Celebrado neste 19 de novembro, o Dia do Empreendedorismo Feminino é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar e apoiar mulheres empreendedoras globalmente e combater a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Segundo dados do LinkedIn, publicados no Global Gender Gap Report 2022, do Fórum Econômico Mundial, a participação de mulheres no empreendedorismo cresceu em todo mundo e, no Brasil, a porcentagem de empreendedoras subiu 41%, de 2019 a 2020.
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Mesmo estando mais presentes entre os cargos de CEOs, os dados revelam que a representação da liderança feminina no Brasil é de 27%, abaixo da média global de 31%, o que coloca o país na 27ª posição dos países citados no ranking. Empreender no Brasil não é fácil, se você for mulher então acaba sendo mais complexo. No entanto, o ecossistema de inovação tem rompido essas barreiras, trazendo cada vez mais mulheres para o segmento de startups. Hoje, existem mais de 14 mil startups no país, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Dentro desse contexto, listamos alguns exemplos de mulheres empreendedoras que decidiram entrar no mercado de startups, desenvolvendo ou colaborando para impulsionar iniciativas que impactam a sociedade e são inspiração para as novas empreendedoras.
Roberta Vasconcellos, CEO e cofundadora da Woba
Nascida em Belo Horizonte (MG), Roberta é CEO e cofundadora da Woba (antiga BeerOrCoffee), um ecossistema de soluções de trabalho que conecta empresas a uma rede de coworkings que já conta com 1,5 mil espaços em 200 cidades brasileiras e 87 espaços na Cidade do México. A empresária é Global Shaper pelo Fórum Econômico Mundial e ex-aluna da Iniciativa Jovens Líderes das Américas (YLAI). Foi eleita “30 Under 30” pela Forbes Brasil 2015 e finalista do CLAUDIA Awards 2014, o maior prêmio feminino da América Latina. À frente da Woba, Roberta representou a América Latina no Google Demo Day Women’s Edition 2016, participou dos programas de aceleração Startup Chile e Seed, venceu a Startup Games UK TI e foi destaque no Valor’s Annual Partner & CEO Summit 2022, em Nova York (EUA).
Jordana Souza, diretora comercial e cofundadora da VOLL
A catarinense é cofundadora e diretora comercial da VOLL, uma agência de viagens com tecnologia inédita no Brasil para gestão de mobilidade, viagens e despesas corporativas. Ela foi a primeira pessoa da sua família a ter um título de graduação e mãe aos 18 anos. Há uma década atuando no mercado de tecnologia de mobilidade, ela participou do lançamento do módulo corporativo global da Cabify e rejeitou uma grande proposta da empresa para um cargo internacional para apostar no sonho de tornar sua startup um sucesso – e conseguiu (a VOLL faturou R$ 200 milhões no ano passado). Hoje a empresa conta com unidades em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro somando mais de 300 clientes de companhias como Itaú, Vivo e Pepsico. Jordana é uma das mais importantes vozes do universo de gestão de mobilidade corporativa no Brasil, sendo responsável por projetos de implantação da tecnologia de MaaS (mobility as a service) nas maiores corporações do país.
Dany Carvalho, CEO do Órbi Conecta
Mineira de Itabirito (MG), Dany Carvalho é a única mulher negra à frente de um hub de inovação do Brasil. Passou pelo Cubo Itaú, em São Paulo, e voltou para Belo Horizonte para fazer decolar o Órbi Conecta, principal hub de inovação e empreendedorismo digital de Minas Gerais, que foi fundado pela comunidade de startups San Pedro Valley juntamente com as empresas Inter, MRV e Localiza. A trajetória de Dany coincide com a evolução do ecossistema de inovação no país: ela apoiou centenas de empreendedores digitais através de iniciativas como Inventta, Aceleradora Startup Farm, Programa Start-Up Brasil, Microsoft BizSpark, Programa IBM SmartCamp, e ABStartups; e é gerente do Bridge Ecosystem, um joint lab entre a USP, ISA CTEEP e 100 Open Startups para o desenvolvimento de uma nova geração de ferramentas e metodologias para Gestão de Ecossistemas de Inovação.
Paula Mesquita Lage, idealizadora e produtora executiva da Fábrica de Graffiti
Natural de Belo Horizonte, Paula é fundadora da produtora cultural POMME, em 2017, e idealizadora do projeto Fábrica de Graffiti, em 2018, carro-chefe da empresa na qual também atua como produtora executiva. A Fábrica de Graffiti tem o propósito de humanizar distritos industriais por meio da arte urbana e democratizar o acesso à arte. O projeto é responsável pela pintura dos maiores murais de graffiti do interior de Minas Gerais, Bahia e da América Latina, no estado do Rio de Janeiro, já envolveu 200 artistas e seu programa educativo já formou mais de 700 adolescentes e jovens. Paula também é graduada em Engenharia Civil pela PUC-Minas/University of East London, com experiência nas áreas de estratégia e business partner de inovação, e pós-graduada em Marketing e Mídias Digitais pela Fundação Getúlio Vargas.
Ana Arsky, cofundadora e CEO da 4H
Paulistana, Ana se formou em 1995 em arquitetura na Universidade de Brasília, cidade para a qual se mudou ainda criança. Mesmo sendo especialista em Reabilitação Sustentável Urbana e de Edificações na área de Resíduos Sólidos, por muitos anos ela se dedicou ao design de interiores, e teve grande sucesso: participou de seis edições da exposição Casa Cor, suas obras foram destaque na Vogue e ela colecionou prêmios. Em 2019 fundou a 4H, uma cleantech que em 2022 evoluiu para um ecossistema que pretende zerar a destinação de resíduos para aterros sanitários até 2030 no Brasil, ajudando a combater as mudanças climáticas e as desigualdades sociais. Ana é ainda membro da Ellen MacArthur Foundation, que busca acelerar a transição para a economia circular a nível global, e cofundadora do ∞labs, um catalisador de ecossistemas voltados para a economia infinita.
Raissa Florence, cofundadora da Escola Korú
Natural de Aquidauana (MS), Raissa é formada em Relações Internacionais e Economia e pós-graduada em Análise de Dados. Ela foi Sócia e Head Comercial na Remessa Online, Líder de Startup da Cremer, Sócia e Diretora Comercial na Contabilizei, além de forte atuação na área de Gente & Gestão da Ambev para programas de desenvolvimento de liderança. Nos últimos anos, Raissa vem se dedicando ao desenvolvimento de negócios disruptivos e à mentoria de iniciativas pautadas em educação e aceleração de pessoas no eixo da diversidade. Ela é Partner e Commercial Director da StartSe e cofundadora da Korú, uma accesstech fundada em 2022 com o intuito de integrar as minorias sociais em sala de aula e no mercado de trabalho.
Letícia Mendonça, co-founder e CEO da TREVE
“Viver o pior dia e o melhor dia no mesmo dia, todo dia”, essa é a visão do que é empreender para Letícia Mendonça, fundadora da TREVE, uma plataforma para contratação de eventos corporativos. Antes de empreender, Letícia trabalhou com vendas B2B no LinkedIn e startups de tecnologia como Revelo e Mati. Tendo passado quase uma década fora do Brasil como Country Manager da Oxford Business Group, consultoria inglesa para mercados emergentes, Letícia desenvolveu projetos em diversos países e concluiu sua jornada internacional com um MBA no IE, Espanha.
Marcela Butros, fundadora da Zili
Estudou administração de empresas na FAAP e foi durante o curso que fez seu primeiro estágio em moda na marca AMAPÔ, localizada no Bom Retiro. Após a faculdade, fez pós-graduação em Marketing e Negócios de Moda pela faculdade ESMOD em Paris, onde viveu por 1 ano e meio e estagiou em empresas locais, como a marca Surface to Air e Maison Rabih Kayrouz. Na volta a São Paulo, passou por grandes empresas como Grupo InBrands, Luxottica e Grupo Rosset, sempre trabalhando na área comercial, especialmente distribuindo e posicionando produtos made-in-brazil no exterior. Ativista de várias causas, após mais de 10 anos no mercado da moda nacional e internacional, juntando motivação de crescimento, desejo e potencial de mudança, Marcela fundou a Zili: uma mistura de valores, ideais, experiências profissionais, pessoais e paixões.
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Priscila Costa, cofundadora e diretora de operações da Escola Korú
Nascida em Belo Horizonte, Priscila é formada em Administração pela PUC Minas e pós-graduada em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Após 12 anos de experiência no mercado tradicional, com experiência no Brasil e no México, em corporações como Ambev, Banco Mercantil do Brasil, AB InBev e Movida, ela apostou no empreendedorismo e na transformação do mercado de trabalho, sendo cofundadora da Korú, onde atua como diretora de operações. Priscila também é mentora de carreiras e membro do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB).
Mariana Verceze - CEO Fiesta Party Festa
Fornada em Psicologia, mãe e empreendedora. A fundadora da Fiesta Party Festa, Mariana Verceze, sempre foi uma executiva de alta performance. Para ela, o desafio de empreender veio junto com a maternidade, o que tornou o momento mais difícil, mas, também de muito mais muito aprendizado. Com duas filhas e duas empresas digitais nascidas em meio a pandemia, Mariana afirma que a experiência de ser mãe e empreendedora se complementam e não concorrem e foram fundamentais para sua evolução como pessoa e como empreendedora. “Aprendi a ter muito mais inteligência emocional para lidar com desafios que encontrei nos dois papéis. O empreendedorismo me ajudou a ser mais eficiente, assertiva e me ensinou a dizer não, o que é crucial”.
Tainá Rodrigues, sócia e diretora de produto da Escola Korú
Carioca, vegetariana, apaixonada por impacto social, tecnologia e educação. Tainá estudou na Universidade Federal Fluminense, onde experimentou Farmácia para depois se decidir e graduar em Química. Na faculdade, ela desenvolveu grande interesse por pesquisa e inovação, quando fez iniciação científica. Sua vontade de transformar a educação e promover oportunidades de aprendizagem para todas as pessoas, em todos os lugares, a fez migrar das salas de aula para a gestão de produtos educacionais. Assim, Tainá se uniu à Korú como sócia e diretora de produto.
Aleksandra Jarocka, CEO e fundadora da Fertably
A jornada de empreendedorismo da Alessandra começou com o social e na Polônia, onde fundou a primeira ONG do país que atuava com o empoderamento de mulheres com menos de 20 anos, logo após trabalhou também em uma organização de apoio às mulheres refugiadas e imigrantes, o que, segundo ela, foi fundamental para aprender a liderar e escalar uma organização do zero. A empreendedora se mudou para o Brasil e trouxe com ela o desejo de transformar a vida das pessoas. Atuando no mercado de RH, Alessandra decidiu empreender e criar a Fertably, uma das primeiras startups da América Latina que oferece para empresas benefícios como fertilidade e planejamento familiar.
Patrícia Carvalho, CEO da Fórum Hub
Patricia Carvalho dos Santos é co-fundadora da Lawtech Fórum Hub, primeira plataforma automatizada de serviços jurídicos b2c do Brasil. Antes, atuou como diretora de marketing na Bitso e trafegou unicórnios consolidados como CargoX e Twitter e fez parte da equipe de lançamento da Uber no Brasil. Administradora por formação com MBA em Marketing pela FGV é também ganhadora de sete estatuetas de Cannes. Para ela ser empreendedora é ser agente catalisador de resultados colaborando para gerar impacto positivo na sociedade e exercer o poder da criatividade todos os dias, para conseguir resolver problemas e ver que a solução criada muda para a melhor a vida de dezenas de pessoas, todos os dias. A especialista ressalta que não existe nada que uma mulher empreendedora não possa fazer e vê com otimismo o ano de 2023. “Espero que seja um ano de mais apoio ao empreendedorismo feminino, a jornada é mais difícil para nós, e sem aliados, vai demorar muito para conseguirmos mudar o cenário da diversidade nas startups”.
Barbara Arranz, fundadora da Hemp Vegan
Para a biomédica e empreendedora do segmento canábico Barbara Arranz, empreender está na singularidade do amor! A especialista diz que sempre quis empreender para conseguir estar mais junto dos filhos sem deixar o trabalho de lado. Em um mercado tão desafiador como o da cannabis medicinal, Barbara precisou ser resiliente e paciente, para lidar com os obstáculos e os concorrentes do mercado e ressalta que para as mulheres empreender é sempre mais difícil. “A empreendedora vista como alguém que pode ser atacada. O tempo todo temos que provar que o trabalho é bom, que nossa ideia é eficaz, que sabemos o que estamos fazendo. A vida da mulher que empreende é um teste o tempo inteiro”. Barbara pontua que não importa o que acontece com a empreendedora, o que importa é o que ela faz com o que acontece com ela. “Aprendi que momentos de dificuldade não duram para sempre, não desista do seu sonho, persevere, faça, refaça, comece de novo, mas não desista”, finaliza.
Beatriz Ambrósio – CEO da Mention
Aos 27 anos, relações públicas com mestrado em Comunicação Organizacional, Beatriz Ambrósio iniciou sua jornada como empreendedora e fundou a Mention, a primeira startup de Relações Públicas e Comunicação da América Latina. A especialista acredita que é possível transformar a realidade tanto de pessoas, como de empresas, por meio do empreendedorismo e que os desafios, por mais que sejam constantes, colaboram para o desenvolvimento de cada indivíduo e reforçam o papel de cada um para a construção de uma sociedade mais diversa e plural. “Não é fácil empreender, mas, ninguém disse que seria e por isso, é necessário persistir, tentar de novo, começar de novo. Não existe uma fórmula do sucesso, o que existe é o esforço e a vontade de alcançar o que é sucesso para você”, finaliza.