Em tempos de coronavírus e preocupação dobrada com doenças infecciosas, a escola pode se tornar um alvo de dor de cabeça para alguns pais e mães. Quem está com febre ou algum sintoma deve ir para escola? E os saudáveis, devem ter medo? Existe um protocolo para a procedência em casos assim? 

Leia mais: Brasil tem aumento em 40% de casos suspeitos de coronavírus

Surto de coronavírus exige ações em escolas
Reprodução
Surto de coronavírus exige ações em escolas




Na última semana, cerca de 100 estudantes do colégio Avenues, na Zona Sul de São Paulo, foram colocados em quarentena após contato com um aluno infectado. De acordo com a instituição de ensino, os jovens não devem ser prejudicados e acompanham as aulas com auxílio de ferramentas tecnológicas. Funcionários do colégio considerados de "alto risco" devido a idade ou estado de saúde também foram afastados temporariamente. 

Já os pais de alunos do colégio Dante Alighieri, na região central, receberam um informativo sobre as ações da instituição de ensino a respeito da epidemia. No comunicado, o colégio sugeriu às famílias que fiquem atentas aos sintomas de seus filhos, principalmente se tiverem retornado de um dos países monitorados pelo Ministério da Saúde com casos do novo coronavírus .

“Como protocolo médico permanente, o Colégio Dante Alighieri sempre recomenda aos alunos com sintomas como febre, coriza e tosse que não vão à escola e procurem cuidados médicos”, informou a instituição de ensino em nota à imprensa. O colégio ainda destacou que não orienta o  isolamento de alunos saudáveis. 

O colégio Santa Cruz, localizado no Alto de Pinheiros, emitiu uma orientação aos alunos e funcionários sobre possíveis sintomas do Covid-19, doença causada pelo novo vírus. A instituição também pede que seja informada sobre os sintomas de “qualquer doença infectocontagiosa”. 

Você viu?

Leia mais: Colégio de SP tem 100 alunos de quarentena após caso de coronavírus

Para o infectologista David Uip, coordenador do comitê contra o coronavírus em São Paulo, a conscientização e preocupação com o isolamento de crianças que apresentam sintomas suspeitos é indicada não apenas nas escolas, mas em qualquer ambiente coletivo. A quarentena de pessoas saudáveis que voltaram de viagem, porém, é “um exagero sem tamanho”. 

“Para as escolas que me procuraram, eu fui claríssimo em pontuar como exagero. Não faz sentido que todo mundo que volte de um país onde existe o coronavírus fique em quarentena. Não haverá vacina a curto prazo e nem remédio por enquanto, o que significa que por essa lógica qualquer pessoa que viajar vai ficar sem trabalhar. Não podemos parar o país”, pontua o profissional.

Uip ainda tranquiliza os pais com a lembrança de que “as crianças estão sendo poupadas das formas graves do coronavírus. Nessa nova doença, a população mais vulnerável é idosa. Não significa que as crianças não estão sendo infectadas, mas em geral o comportamento é menos grave do que a gripe, por exemplo”, explica. 

Mãe de Eduardo, de 2 anos, a nutricionista Laura Uzinian diz que está entre as que recebeu comunicados da escola sobre a nova doença. O informativo, enviado pelo Projeto Aprender, pede que - entre outros cuidados - os pais de crianças que viajaram recentemente para países da Europa ou Ásia encaminhem um atestado do pediatra assegurando a saúde do aluno. 

Para ela, a ação foi “muito prudente por não trabalhar em cima do achismo, mas com uma conduta médica, que é o mais correto”. Apesar disso, Laura diz que não se sente tomada “alarmismo desnecessário” e lida com a situação da forma como encararia o risco de qualquer outra doença infecciosa.

“Sinceramente eu acho que o coronavírus é um vírus como também foi o H1N1, que causou todo um alarde e hoje em dia temos vacina e seguimos a vida. Nós temos doenças que matam muito mais do que o coronavírus em alguns municípios do Brasil, como por exemplo a dengue”, destaca. 

Laura ainda defende a serenidade na hora de lidar com o risco de infecções na infância. “Criança tem contato o tempo todo. Elas trocam de brinquedos, elas colocam à mão na boca do outro. É a maturação do sistema imunológico. É chato, é complicado. Eles param de comer, eles dormem mal, consequentemente a gente dorme mal e fica preocupado, mas faz parte do pacote de ter filho. O que cabe a nós é tomar as medidas preventivas, cuidar da higiene e ficar atento, mas lembrar que vai passar”, diz.


    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!