Por todos os lado é comum escutar críticas à tecnologia, principalmente quando o assunto é a educação dos filhos. As comparações com o passado parecem inevitáveis, mas o que muitos esquecem é que as novas gerações já nasceram imersas no mundo digital, então por que não usar isso a favor do desenvolvimento da criança?
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Para se ter uma ideia, um estudo britânico indica que o Brasil é o terceiro país do mundo que fica mais tempo online no celular, atrás apenas da Tailândia e Arábia Saudita. Em média, as pessoas ficam quatro horas ou mais, diariamente, vidradas nos celulares, sendo quase o dobro de países que são referência em tecnologia como Japão e Estados Unidos.
Mudando o conceito
Acho que já deu para perceber que esse é um caminho sem volta. O problema é que muitas vezes os pais usam a tecnologia para entreter a criança , sendo uma forma de acalmar o pequeno para ele não dar trabalho. Mas ao invés de largar qualquer conteúdo na mão dos filhos, a dica é fazer com que eles gastem o tempo com atividades úteis .
“A tecnologia está aí, não adianta reclamar. Usando com moderação e limites, pode ser uma ferramenta que vai ajudar, e muito, no desenvolvimento das crianças através de jogos e atividades lúdicas que exploram a criatividade”, afirma a neuropsicóloga, mestre em psicologia do desenvolvimento da USP, Deborah Moss.
Benefícios no desenvolvimento
Jogos de raciocínio lógico , atividades que ajudam na fase de alfabetização , que incentivam a criança a aprender a ler e escrever brincando e que exercitam a memória , a atenção e resolução de problemas estão disponíveis em diversos sites e aplicativos.
Você viu?
“Esses tipos de jogos trabalham as funções cognitivas , sendo a atenção a mais importante delas. O déficit de atenção é um dos principais problemas entre as crianças. Sem atenção, nada é possível, nem mesmo a consolidação do conhecimento ou um simples relacionamento entre pais e filhos”, explica Paulo Camiz, médico professor da USP e idealizador do aplicativo Mente Turbinada.
Estabelecendo limites
Os jogos costumam ser divertidos e desafiadores, portanto é importante tomar cuidado para não se tornar um vício . Débora diz que é preciso estabelecer regras e limites e oferecer outras atividades além da tecnologia, como brincadeiras ao ar livre, jogos de tabuleiros, esportes, artes, leitura, entre outras.
“É sempre necessário a supervisão dos pais e uma limitação de tempo. Os aplicativos costumam ter sugestões de treinos diários a serem seguidos. Uma ideia é de seguir esses treinos e fazer no máximo 10 ou 15 minutos de uso dessas tecnologias”, acrescenta Camiz.
Supervisão
Os pais precisam auxiliar os filhos enquanto eles jogam, mas para neuropsicóloga é impossível controlar tudo, já que muitas vezes as crianças entendem mais de tecnologia que os próprios pais.
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“Os responsáveis devem permitir apenas o que for apropriado para cada faixa etária . Como tudo, na infância, precisamos ir dar certa independência e responsabilidade ao filho, então você pode deixar ele utilizar essa tecnologia sozinho, mas sempre acompanhando à distância”, completa Débora.