Na Bélgica , as mulheres grávidas que não querem ou não podem criar um bebê têm a opção de deixar a criança para adoção de forma anônima após o parto em uma organização de caridade chamada Moeders Voor Moeders, ou "Mães para mães", em tradução livre. O meio para isso é uma caixa especial, onde a menina ou menino ficam aquecidos, seguros e à espera das funcionárias do local.

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Crianças para adoção podem ser deixadas em uma caixa especial na Bélica, com sistema de aquecimento interno e alarme
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Crianças para adoção podem ser deixadas em uma caixa especial na Bélica, com sistema de aquecimento interno e alarme

No último ano, o número de bebês deixados na caixa bateu recorde, segundo reportagem do site "The Telegraph". O sistema foi instalado em 2000 e, desde então, recebeu 13 crianças para adoção , sendo que quatro só em 2017. Não há como saber o porquê do aumento no número por conta do anonimato, mas há a suspeita de que o crescimento da pobreza na região e a elevação dos custos com alimentação tenham influenciado.

As crianças deixadas na organização recebem, primeiramente, atendimento médico no local e, na sequência, são mandadas para adoção . Katrin Beyer, uma das voluntárias da Moeders for Moeders, acredita que a maioria das mulheres que procura pela caixa tem entre 20 e 30 anos. As crianças são, em sua maioria, europeus brancos.

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Katrin, que há 17 anos trabalha na organização, vê outros motivos para as mulheres procurarem o trabalho das voluntárias: o medo e o fato de ser legalmente impossível dar à luz de forma anônima em um hospital da Bélgica. Essa última questão faz com que essas gestantes acabem realizando o parto sozinha, em caso, algo que pode ser bastante perigoso.

A voluntária de 62 anos lembra, na entrevista, do caso de uma mulher que tentou dar à luz sozinha na própria residência, mas passou a sofrer complicações e poderia até mesmo morrer por conta disso. Ela ligou pedindo por socorro, e Katrin a salvou com a ajuda de um médico.

Caixa especial

Antigamente, na Europa, havia um local em conventos onde mulheres podiam abandonar seus bebês. Muitas vezes, a escotilha que ligava o lado externo ao interno ainda é retratada em filmes, mas não é tão comum vê-la no mundo atual. O sistema utilizado na organização belga, que fica na cidade de Antuérpia, uma das maiores do país, é uma atualização dessa ideia.

Assim que uma pessoa coloca uma criança na caixa e fecha o sistema, a abertura do lado externo fica trancada. Do outro lado da parede, fica o escritório da Moeders Voor Moeders. A caixa, na verdade, é um berço com sistema de iluminação e aquecimento e conta também com cobertores e um cartão com uma mensagem em flamengo, francês, alemão e inglês para a mãe biológica.

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Este cartão é uma forma da mulher se identificar no futuro, se assim quiser. Essa é a única forma das voluntárias da organização identificarem as mães, pela própria iniciativa delas em se apresentarem. Cada cartão vai indicar qual foi o bebê deixado.

Assim que a escotilha é fechada, um alarme soa no local, alertando as voluntárias sobre a presença de um bebê, que normalmente é resgatado em um intervalo de, no máximo, 20 minutos. As crianças para adoção recebem atendimento médico antes de serem mandadas para o serviço social. Diferentemente, aqui no Brasil, o abandono de bebês é crime.

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