Gerar um filho pode mudar completamente a vida de uma mulher. São inúmeras alterações hormonais, novos sentimentos e situações que nem sempre são fáceis de enfrentar. Diante de tudo isso, não são raros os casos de depressão na gravidez.
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A ansiedade, o sentimento de culta e o choro fácil aumentam gradativamente, deixando a mulher cada vez mais para baixo. No entanto, nem sempre esses sintomas são investigados a fundo, o que impede o diagnóstico da doença. Na verdade, Patricia Oliveira, ginecologista com ampliação pela antroposofia e parceira da Weleda, explica que na maioria dos casos a depressão da gravidez não é detectada nem tratada.
Esse tabu que cerca a doença é extremamente prejudicial. Afinal, a doença agrava sem o tratamento adequado e afeta diretamente a saúde da mãe e do bebê. De acordo com a ginecologista, a depressão na gestação pode se associar a mudanças como diminuição do crescimento do bebê, somado a possíveis alterações nutricionais, cognitivas e comportamentais na criança.
“Além disso, podem ocorrer dificuldades de relacionamento entre mães e filhos decorrentes das alterações relacionadas ao estado depressivo”, acrescenta Patricia.
Sintomas de depressão na gravidez
A médica explica que os sintomas de depressão na gravidez variam ao longo dos nove meses e são mais comuns nos primeiros e últimos meses. Veja os principais sinais:
- Choro fácil
- Ansiedade
- Sentimento de culpa
- Baixa autoestima
- Falta de concentração
- Sono entrecortado
- Aumento da sensibilidade às críticas
- Pensamentos relacionamentos com morte
- Falta de disposição e energia
Além de atentar-se a frequência desses sintomas, mulheres que tiveram depressão em outro momento da vida também devem ligar o sinal de alerta. Patrícia explica que o antecedente é considerado um fator de risco, por isso, se a doença não foi tratada anteriormente, é preciso buscar acompanhamento psicoterápico.
“Cuidados integrativos podem ajudar o organismo materno a uma melhor adaptação à gravidez e também há um despertar ao autocuidado, fazendo com que a própria mulher consiga identificar sintomas em fases iniciais”, acrescenta.
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Como tratar a depressão gestacional
Se você identificou qualquer um desses sintomas, não hesite em buscar ajuda. O acompanhamento profissional é fundamental para tratar a doença e evitar danos à saúde da mãe e do bebê.
“O mais importante é a mulher perceber que a vulnerabilidade à depressão durante a gravidez é tão alta ou maior do que no pós-parto, então, a melhor maneira de lidar é reconhecer essa possibilidade e buscar ajuda terapêutica”, avalia Patricia.
Segundo a ginecologista, além do acompanhamento psicoterápico, alguns hábitos ajudam a minimizar a depressão, como praticar atividades físicas, manter uma alimentação saudável, garantir uma boa noite de sono e adotar alternativas para diminuir o estresse (massagem, banhos terapêuticos, aromaterapia, acupuntura, escalda-pés).
Ela ainda sugere que a gestante busque a medicina antroposófica por proporcionar um atendimento multidisciplinar, o que pode ser interessante nesse período. “Para a gestante, a possibilidade de expressar suas preocupações para profissionais de diferentes áreas da saúde e de realizar terapias adicionais pode trazer bastante conforto”, pontua.
Em relação ao uso de medicamentos, Patricia diz que é comum buscar fórmulas naturais de princípios ativos dinamizados para não somente combater a doença, mas também fortalecer a mulher de forma completa.
Além disso, a ginecologista comenta que como a depressão gestacional é agravada por fatores externos, é importante evitar alguns espaços e repensar certos “rituais”. “Excesso de informação, comunidades virtuais, rituais sociais e cobranças comportamentais devem sempre passar pelo crivo do despertar de uma sensação boa ou ruim”, comenta.
“Revelação do sexo bebê e outros chás e afins podem gerar cansaço, exposição social excessiva e podem levar a questionamentos acerca da mudança corporais, inchaços, ganho de peso. Aqui a grávida deve pensar: ‘Isso vale a pena? É o que eu queria? Estou feliz nessa situação?’ Se as respostas forem negativas ou duvidosas pode ser interessante abrir mão”, completa.
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O papel do parceiro
A rede de apoio é um dos pilares na hora de enfrentar a doença e o papel do parceiro é fundamental. Ter alguém ao lado para lidar com tantas mudanças que a gestação causa deixa as coisas menos pesadas. A companhia e o companheirismo são essenciais. Por isso, o homem deve se informar e se envolver no tratamento para ajudá-la a passar pela depressão.
“Quanto maior for o vínculo parental mais rápido será o diagnóstico”, explica a ginecologista. Esse envolvimento do homem no processo também é importante para que eles não desenvolvam a doença também. De acordo com Patricia, a chance de parceiros de mulheres com depressão na gravidez terem a doença é de 30%. “Devido a isso a abordagem familiar é sempre indicada”, conclui.