Em dois anos, a brasileira Amanda Ragone viu sua vida mudar por completo. Em fevereiro de 2015, a jovem que hoje tem 27 anos se casou. Depois disso, se mudou para os Estados Unidos por conta de uma proposta de trabalho do marido. Em novembro de 2016, deu à luz uma menina. O que se seguiu após tantas mudanças é também a realidade de muitas mães pelo mundo: o sedentarismo.

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Ao dar fim ao sedentarismo e à má alimentação, mãe não voltou apenas ao corpo que tinha, mas alcançou vários benefícios
Arquivo pessoal
Ao dar fim ao sedentarismo e à má alimentação, mãe não voltou apenas ao corpo que tinha, mas alcançou vários benefícios

A coordenadora de suporte de TI costumava ser ativa quando morava no Brasil e também mantinha uma alimentação mais saudável. Ao chegar nos EUA, porém, muita coisa mudou, principalmente em relação ao que ela comia e aos exercícios físicos. Em apenas um ano, foram 10kg a mais, e ela passou dos 53kg para os 63kg. Só que o sedentarismo e a má alimentação somados a uma gravidez fizeram com que ela chegasse aos 79kg no final da gestação.

“Aquilo foi demais para mim, mas eu pensava que quando começasse a amamentar fosse emagrecer, como todo mundo fala. Eu realmente consegui perder peso. Perdi tudo o que eu ganhei na gravidez até a data em que a Julia parou de mamar – ela mamou até os sete meses e meio – e estava animada, achei que não havia sido tão difícil assim emagrecer, mas quando ela parou de mamar eu não ajustei minha dieta.”

Efeito sanfona e baixa autoestima

Amanda conta que continuou comendo alguns alimentos calóricos demais e com certa frequência, o que não é bom para ninguém. Sempre que ela tinha vontade de comer doce, comia, e quando tinha vontade de ir em um fast-food, também não pensava duas vezes. E aí foram mais 5kg após o desmame. De 79kg, ela voltou para 63kg, mas posteriormente alcançou de novo os 68kg.

“Esse ganho de peso começou a me deixar muito deprimida. Na verdade, várias coisas aconteceram quando a Julia parou de mamar. Eu pretendia amamentar até pelo menos um ano, mas eu não consegui porque quando voltei para o trabalho meu leite foi secando. Com sete meses, já não deu mais. Ao mesmo tempo, outros problemas pessoais me afetaram muito.”

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Estilo de vida diferente após mudança para os Estados Unidos fez com que Amanda ganhasse 10kg, mas foi só o começo
Arquivo pessoal
Estilo de vida diferente após mudança para os Estados Unidos fez com que Amanda ganhasse 10kg, mas foi só o começo

A mãe passou a descontar a tristeza e o desânimo que sentia na comida, e, para piorar, “nenhuma roupa ficava boa quando ela se olhava no espelho”. Quando dores nas costas e um inchaço constante nas pernas começaram a atrapalhar seu dia a dia, foi o limite: alguma coisa tinha de mudar.

“A Julia também já estava entendo um pouco das coisas. Quando eu voltei a fazer exercícios, por exemplo, ela já tava com mais de um ano. Ela já pedia as coisas e tudo que eu comia, queria provar. Eu entendi que não podia mais continuar comendo hambúrguer todo dia se eu não quero que ela coma. Eu quis dar o exemplo. Quero que ela cresça com uma dieta saudável, que coma de tudo, e isso foi um incentivo para mudar a rotina, a dieta e sair do sedentarismo.”

Mudança de vida

O marido de Amanda costuma viajar muito por conta do trabalho, ela trabalha oito horas por dia e está longe da família, que continua no Brasil. A mãe sabia que não tinha muito tempo para grandes mudanças contra o sedentarismo, então escolheu uma opção que seria possível de ser feita de acordo com a rotina. Ela comprou um pacote de exercícios e plano alimentar através de um app, algo que é bem comum nos EUA. Depois, foram necessárias algumas adaptações para fugir do sedentarismo.

A mãe passou a dormir mais cedo para acordar por volta das 5h e fazer suas atividades antes mesmo de ir para o trabalho. Desta forma, ela consegue separar um tempo para si e ainda ficar com a filha de noite, quando volta para casa. Em relação à dieta, Amanda passou a dedicar mais ou menos duas horas de cada domingo para cozinhar quase toda a comida da semana. Ela só faz no dia a dia mesmo o que não pode ir no congelador.

A mudança começou em 15 de janeiro, e, hoje, a mãe já perdeu 9kg, voltando ao peso que tinha antes da gravidez. Ela também não sente mais dores nas costas por conta dos exercícios para postura, nem sofre com pernas inchadas ou cansaço, e a visão que tem de si mesma melhorou muito. O objetivo agora é continuar assim, com uma vida mais ativa e uma alimentação equilibrada.

Maternidade

Amanda passou a ter sentimentos contraditórios em relação ao corpo, já que o amava por ter sido capaz de gerar um bebê
Arquivo pessoal
Amanda passou a ter sentimentos contraditórios em relação ao corpo, já que o amava por ter sido capaz de gerar um bebê

Depois de se tornar mãe, Amanda passou a usar a maternidade como uma forma de “desculpa” por estar sem tempo para exercícios ou uma alimentação mais adequada. Ela explica que “disfarçava a baixa autoestima” com os deveres de mãe, mas isso também causou um conflito interno nela.

“Enquanto vivia no Brasil, sempre fui magrinha, ia na academia, mas isso mudou quando eu vim para os EUA. Eu engordei, cheguei aos 63kg, mas realmente não me importei ou estava me achando feia. Percebi que aqui as pessoas não se importam tanto com a aparência. Mas depois da gravidez, foi demais para mim. Quando voltei para os 63kg, fiquei feliz, mas ao aumentar o peso de novo me deprimi. Porém, ao mesmo tempo, eu pensava que não podia me sentir mal, já que havia acabado de gerar uma vida.”

Amanda acreditava que não podia reclamar porque sabia que aquele corpo que a estava deixando infeliz também foi capaz de gerar uma criança, a sua própria filha, e isso é uma enorme felicidade. Ela mantinha uma relação contraditória com o próprio corpo até entender que não havia problema em querer mudar.

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“Eu acho que, se você vai cuidar de uma pessoa, é essencial se sentir bem com você mesma e se cuidar. Isso melhorou muito após as mudanças porque eu me sinto melhor para fazer as coisas com a minha filha e família em geral. Eu acho que você tem de se sentir bem com o que você vê no espelho. Pode parecer superficial, mas a imagem que a gente vê acaba influenciando as outras coisas, o que agente sente e pensa. Se você ganhou peso na gravidez e não se importa, tudo bem, mas se isso te incomoda, tem de encontrar um jeito.”

A mãe também acredita que é importante cuidar da mente, e não necessariamente apenas a parte física. Se uma mãe gosta de ler, mas deixou de fazer isso por conta dos filhos, por exemplo, é preciso encontrar um tempinho para uma boa leitura. “Depois que o bebê nasce, a gente fica tão focada nele… Nos primeiros meses, não fazia nada que gostava, e até sair com meu marido ficou difícil. Mas uma coisa que a gente tem de aprender é a receber ajuda.  Se a gente não se deixa ser ajudada, acaba não fazendo nada para nós mesmas.”

E foi exatamente por isso que Amanda revelou sua transformação e mudança de rotina aos amigos e conhecidos nas redes sociais. Não só para mostrar que é possível sair do sedentarismo e adquirir uma alimentação mais equilibrada, mas também para dar apoio. “Eu quis mostrar que se eu consegui, você consegue também, e se precisar de ajuda, estarei aqui”, completa a jovem.

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