"A minha história começa com um desafio que recebi no trabalho e que me fez pensar muito. Pensar qual era o meu proposito foi um desafio feito à nossa equipe na empresa durante uma sessão e esse estímulo me fez pensar muito e impactou como eu escolhi lidar com o meu câncer.
Descobri ter um nódulo na mama em janeiro deste ano, depois disso precisei fazer um exame complementar, que foi uma biópsia para entender exatamente como o nódulo era, porque é muito comum nódulos aparecerem depois de uma certa idade. Alguns dados mostram que o câncer é algo relativamente comum na vida adulta, principalmente com a entrada da terceira idade, uma em cada oito mulheres norte-americanas, que viveram em até 75 anos, provavelmente vão ter câncer de mama e os números no Brasil não são muito diferentes.
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Apesar do câncer de mama não ser frequente na minha faixa etária, a primeira reação do médico foi calma, ele também me pediu para fazer uma biópsia para não haver precipitações. O resultado saiu muito rápido, entre quatro dias, no sábado mesmo, eu nem sabia que poderia sair durante o final de semana, mas saiu e justo no aniversário da minha mãe. Esse momento foi delicado, por conta do aniversário dela, mas pelo menos estávamos com toda a família junta e pude contar o diagnóstico para todos de uma única vez.
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Senti o peso dessa doença desde o primeiro momento em que eu recebi o diagnóstico, o médico até conversou comigo sobre o susto com que as pessoas reagem quando sabem que estão com câncer. Essa é uma doença vista com muito impacto, sempre quando conto para as pessoas que tenho câncer elas ficam muito assustadas. Contudo, será que o câncer precisa ser visto dessa maneira? Acredito que deveríamos tratar ele de forma mais natural, porque ele é uma doença mais comum do que imaginamos.
Além disso, quando as pessoas pensam em câncer, elas logo imaginam o estágio final da doença, eu mesma já me via naquela cena da Carolina Dieckmann raspando a cabeça e não foi nada assim, eu não queria alimentar esse tabu.
Logo na segunda-feira eu comecei a fazer uma bateria de exames, tive que fazer diversas consultas com diferentes médicos, não é um único profissional que cuida do tratamento inteiro. A primeira semana foi de muitos exames e muitas consultas médicas, até que eu entendi qual que seria o tratamento e a função dos médicos.
Desde o início eu me dispus a fazer exatamente o que eles falassem, inclusive quando me pediram para colocar o cateter. Eu sei que muitas pessoas resistem a colocar ele, mas eu decidi seguir todas as recomendações médicas e fazer o que precisava ser feito.
Depois de três semanas comecei a quimioterapia e para ela era necessário usar uma touca, essa touca exige que a pessoa tenha o cabelo mais curto, por isso eu precisei cortar o cabelo no ombro e não foi nada daquelas cenas de dramáticas de raspar o cabelo que imaginamos.
Em meio a esse turbilhão, recebi a minha promoção no trabalho e conversando com o médico ele contou que ele teve um paciente que não ficou um dia sem trabalhar durante todo o processo de quimioterapia, isso acabou me motivando mais ainda, eu queria continuar a curtir a minha vida, o meu trabalho e a minha família.
Outro acontecimento que acabou me alegrando também, foi a gravidez da minha cunhada, acompanhar a jornada de gestação dela, com o meu tratamento foi uma alegria tão grande para mim, ver a barriga dela crescendo e saber que mais uma pessoa iria vir ao mundo.
Com o tempo eu comecei a perceber os sinais do meu corpo e a me a organizar em relação a eles, como quando eu começo a sentir a minha língua mais áspera, devido aos remédios, eu já sei que não é uma boa ideia comer comidas como uma salada.
Ainda estou em processo de tratamento e ter o apoio da minha família e no trabalho foi muito importante para mim, eu me senti muito acolhida nesses dois ambientes e isso fez muita diferença.
Poder trabalhar, almoçar com os meus colegas, conversar e seguir com a minha rotina no meu novo cargo me deixa super animada. Estou feliz e orgulhosa de como eu conseguir nessa jornada de forma positiva e sempre mirando na cura. Desde o primeiro minuto, em que eu recebi a notícia do câncer, eu queria quebrar esse tabu em torno do câncer e inspirar a outras pessoas a encararem ele com mais otimismo".