“Era xingada por ter ficado com alguém comprometido”, lembra Tessália do BBB10
Hoje com 33 anos, ela saiu da edição do programa como a vilã do reality show por conta do machismo da época e agora fala sobre sua superação do trauma
Tessália Serighelli entrou no "BBB10" aos 22 anos, com esperança que o programa mudasse sua vida. Uma das primeiras influencers que entraram na casa, ela era a mulher mais seguida do Twitter no Brasil e foi assim que recebeu o convite para participar da edição. O que não esperava era ficar taxada como a vilã do programa.
“Você vê que minha edição foi muito louca porque eu era a vilã de uma edição que o Marcelo Dourado ganhou. Às vezes, eu acho que dá um surto coletivo nos brasileiros e coisas assim acontecem. Em uma edição com tanta diversidade, um conservadorismo hipócrita elegeu o vencedor”, opina ela sobre o ex-brother que tinha discursos considerados machistas e homofóbicos na casa.
Os motivos para que a influenciadora fosse tão odiada por algumas pessoas foi por conta de seu envolvimento com Michel Turtchin dentro da casa. Para ela, era apenas um garoto que queria ficar com ela e a vontade era recíproca. Na época, ele tinha uma noiva fora da casa mais vigiada do Brasil, informação que o rapaz não havia revelado.
Por ter se envolvido com "a pessoa errada", a influenciadora foi execrada pelo público e chamada de "destruidora de lares". Como se não bastasse, Tessália ouviu ofensas nas ruas como “a menina que fez sexo oral”, por causa de alguns sons que foram captados pelos microfones enquanto ela e Michel se beijavam embaixo do edredom.
“Eu não fiz nada de sexual e sempre falo isso. Se tivesse feito, não teria problema nenhum de falar. As pessoas acreditavam que eu tinha feito muita coisa que não era verdade. Decidiram me julgar por uma coisa que eu não tinha feito, então para mim foi assim: ’Vocês estão me julgando por uma coisa que eu não fiz, então não é a mim que vocês estão julgando'. Se fosse algo que eu realmente tivesse feito, eu ficaria chateada, mas não aconteceu”, declara.
Machismo
A ex-sister acredita que, se tivesse participado hoje do reality show, as coisas seriam diferentes, principalmente porque o feminismo é mais forte e a sororidade mais falada.
“Eu fui tirada do programa com uma rejeição muito maior que o Michel que ficou mais dias na casa e foi ele que traiu a namorada. Claro que eu tinha outras características que hoje são muito valorizadas dentro do jogo, mas na época não eram: a de querer jogar, de ser uma mulher que falava abertamente sobre estar jogando em 2010, quando o Brasil ainda gostava de colocar as mulheres como as certinhas e perfeitas.”
Ela ainda lembra que quando Michel saiu, os dois ficaram algum tempo juntos, mas eram recebidos de maneira diferente pelo público. “Ele tinha fãs, sabe? E as pessoas chegavam nele e me xingavam, é meio triste. Foi uma coisa que eu aprendi a lidar e acabou me deixando mais forte. Me ensinou a lidar com as dificuldades e injustiças. Hoje em dia nada me abala depois de tudo o que eu passei”, lamenta.
Na atual edição do BBB o termo "cancelamento" é um dos mais comentados e a influencer lembra que foi cancelada antes mesmo dessa ideia ganhar um nome. Ela foi eliminada após três semanas de confinamento, com 78% dos votos, número que é considerado elevado até hoje.
“Foi triste. Eu saí de vilã e fui cancelada. O que dá para fazer? Eu meio que tentei seguir em frente”, comenta. “Para mim, na verdade, foi engraçado porque existiu uma dissociação da história que eu estava vivendo e a história que estavam contando aqui fora”.
Apesar do momento difícil, ela considera que o reality show foi bom, por ter consigo várias oportunidades após o programa. “Eu tinha fãs também, recebi muito carinho das pessoas quando eu saí e tive oportunidade de ficar anos tocando como DJ, até 2018. Conheci outros lugares e pessoas interessantes. O público esquece rápido tudo aquilo. Os primeiros seis meses foram os mais difíceis, mas depois foi mais tranquilo.”
Ela encerra dizendo que acompanhou o BBB20 e seu brother preferido desta edição é o Gilberto, mas também gosta de Juliette. De todo modo, o jogo ainda está no começo e tem muito chão para caminhar.
“Eu vejo as meninas são mais jogadoras e eu fico feliz que elas tenham mais oportunidades, mais torcida e não são totalmente julgadas do ponto de vista machista. Tem muitas mulheres apoiando e eu espero que a minha jornada tenha contribuído um pouco para que as elas possam se sentir seguras de poder falar e nada de ruim aconteça com elas depois. Claro que é um jogo, tem gente que vai gostar e não vai, mas acabou, acabou. Bola para frente.”