O principal procedimento terapêutico para o câncer de mama é a cirurgia, cuja indicação deve ser rápida e precisa a fim de se extirpar o tumor. “Uma má indicação cirúrgica ou atrasar o tratamento podem mudar acentuadamente o prognóstico dos pacientes”, afirma o médico mastologista Wandemberg Barbosa, referência no Brasil em cirurgia plástica e oncológica.
Segundo Barbosa, após o diagnóstico do câncer e antes da cirurgia, porém, a União Internacional Contra o Câncer (UICC) estabeleceu a necessidade do estadiamento do paciente, ou seja, a classificação deste paciente em grupos de tratamento de acordo com o estágio da doença. “Basicamente os médicos se apoiam em três parâmetros para fazer o estadiamento cirúrgico do paciente, chamado estadiamento clínico. São eles: tamanho do tumor, presença de nódulos e presença de metástases. A partir dos resultados, determinada cirurgia é indicada”, explica.
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A quadrantectomia ou retirada do quadrante mamário (parcial) é a cirurgia reservada para os casos de mamas de médio ou grande porte, em que o tumor mede até dois centímetros e na biopsia de congelação, exame que dirime dúvidas diagnósticas, foi detectada margem de segurança, ou seja, que há tecido livre de tumor para se conservar a mama. “Trata-se de uma cirurgia muito boa para se aproximar da estética nos tumores de quadrante externo, e de difícil execução nos tumores do quadrante interno, em que envolvem o 'colo mamário'. Após se efetuar a quadrantectomia, na maioria dos casos, se faz, nessa mesma mama, Radioterapia complementar para se prevenir as Recidivas Locais, que são à volta do tumor próximo à cirurgia”, comenta o especialista.
Cada vez menos frequente devido a aumento de diagnósticos precoces, a mastectomia ainda se faz necessária em alguns casos para evitar a progressão da doença. Neste tipo de cirurgia, de acordo com Barbosa, retira-se totalmente a mama, os nódulos e os músculo peitorais. “É a mais mutilante das cirurgias e gera um aspecto estético bastante desfavorável. Foi caindo em desuso a partir dos anos 1980 e hoje é pouco indicada”, relata o médico.
Recomendada para quando o tumor não está muito próximo da pele que reveste a mama, a mastectomia subcutânea é bastante realizada atualmente, podendo ou não, de acordo com o caso, estar associada a uma linfadenectomia axilar (retirada de linfonodos da axila). Conforme Barbosa, a vantagem desse tipo de cirurgia é a de preservar todo o “bojo” da pele que envolve a mama, o que permite sua reconstrução imediata.
Outro tipo de cirurgia é a da mama oposta. Segundo o médico, este tipo de intervenção é recomendada para um pequeno número de casos, no qual há metástases na mama oposta (carcinomas lobulares também chamados de metástases em espelho) ou quando é necessária a redução da mama oposta para ficar em simetria com aquela que passou pela cirurgia em decorrência do câncer.
Depois da cirurgia, dependendo do caso, há a necessidade de que o paciente passe por tratamentos complementares. Os dois principais são: quimioterapia e radioterapia. Barbosa explica que a quimioterapia é geralmente indicada para quem apresenta gânglios contaminados por células tumorais, quando o grau nuclear do tumor é agressivo ou os dois. “Pode ser usada também em caráter pré-operatório, para reduzir tumor localmente avançado”, diz o médico. Entre seus piores efeitos colaterais estão o vômito e a queda de cabelo.
Por ser iminentemente um tratamento localizado do tumor, a radioterapia é, segundo Barbosa, um método comprovadamente eficaz como complemento da cirurgia. “Quando utilizada após a retirada parcial da mama diminui de maneira significativa o índice de volta do tumor na mama residual, que passa de 30% para menos de 1%”, afirma. Este procedimento tem como seu maior inconveniente o fato de alterar o tecido irradiado, produzindo modificações que tornam mais complicada a reconstrução da região.
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No caso de o tumor sair do lugar de origem e migrar para ossos, fígado, pulmões e cérebro, a equipe médica tem ao seus dispor para tratamento a quimioterapia, radioterapia e a cirurgia, mas a estratégia será variada para cada situação. Conforme o médico, o prognóstico de recuperação do paciente nestas situações dependerá da agressividade do tumor e sua resposta ao tratamento instituído. “Hoje se consegue, mesmo nos casos avançados, um índice de resposta em torno de 35%, graças, principalmente, a ação de novos quimioterápicos”, ressalta.