Quatro marcas de leite disponíveis no mercado brasileiro se uniram numa campanha contra a violência contra a mulher. Em parceria com o Projeto Justiceiras, as marcas Parmalat, Elegê, Batavo e Itambé criaram um canal único de denúncias por meio de um QR Code estampado em cerca de 200 milhões de caixinhas de leite UHT. Por meio dele, as vítimas poderão acionar uma rede de apoio multidisciplinar que inclui profissionais das áreas da Justiça, Saúde, Psicologia, Socioassistencial, Acolhimento, entre outras.
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Por meio de suas marcas, a Lactalis do Brasil é a primeira empresa do setor alimentício a aderir à rede, criada em 2020, para a identificação, prevenção e combate à violência contra a mulher, pela ONG Justiça de Saia e sua idealizadora, a advogada e ex-promotora de Justiça Gabriela Manssur. O foco da iniciativa, explica Gabriela, é facilitar o acesso à Justiça e ao sistema de proteção, colocando o socorro na frente das brasileiras todos os dias.
"O leite está na mesa de famílias de diferentes faixas etárias e classes sociais. Estampar esse chamado nas milhares de caixinhas consumidas pelo Brasil é um serviço público", frisou. Os relatos podem ser feitos tanto pelas vítimas, como também por seus amigos e parentes. O projeto já atendeu 13 mil casos, incluindo mulheres de todas as unidades da federação brasileira e em outros 27 países e conta com 15 mil voluntárias.
Atualmente, os produtos da Lactalis do Brasil chegam a mais de 8 milhões de lares brasileiros. "O leite é um produto para todos, e esse é o foco do projeto das Justiceiras: assegurar os direitos das mulheres e, ao garanti-los, assegurar também a segurança de seus filhos e de toda a sociedade", completou o presidente da companhia Patrick Sauvageot.
A ação ainda prevê medidas para o público interno da empresa, que tem mais de 10 mil colaboradores no país. Inclui treinamento de equipes, orientação para construção de um ambiente de trabalho harmonioso e uma campanha de RH focada no combate à violência doméstica, assédio moral e sexual, assim como desigualdade de gênero.
Mais do que proteger as vítimas, comenta Gabriela Manssur, o projeto busca a prevenção, chamando os homens para o debate sobre seu papel no enfrentamento da agressão feminina e para a urgência do empoderamento das mulheres.
As informações coletadas durante a campanha são sigilosas e serão encaminhadas às autoridades competentes ou às equipes de apoio necessárias a cada caso. Assim que recebem uma denúncia, as Justiceiras entram em ação por meio de medidas judiciais e junto a instituições parceiras, e por meio de apoio psicológico e médico às vítimas. O canal funciona sete dias por semana, 24 horas por dia.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ocupa a quinta colocação entre as nações com maiores índices de violação de Direitos das Mulheres. E a situação piorou após a pandemia de Covid-19, com a necessidade de isolamento domiciliar para conter a propagação do vírus. Segundo dados compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Datafolha, em 2022, 18,6 milhões de brasileiras sofreram violência física, psicológica ou sexual, o que representa mais de 50 mil casos por dia. De acordo com pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada três mulheres já sofreu alguma violência no Brasil — o número é superior à média global de 27%.