Mulheres com câncer de mama têm até 25% de chances de desenvolverem depressão, segundo um estudo do Observatório de Oncologia. A doença tem mais de 60 mil novos casos no país ao ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Milene Rosenthal, co-fundadora da Telavita, clínica digital de saúde mental, aponta que o acompanhamento psicológico pode ter um papel importante no tratamento.
“Quadros depressivos podem dificultar a adaptação da paciente às rotinas de tratamento ou até mesmo, em casos mais severos, levá-las a abandonar esse tratamento. O acompanhamento profissional ajuda nesse aspecto e também traz alívio e orientação para lidar com a situação. Em alguns casos, a mulher pode precisar de ajuda até mesmo para explicar a doença aos familiares”, comenta a especialista.
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Rosenthal explica que os psicólogos inserem a resiliência como estratégia durante o acompanhamento terapêutico, trabalhando essa habilidade com o paciente e com a família, um recurso valioso no enfrentamento da patologia. “Sabemos o quanto é difícil lidar com o câncer de mama, mas há uma relação positiva entre resiliência e qualidade de vida das pacientes e ela pode trazer benefícios concretos para o tratamento”, aponta.
Além da dificuldade em lidar com a doença em si, outro aspecto que acaba mexendo com o psicológico das mulheres diagnosticadas é o impacto na autoestima. Dependendo do tratamento, a quimioterapia é necessária, causando queda de cabelo, e casos mais graves culminam na mastectomia, cirurgia para retirada das mamas. “Esses são grandes medos das mulheres. A questão estética, por mais que não ocupe um lugar prioritário na vida de uma mulher, está ligada à autoestima e pode causar danos psicológicos”, ressalta a psicóloga.
A terapeuta frisa que não se deve deixar de lado a gravidade do diagnóstico, mas é importante trabalhar a mente para seguir em frente da melhor forma possível. “Um emocional forte pode contribuir para o tratamento e para a recuperação da paciente. Manter a rotina, respeitando as limitações, praticar atividades físicas e beneficiar-se do convívio com a família são outros complementos importantes”, finaliza.
O diagnóstico positivo para câncer de mama carrega uma série de repercussões no aspecto psicológico da mulher. De início pode haver, inclusive, negação, o que segundo especialistas, é um mecanismo de defesa do cérebro para processar notícias negativas. O momento delicado pode servir de gatilho para o surgimento e desenvolvimento de sofrimentos psíquicos, como a ansiedade e a depressão.
“As perdas são muitas, desde as questões que permeiam o medo de morrer, até as questões estéticas, como a eventual queda de cabelo decorrente da quimioterapia, passando pelo aspecto pós cirúrgico das mamas. Os seios são uma região extremamente erotizada no imaginário comum. A consequente perda de sua aparência dita ‘normal’ pode desencadear um golpe na autoestima da mulher em tratamento contra o câncer de mama”, explica a psicóloga Maria Rafart.
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A especialista ressalta que a mama pode ter um significado muito importante na formação da própria identidade de uma mulher. “Pacientes nesta condição podem expressar sentimentos negativos, como raiva, medo e muita preocupação. O apoio dos familiares e amigos, e o correto entendimento do contexto por parte deles, pode ser muito benéfico. Tecer uma verdadeira rede de proteção e auxílio, além de terapia, podem ser excelentes coadjuvantes para superar com êxito as agruras de um momento tão difícil”, orienta Maria Rafart.