Recentemente, Xuxa Meneghel e a sua filha Sasha trouxeram à tona um tema polêmico: maconha. Em um teaser do programa “Luana é de Lua”, que será comandado por Luana Piovani no canal E! a partir de junho, Xuxa revela que a filha já ofereceu a erva para ela.
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Quem soltou a informação nas redes sociais foi o colunista Leo Dias, que teve acesso ao vídeo. Segundo ele, Xuxa conta à Luana: “Minha filha sempre fala: ‘Mãe, você tem certeza que não quer provar maconha ?’.”
Em algumas famílias essa cena é mais comum do que se imagina. Em entrevista ao Delas , N.B., 51 anos e pai de duas filhas, conta que fuma com uma delas em momentos de descontração e relaxamento. “A coisa rola naturalmente, quase uma bobagem como tomar uma cerveja ou um café”, fala.
De acordo com o pai, ele sempre se relacionou de forma aberta com as filhas. “Antes de saber que o papai fumava maconha, elas já sabiam tudo o que eu e mamãe fazíamos para manter a casa e pagar as contas. Então, na hora de tomar conhecimento das opções de lazer, elas já tinham um senso de obrigação bem desenvolvido”, diz.
Ao ser questionado sobre como foi o primeiro passo, se ele ofereceu para ela ou ela para ele, N.B. conta que não foi bem assim. “Durante um tempo, cada um já sabia que o outro fumava, mas eu esperei que ela me descobrisse à medida que tomava conhecimento da maconha. Então, quando me revelei, já não era novidade alguma”, fala. A partir de então, os momentos onde ambos compartilham um cigarro, por exemplo, passaram a acontecer naturalmente.
No entanto, a relação de N.B. e sua filha não é a regra. Muitos pais não fumam e ficam bastante surpresos, além de não saber muito bem como lidar quando o filho ou a filha oferece a erva .
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O que fazer quando meu filho me oferece maconha?
Em entrevista ao Delas , o psicólogo Ronaldo Coelho, do canal do YouTube “Conversa Psi”, fala que a primeira coisa a se fazer é entender em que contexto isso aconteceu. “É pensar o que aconteceu para o filho chegar até o pai e a mãe e oferecer uma droga, é entender o que está rolando”, fala.
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Nesse sentido, é preciso entender o que o filho está buscando com isso. “É aceitação? Querem que os pais compreendam algo? Estão buscando uma interlocução com os pais? Ou é uma provocação?”, fala. Segundo Ronaldo, essas perguntas podem organizar um diálogo inicial.
Para começar a conversa, o psicólogo sugere perguntar ao filho o motivo de estar fumando e o que espera disso. “Só limitar ou proibir é algo que não tem eficiência do ponto de vista de que o filho ou a filha vai se conscientizar dos possíveis danos que aquilo pode causar”, fala.
Muitos pais acham que colocar limites é proibir, mas Ronaldo mostra que o caminho não é bem esse. “A proibição pode funcionar muito mais como algo a ser burlado do que algo que seja um limite efetivo e internalizado pelo filho ou filha”, completa.
É interessante que os filhos tenham consciência dos próprios atos e se responsabilizem sobre a própria vida. Ronaldo comenta que, então, essa conversa inicial deve ir ao sentido de orientar o filho a isso.
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“Evidentemente cada pai vai ter uma ideia ou uma concepção sobre as drogas
. E, claro, isso vai ser colocado para ser debatido. É bacana que seja colocado de uma forma que não desconsidere essa experiência, mesmo que uma experiência inicial, de modo que se possa conversar de uma forma que seja respeitosa e gentil”, aconselha.
O psicólogo orienta a não deslegitimar os filhos falando algo como “Você não sabe de nada” ou “Quando você tiver a minha idade vai saber do que eu estou falando”. Se a conversa é conduzida dessa forma, será difícil estabelecer um diálogo. Nesse momento, os pais devem estar abertos a ouvir o que os filhos têm a dizer.
Ronaldo comenta que muitos pais podem se sentir angustiados e questionar “Tá, eu escuto e faço o que com isso?”. Segundo ele, não é preciso fazer nada se não souber o que fazer. É válido pedir um tempo para o filho, falar que vai pensar e que podem conversar mais futuramente.
“Procure conversar com outras pessoas, com amigos e até psicólogos”, sugere. Por fim, o profissional fala que não é possível dar orientações generalizadas, já que cada caso é um caso. “O importante é ouvir verdadeiramente”, fala.
Por fim, N.B. completa dizendo que acredita que os pais devem estar atentos a o que a maconha representa para os seus filhos, além de nutrir uma relação de confiança.