Apesar de o Brasil ter um sistema de saúde que distribui vacinas de forma gratuita e ter se tornado referência mundial na erradicação de doença através das vacinas, o número de crianças vacinadas têm caído nos últimos anos, especialmente com movimento antivacina, que ganhou força durante a pandemia do covid-19. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2021 apenas 60% das crianças foram vacinadas contra a hepatite B e o número de crianças vacinadas contra o sarampo e a caxumba não chegou a 75%.
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Essa adesão insuficiente das vacinas aparece em outras diferentes doenças e já mostra as suas consequências. Após a erradicação do sarampo em todo o continente Americano, em 2016, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS, surtos da doença voltaram a aparecer em 2018 no Brasil, devido a uma baixa nas vacinações no ano de 2017. Além do sarampo, o país foi colocado em estado de alerta pela OMS, pois, no momento, o Brasil sofre um grande risco da volta da poliomelite, ou como é conhecida popularmente, a paralisia infantil.
A técnica de enfermagem de 42 anos, Miriam Felix Nunes, explica que a baixa adesão das vacinas não é apenas um problema do indivíduo que escolhe não vacinar os seus filhos. Porque a falta de vacinas impacta toda uma saúde pública, devido à facilidade com que as são doenças são transmitidas.
“A vacinação faz parte da saúde coletiva. Muitas pessoas acham que não se deve vacinar porque ela não fica doente e que este é apenas um problema dela. Entretanto, a vacinação não protege apenas ela, mas também todo um coletivo que está entorno dessa pessoa, se proteger também protege o outro. A falta de vacinação é um risco social”, destaca a profissional da saúde.
As vacinas são seguras?
Fomentado pelo atual presidente da república, o questionamento sobre a eficácia e a segurança das vacinas ganhou força com o movimento antivacina. No entanto, a segurança das vacinas é um consenso científico mundial. A técnica de enfermagem aponta que a vacina só poderá apresentar um risco à saúde da pessoa em situações muito específicas, que são a exceção. Como alergias a algum componente da vacina. Por exemplo, pessoas que tem intolerância ao ovo, ingrediente presente na vacina da febre-amarela.
“A vacina só apresenta risco à saúde para a pessoa se ela for sensível a algum componente da fórmula, como em qualquer outra medicação. A vacina, na verdade, é uma partícula do vírus ou da bactéria, uns ativos e outros inativos, que ensinam o sistema imunológico a se defender. As vacinas fazem essa manipulação no sistema imunológico, criando uma janela de memória, essa janela é criada em menos de quatorze dias. Essa janela de memória é para quando você tiver contato com essa doença, você não desenvolver a doença com gravidade. Isso não quer dizer que você não irá ficar doente, na maioria dos casos você realmente não irá desenvolver a doença, mas em outro casos você irá adoecer com menos gravidade”, esclarece Nunes.
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Outro ponto levando por pessoas que temem as vacinas é a ideia de que pessoas “saudáveis” não precisam se vacinar. Contudo, essa não é uma informação que procede. Pessoas que são supostamente "saudáveis" também precisam ser vacinadas. Miriam destaca que essa saúde que essas pessoas usam como justificativa para não vacinar os filhos e a si próprios vem justamente de anos de vacinações em massa.
“O fato de uma pessoa ser saudável ou se considerar saudável, não implica em ela ter que tomar ou não tomar a vacina. A vacinação vai estimular o sistema imunológico a criar uma proteção. Muitos adultos que hoje não vacinam os seus filhos, pensam justamente dessa forma, porque a criança é saudável, ela não precisa ser vacinada. Mas se esquecem que essa geração de adultos foi vacinada, e é saudável justamente por isso”, alerta a técnica de enfermagem.
Até os anos 70, não era incomum hospitais, como o Hospital das Clínicas de São Paulo, terem andares específicos para crianças com paralisia infantil. Doença que só pode ser erradicada com campanhas massivas de vacinação. Além disso, é preciso lembrar a gravidade de algumas doenças que correm risco de retornar, como a caxumba, que pode causar surdez e o sarampo, capaz de atrapalhar o desenvolvimento mental da criança.
A profissional da saúde reitera para que os pais não deixem de vacinar os seus filhos por medo da criança sofrer e que é melhor ela sofra uma pequena dor momentânea, do que acabar sendo infecionada por uma doença e correr risco de vir a óbito.
“Muitos pais também deixam de vacinar os filhos porque doí e não querem ver a criança sofrer e chorar. Entretanto, a dor da vacinação é suportável e logo vai passar, diferentemente do dano de uma doença, que pode deixar essa criança com graves sequelas ou até mesmo morrer”, aponta Miriam.