É fato que o aleitamento materno é essencial para o desenvolvimento do bebê, no entanto, amamentar não é uma tarefa fácil. Muito pelo contrário! Enquanto para algumas é um momento prazeroso e de conexão com o filho, para outras pode ser extremamente doloroso e difícil. Por isso é importante ter apoio da família e profissionais da saúde, além de informações, para passar pelo período da forma mais confortável possível. 

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A Semana Mundial de Aleitamento Materno de 2017 tem como tema “Trabalhar juntos para o bem comum
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A Semana Mundial de Aleitamento Materno de 2017 tem como tema “Trabalhar juntos para o bem comum"

A importância dessa rede de apoio para a mulher que amamenta é tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno , que acontece entre os dias 1 e 7 de agosto . Para falar sobre como a amamentação pode ser diferente entre as mulheres e comentar a importância desse apoio, o Delas conversou com cinco mães. Confira:

Patrícia Zenebone, 27 anos, mãe da Manu, de 4 anos

Patricia buscou apoio nas redes sociais para seguir o aleitamento materno da forma que fosse melhor para ela e a filha
Arquivo pessoal
Patricia buscou apoio nas redes sociais para seguir o aleitamento materno da forma que fosse melhor para ela e a filha

“Decidi que ia amamentar desde quando descobri a gravidez, mas busquei pouca informação sobre. Não foi fácil. No hospital a minha filha só dormia e mamou bem pouco. Tivemos alta já com uma receita de leite artificial e remédio para cólica. Ela teve muita cólica, então suspendi a mamadeira e foquei na amamentação, buscando informações em grupos de mãe. Na primeira consulta com o pediatra, ela tinha 10 dias de vida, e ele disse para amamentar apenas de três em três horas e, se ela pedisse por peito, dar a chupeta. Eu segui. Na consulta de um mês, ganhou pouco peso, e levei mais uma bronca por não dar o complemento. O médico chegou a dizer que ela passava fome por um capricho meu.

O médico chegou a dizer que ela passava fome por um capricho meu"

Com muito apoio encontrado no Grupo Virtual de Amamentação, passei a amamentar em livre demanda e, automaticamente, ela não quis mais chupeta. Mamava e dormia tranquilamente, se desenvolvia super bem, mas ganhava pouco peso. Eu tinha medo das consultas, porque sabia que ele ia falar sobre como minha filha era magra. Minha maior insegurança era: será que meu leite era fraco mesmo? Eu não era capaz de nutrir meu bebê? Foi com muita leitura, muita informação que resolvi seguir meu coração. Só depois de os três meses ela entrou no peso “normal” e eu comemorei: “VENCEMOS!”.

Nossa experiência foi maravilhosa, passamos por dias ruins, picos de crescimento, noites muito mal dormidas, mas também passamos por momentos maravilhosos. E assim seguimos até 1 ano e 9 meses. O desmame foi natural, um pouco antes do que eu queria, mas, ainda assim, me sinto vitoriosa. Eu indico o grupo GVA – Grupo Virtual de Amamentação para todas as amigas, pois só conseguimos seguir na amamentação exclusiva e prolongada com informação e apoio.”

Camila Franco, 23 anos, mãe da Nina, de 1 ano e 9 meses

A relação de Camila com a amamentação começou a mudar quando ela passou a amamentar a filha com a mamadeira
Arquivo pessoal
A relação de Camila com a amamentação começou a mudar quando ela passou a amamentar a filha com a mamadeira

“Minha experiência com a amamentação foi bem intensa e durou quatro meses. Logo na primeira sugada já senti muita dor e só piorou. Sentia muita dor, não dava muito o peito e ele só enchia. Então, começou a endurecer o leite e eu tive mastite. Depois de dois meses, meu peito sarou, mas comecei a sentir outro tipo de dor. Eu me sentia angustiada, vazia, triste. Eu sentia mais dor do que prazer quando ela vinha para o meu peito. Estava no auge no puerpério e comecei a sentir algo que não era construtivo. Quando eu amamentava, sentia ódio dela, mas não queria sentir isso.

Eu sentia mais dor do que prazer quando ela vinha para o meu peito (...) Quando eu amamentava, sentia ódio dela, mas não queria sentir isso"

Hoje eu tenho consciência de que isso é normal e que não é um sentimento que devemos nos envergonhar de sentir. Foi um momento regado de culpa. Senti que eu não tinha sido uma boa mãe porque a amamentei por um curto período.

Quando passei a amamentá-la com a mamadeira, passei a sentir uma mistura de liberdade e culpa, que durou um ano e meio. Ao mesmo tempo que escolhi não amamentar e me senti impotente, fui entendendo que aquilo, de certa forma, deu a oportunidade de me conectar com ela de forma mais intensa. Entendi que não sou menos mãe porque eu não amamentei.

Você viu?

Quando a Nina começou a mamar na mamadeira, eu falava que estava amamentando, mas com a possibilidade de outras pessoas também fazerem isso. Começou a ser uma coisa com carinho e pensamentos bons, era 100% eu e ela ali. Isso fez com que meu marido ficasse muito entregue também. Um dos pontos mais positivos da amamentação foi dividir isso ele, pai da minha filha e meu companheiro. Sempre fui muito apoiada, mas eu sei que ainda falta muito apoio às mulheres que não querem amamentar.”

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Mariana Ramos, 23 anos, mãe da Maria, 1 ano

Mariana acredita que, quando bem assistida, a amamentação é extremamente positiva para a mãe e para a criança
Arquivo pessoal
Mariana acredita que, quando bem assistida, a amamentação é extremamente positiva para a mãe e para a criança

“Minha experiência com amamentação teve um início bem caótico.  Mesmo tendo acesso a informações, o começo foi bem difícil. A Maria não teve a pega correta desde o início então me machucou muito, a cada mamada era um choro meu.  Insisti porque sempre acreditei no aleitamento materno como o melhor alimento para ela.

Foi um período de quase duas semanas de terror. (...) No fim, os dias de dor passaram e correu tudo bem"

No fim, os dias de dor passaram e correu tudo bem. Ela mama até hoje e pretendo seguir até que ela decida parar ou quando não estiver mais me fazendo bem, pois entendo que para que isso funcione, eu preciso estar mentalmente bem. Amamentar é cansativo muitas vezes.

Apesar disso, sigo porque sei da importância para a saúde dela e minha, não só física, mas principalmente afetiva. Agora ela só mama de manhã e à noite, pois fica o dia na escolinha enquanto trabalho. A amamentação ficou ainda mais importante, se tornou um momento de conexão. O que falo para amigas gestantes é se preparar para amamentar, caso essa seja a vontade delas. Leia, se informe, fale com outras mulheres, dê atenção para a pega correta, busque auxílio. A amamentação, quando bem assistida, é extremamente positiva para a mulher e a criança.”

Regina Brito, 53 anos, mãe da Julia de 16 anos

Regina se sentiu muito cobrada e culpada por não conseguir amamentar a filha, mesmo produzindo leite materno
Arquivo pessoal
Regina se sentiu muito cobrada e culpada por não conseguir amamentar a filha, mesmo produzindo leite materno

"Quando minha filha nasceu eu tinha leite, mas ela não mamava. Ela chupava um pouco e dormia. Cheguei a achar que ela estava mamando, mas ela dormia porque estava desidratada, e nisso perdeu muito peso. Ela nasceu com 3,4 kg, mas passou para 2,3 kg. Depois de dias nessa situação, eu fui para o hospital e fiquei indo no centro de amamentação todos os dias, mas ela não pegava de jeito nenhum. Ninguém nunca me deu uma explicação. Foi muito frustrante, porque eu tinha leite, mas a Julia não conseguiu pegar.

Fiquei três ou quatro meses sentindo culpa por não conseguir amamentar, mas quando ela começou a engordar eu encarei a situação como normal"

Os médicos achavam que eu não fazia esforço, foi um processo bem sofrido. A cobrança foi enorme. Durante um mês eu fiquei tirando o meu leite com a bombinha e colocava na mamadeira para ela, mas não deu certo. Depois disso, passei a dar leite da farmácia e fiquei três ou quatro meses sentindo culpa por não conseguir amamentar, mas quando ela começou a engordar eu encarei a situação como normal.

Para as mulheres que estão na mesma situação, eu diria para aceitar e enfrentar a situação. Sem dúvidas o aleitamento materno é ótimo, mas existem várias opões que podem substituir pelo menos em partes."

Míriam Gomes de Paula, 48 anos, mãe do Braulio Junior, 25 anos, e Brenda, 14 anos

Miriam amamentou o filho mais velho até os seis meses de vida e a segunda filha até os cinco anos de idade
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Miriam amamentou o filho mais velho até os seis meses de vida e a segunda filha até os cinco anos de idade

"Eu tive duas experiências com a amamentação. O mais velho eu não amamentei muito, só até os seis meses. Eu tive um problema com o pós-parto da cesárea e precisei tomar antibiótico, o que começou a prejudicar o leite e o médico achou melhor eu parar. Eu sempre fui apaixonada e achava lindo amamentar, então fiquei muito triste quando descobri que não ia mais poder, mas não tive escolha.

Quando eu tive a segunda filha, dez anos mais tarde, eu pensei ‘vou amamentar até quando ela quiser’ e foi isso que eu fiz até os cinco anos de idade dela"

Quando eu tive a segunda filha, dez anos mais tarde, eu pensei ‘vou amamentar até quando ela quiser’ e foi isso que eu fiz até os cinco anos de idade dela. Minha família sempre foi a favor, minha mãe sempre me apoiou, mas quando a gente saia na rua as pessoas ficavam olhando porque ela é uma criança muito grande, mas nunca me importei. Eu até ouvia alguns comentários, mas sempre gostei muito e me sentia bem amamentando. O bom do aleitamento materno é que até hoje ela é muito saudável. Já meu filho mais velho, que amamentei menos, vivia em hospitais"

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