Danielle Di Donato já foi premiada no festival de Cannes pela série “Sheila de Charme”
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Danielle Di Donato já foi premiada no festival de Cannes pela série “Sheila de Charme”

A atriz e roteirista Dani Di Donato está concorrendo ao prêmio de “Melhor Elenco de Drama” e “Melhor Roteiro de Drama”, no Festival Brasileiro Internacional, Rio Webfest, pela websérie “A Dois”. Essa não é a primeira indicação a premiações da artista. A série produzida e roteirizada por Dani, em 2018, chamada “Sheila de Charme”, recebeu diversas indicações no Festival Internacional do Rio de Janeiro e foi premiada no festival de Cannes. 

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Nesta entrevista, Donato fala sobre a sua nova série “A Dois”, explicando o seu desejo por representar as mulheres de forma plural. Além disso, também fala sobre a indústria do audiovisual e a importância da internet para possibilitar visibilidade para pessoas deixadas à margem pela indústria. 


IG Delas: Você pode falar um pouco da série A dois? Por que você decidiu escrever esse tema? 

Dani Di Donato: A série“ A Dois” é uma produção bem livre e descomprometida. Ela foi uma de muitas experimentações que eu aproveitei para colocar as minhas ideias, sem pensar muito na minutagem ou em anunciantes. Foi por isso, até mesmo, que escolhemos publicar na internet, por ser um espaço muito mais livre.  Ela tem o foco muito diferente de todas as outras coisas que nós já tínhamos feito. 

IG Delas: Você já foi indicada a prêmios por melhor roteiro em comédia e agora em um drama. É difícil transitar diferentes gêneros? Você gosta de ter uma versatilidade?

Dani Di Donato: Eu sempre trabalhei muito mais com comédia e o drama está sendo algo novo e um desafio. Mas acho que escrever, para mim, é algo que reflete muito o meu estado de espírito e o que eu estou vivendo naquele momento. Nessa nova serie existe uma mistura de drama e comédia, ao longo dos episódios. Nós queríamos ousar mais e colocar a mulher em diferentes posições, especialmente em lugares em que as mulheres não costumam ser retratadas nas obras.  

IG Delas: Em outras das suas produções você também traz o protagonismo feminino, na série “A Dois”, como você quis retratar as mulheres nessa produção? 

Dani Di Donato: Uma das questões que eu queria trazer nessa série é dar voz às mulheres, principalmente as do audiovisual, que passaram anos sendo deixadas de lado pela indústria. Eu quero mostrar como as mulheres podem ocupar diferentes posições, algumas delas positivas, como mulheres que ocupando espaços tradicionalmente masculinos e outras até mesmo negativas, como mulheres que também se comportam de maneira opressora e abusiva. 

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IG Delas: Em outra entrevista concedida ao IG Delas, você falou como a profissão de roteirista é uma área predominantemente masculina. Como você se sente tendo o seu trabalho reconhecido? 

Dani Di Donato: Eu me sinto muito feliz, principalmente quando me chamam para falar de assuntos que são geralmente abordados pela voz masculina. Eu vejo como as coisas mudam muito ao longo dos anos, ter esse reconhecimento e poder ver um aumento de profissionais e de um público feminino. Eu consigo perceber até mesmo um olhar do mercado mais consciente, que está se preocupando em ter mais mulheres e valorizar o talento feminino. 

IG Delas: A série “A Dois” é uma websérie, você acredita que a internet possibilitou dar voz às pessoas que antes eram ignoradas pelo mercado? 

Dani Di Donato: Com certeza! Eu acompanho o festival Rio Webfest há alguns anos e ele dá muita voz a pessoas que ainda não tem um mercado muito bem estabelecido. Apesar de as webséries terem públicos muito nichados, eu tenho visto, de alguns anos para cá, como a internet se tornou um espaço livre para a experimentação e para públicos que não possuem muita visibilidade. Acredito que nós mulheres ainda temos um longo caminho, especialmente as mulheres que fogem do padrão branco, cisgênero e hétero, mas estamos conseguindo abrir espaço para a diversidade e para que diferentes pessoas se sintam representadas.

IG Delas: Ainda nos dias de hoje, o audiovisual brasileiro sofre preconceito por parte do público. Essa resistência com produções nacionais contribuem para esse apagamento feminino na indústria?

Dani Di Donato: Acredito que o audiovisual brasileiro sofre há muitos anos com interrupções, quando estamos começando a desenvolver a nossa identidade, algo acontece e voltamos a tentar a reproduzir modelos dos exterior. Entretanto, com a chegada dos streaming, eu vejo uma retomada na tentativa do Brasil tentar encontrar a sua própria maneira de contar histórias. Um exemplo é a série “Bom dia Verônica”, que tem uma protagonista feminina. Penso que o audiovisual brasileiro ainda está em uma fase muito “adolescente”, sem ter encontrado ainda a sua maturidade. Mas quando se trata de questões de diversidade de gênero, as nossas produções estão caminhando junto com as internacionais”. 

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