A pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) desencadeou uma série de mudanças na rotina das famílias. Com as medidas de prevenção, muitos pais passaram a fazer home office e, com aulas suspensas, as crianças tiveram as aulas adaptadas para o ambiente digital.
Encarar essa mudança nem sempre é fácil e pode deixar os pais um pouco perdidos, principalmente por precisarem guiar os filhos nos estudos . De acordo com Cibele Guaringue, coordenadora pedagógica do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), o ideal é que os adultos deem bons exemplos e trabalhem no desenvolvimento da autonomia da criança.
“Resolver questões e oferecer respostas prontas não é o caminho. Estimular questionamentos e ajudar na pesquisa pode ser uma maneira de aguçar a curiosidade e a autonomia dos estudantes”, explica.
Cibele também fala sobre a importância de um local adequado para os estudos, longe de distrações como TV ou eletrônicos. Além disso, reforça a necessidade de pausas de 15 a 30 minutos entre as lições para que a criança descanse e faça uma atividade lúdica. “É também uma excelente estratégia para que ela retome os estudos na sequência com mais interesse e disposição”, diz.
A coordenadora pedagógica ainda comenta que os pais devem se engajar para entender a metodologia de escola e assim conseguir ajudar, dialogar e compartilhar conhecimento com os filhos.
Leia também: Quarentena com crianças: 9 atividades para fazer em casa
Mães relatam experiência
Para entender como as famílias estão lidando com os estudos em casa , conversamos com duas mães sobre a nova rotina que foi estabelecida desde a determinação da quarentena .
Constance Roessler conta ao Delas que a adaptação das filhas Sofia, do 5º ano, e Clara, do 10º, ao estudo em casa não foi difícil, já que a escola, o Colégio Humboldt, em São Paulo, vem em um processo de digitalização de algumas etapas e atividades há algum tempo.
Você viu?
Assim, foi mais fácil, principalmente para a mais velha, lidar com as aulas à distância, segundo a mãe. Como Clara já entende o que está acontecendo, o papel dos pais vai mais no sentido de se certificarem que não há pendência nas tarefas.
No entanto, no caso da pequena, Constance precisa dar uma atenção especial para ela conseguir se organizar em relação às aulas e atividades. “Eu a ajudo a se controlar nos horários e prazos”, explica.
Para a mãe, o desafio está em conciliar o home office com a rotina das filhas. “O home office é desafiador. Eu trabalho das 8h às 20h, mas, ainda assim, consigo dar atenção para ela. Porém, sou bastante interrompida estando online (em reunião) ou não, mas ok. Deve ser algo comum em todas as famílias”, comenta.
E para que todas as tarefas sejam cumpridas e a família entre em harmonia, a saída encontrada por ela foi estabelecer uma rotina com as filhas. Ao lado das meninas, a mãe fez uma escala de horários para todos da casa, incluindo mãe, pai e filhas. Assim, enquanto elas estudam, os pais trabalham. E todos ajudam nas tarefas domésticas.
Leia também: Home office é a solução encontrada para conciliar trabalho e cuidado de filhos
Essa organização também foi importante na família de Claudia Onofre, que conseguiu estabelecer uma rotina de estudos para a filha Laís, do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Mary Ward, que concilia com os horários dos pais.
A mãe conta que a manhã é exclusiva para ela trabalhar, enquanto os cuidados casa e da outra filha, Letícia, que tem uma síndrome rara, fica por conta do pai. Claudia fala que a filha acompanha aulas online e faz as atividades à distância. Geralmente, as aulas começam às 7h e duram 1 hora, com intervalos de 30 minutos.
Como a escola proporciona uma boa estrutura de ensino à distância, o papel da mãe é de ajudar a filha a estabelecer um dia a dia saudável. Claudia comenta que nem todos os dias de Laís são iguais, o que ela enxerga como uma vantagem. “Estamos vivendo um momento em que não sabemos quando vai acabar. Por isso, acho muito importante a quebra de rotina”.
Nesse sentido, ela sugere que os pais encarem o momento atual como uma oportunidade: “As famílias poderiam se cobrar menos e deixar as coisas fluírem, olhando para dentro e para os filhos”. E é isso o que procura fazer: viver um dia de cada vez, entendendo as necessidades que vão se apresentando diariamente e, como ela diz, “sem sofrimento”.