Vivi Duarte, empreendedora social e fundadora do Instituto Plano de Menina , cresceu na periferia de São Paulo, vendo sua mãe e sua avó batalhando para manter o sustento da família. Sempre acompanhando as duas, com o tempo, foi observando como essas mulheres já praticavam diversas práticas de vendas, negociação e empreendedorismo - mesmo que não soubessem que era isso que estavam fazendo. Assim, Vivi Duarte foi transformando essas experiências em técnicas para colocar em prática seus planos, ainda que as oportunidades fossem inacessíveis.
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A partir de suas experiências, Vivi percebeu que havia muito o que fazer no mercado de trabalho para torná-lo mais inclusivo e acessível para meninas como ela foi. Com muita dedicação, começou a hackear o sistema e a ocupar espaços: se formou em jornalismo, assumiu cargos em empresas globais e começou a empreender criando empresas de impacto social.
Além da consultoria pioneira de diversidade Plano Feminino, fundada em 2010, para construir narrativas sem estereótipos na propaganda, em 2016, criou o Instituto Plano de Menina, que visa capacitar meninas da periferia e conectá-las a oportunidades de emprego. “Sei, pela minha experiência, que essas meninas periféricas têm muita dificuldade de realizar seus planos devido aos obstáculos que a desigualdade social impõe, mas têm muito potencial e sonhos. Quando elas têm apoio, crescem e mudam a história da família inteira”, afirma a empreendedora social.
O Plano de Menina realiza workshops com uma metodologia que estimula soft e hard skills, abordando temas como empreendedorismo, carreira, educação financeira, tecnologia, autoestima e muito mais. As jornadas contam com exercícios práticos para que elas desenvolvam visão de futuro e tracem um plano de ação. As aulas são ministradas pela própria Vivi Duarte e também por mentoras voluntárias especialistas do mercado em diversas áreas de conhecimento - ao todo, são mais de 300 voluntárias em todo o Brasil.
O Instituto já tem presença em 10 Estados brasileiros e impactou positivamente a vida de mais de 3 mil meninas em cursos presenciais. “Tenho alguns momentos que foram muito marcantes na jornada com o Instituto. O primeiro, foi quando apresentamos o projeto no ‘Encontro com Fátima’, na Globo. Eu também representei o Plano de Menina no festival ‘Agora é que são elas’, rendendo uma matéria na Mídia Ninja. Em 2018, conhecemos a Malala, participando como um dos 100 projetos que irão mudar a educação brasileira”, conta Amanda Guimarães, 21, que conheceu o Instituto em seu primeiro ano de atuação, no Capão Redondo, e, desde então, já passou por empresas como Louis Vuitton e Loggi.
Com o início da pandemia de Covid-19, em 2020, o Plano de Menina se adaptou para jornadas virtuais e atingiu mais de 2 milhões de meninas. Os resultados continuaram sendo efetivos, com mais de 150 contratadas em empresas globais, como Ambev, The Body Shop, Unilever e outras. Success Temitope Eleyinmi, 23, é nigeriana e foi uma das impactadas pelas jornadas digitais: “Me inscrevi na mentoria para a The Body Shop. Essa jornada tinha como objetivo contratar 30 meninas negras para trabalhar temporariamente nas lojas durante o final do ano de 2021. Eu fiz a mentoria e me chamaram para a entrevista. Eu passei por todo o processo, trabalhei durante o período temporário e depois fui efetivada”.
Após a formação nas jornadas, as meninas continuam na base do Instituto, onde recebem novas oportunidades relacionadas a vagas de emprego, cursos, eventos, mentorias profissionais, etc. Elas também podem se inscrever no Banco de Talentos do Instituto. Na nova plataforma, é possível montar um perfil profissional, realizar as jornadas digitais com certificação e pesquisar por vagas. Do outro lado, as empresas também podem acessar e procurar pelos perfis que atendam aos requisitos de vagas que tenham em aberto, gerando a conexão entre meninas e empresas.
“Por meio do Banco de Talentos do Instituto, fui chamada para o processo seletivo da Unilever e comecei a trabalhar como jovem aprendiz. Depois, em uma mentoria da Ambev, em 2020, fui selecionada para uma vaga de jovem aprendiz e estou na empresa até hoje”, conta Raquel Alves, 20, aluna do projeto na ETEC Profa. Dra. Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara, em Pirituba.
Essas iniciativas contribuem para a missão do Instituto de, cada vez mais, promover a independência financeira e empoderamento das meninas. “Queremos ser uma ponte de conexão mais rápida e justa para as meninas realizarem planos, hackearem o sistema e serem autosuficientes financeiramente”, afirma Vivi Duarte. Esse movimento é fundamental para transformarem não apenas suas próprias vidas, mas também as de suas famílias, construindo uma sociedade menos desigual. A meta é que, até 2030 - alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU -, 10 mil meninas sejam contratadas por intermédio do Plano de Menina.
Transformando meninas em grandes líderes do futuro
Capacitar a atual geração de jovens é um passo para a formação das futuras lideranças. Por isso, o Instituto Plano de Menina realizou a pesquisa “Meninas e o futuro do trabalho”, em parceria com a consultoria Wiz&Watcher. Por meio de uma ferramenta de Big Data proprietária que monitora as mudanças das temáticas da sociedade através de uma tagueamento de mais de 1200 temas, a Wiz&Watcher trouxe insights sobre a relação com o futuro do trabalho.
Dentro deste tema, foi aprofundado o universo feminino, que representa a maior dimensão analisada - 17,25% (mais de 87 mil dados em um mês). Também foram ouvidas jovens, de 18 a 25 anos, que fazem parte do programa Plano de Menina, e uma análise de dados da pesquisa “Carreira dos Sonhos 2022”, realizada pela Cia de Talentos (recorte de jovens entre 20 e 25 anos, classe C, Brasil).