressante. Ansiedade, angústia e raiva são comuns para quem está tentando ter um filho”, diz Franz. 

Se um casal suspeita sofrer dessa infertilidade, a melhor opção é procurar por um médico especialista para a confirmação do problema. 

“Contar com o apoio da família ou de amigos é difícil porque o assunto ainda é tabu. Se possível, deve-se procurar ajuda de um profissional de saúde mental que possa auxiliar o casal. Às vezes, até mesmo estar em grupos pode ajudar a atravessar o problema, favorecendo o diálogo e a troca de informações com pessoas que estão na mesma situação”, finaliza o profissional.

O diagnóstico, no entanto, não é o fim. Cada fator que causa a infertilidade tem seu próprio tratamento, e, com ajuda de profissionais da saúde, o casal pode chegar até a segunda gestação com sucesso.

Além do tratamento das doenças, como a endometriose, varicocele e a SOP, muitos médicos apostam em tratamentos hormonais para mulheres e homens que não conseguem conceber.

Casos mais avançados podem optar por métodos de reprodução assistida, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro (FIV). Para pais que não querem passar por esses procedimentos no futuro, o congelamento dos óvulos e do esperma é outra opção excelente. 

“A orientação sobre planejamento familiar é fundamental. Explicar sobre a questão do relógio biológico da mulher para que o casal tome as melhores decisões de quando iniciar as tentativas para um segundo filho é o objetivo, já que a demora nessa decisão pode determinar que esse casal pode não conseguir ter dois filhos”, finaliza Rodrigo Rosa.

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