Estar com a depilação em dia parece quase que uma regra social para as mulheres. O padrão tende a considerar pelos como como algo feio e sinônimo de falta de cuidado, por isso muitas vezes eles foram motivos de risadas e comentários maldosos quando deixados à mostra.


No livro O Mito da Beleza (Naomi Wolf), a escritora discute como esse “mito da beleza” funciona contra os corpos e a mente do público feminino. É exigido que as mulheres se submetam a algumas coisas, como fazer dietas restritivas, fazendo procedimentos estéticos muitas vezes arriscados e também se depilando, tudo isso para serem aceitas pela sociedade e serem consideradas bonitas para os homens. 

A estudante de jornalismo Giovana Ventura, 22 anos, conta que sempre se depilou, que quando os primeiros pelos começaram a crescer durante a puberdade, ela já ganhou uma aparelho de barbear para tirá-los.

“Eu lembro de ir perguntar pra minha mãe o que estava acontecendo quando eu vi os pelos crescendo, até porque ela sempre se depilou e eu nunca a vi com pelos. Quando eu vi os meus crescendo pensei ‘O que é isso tá fazendo aí???’”, brinca a estudante. 

Giovanna conta que fazia anos que conversava com as amigas sobre parar de se depilar. Ela diz que notou que o discurso utilizado pra falar que se depilar era importante. Diziam que era falta de higiene não fazer, quando na verdade era uma pressão social. Por isso ela nunca teve coragem de parar. 

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“Daí agora na pandemia foi super natural, um dia percebi que não tava depilada há meses e nem tinha sentido a diferença. Me senti libertada demais”, conta ela em entrevista ao Delas. 

Tirar ou não tirar? 

Giovanna Ventura, Helena Inaoka é Paula Favero pararam de se depilar durante a quarenta
Reprodução/Instagram
Giovanna Ventura, Helena Inaoka é Paula Favero pararam de se depilar durante a quarenta


A publicitária Helena Inaoka, 24 anos, teve uma experiência parecida com Giovanna, e que costumava se depilar com cera quente de 15 em 15 dias, desde os 13 anos. Por conta de todos os estabelecimento fechados durante os últimos meses, ela que já pensava em parar de se depilar fazia um tempo, decidiu que aquele era o momento perfeito. 

“Minha relação com os pelos era só de obrigação com a depilação, eu tinha que fazer aquilo e pronto. Quando começava a crescer eu já ficava bitolada, achando feio e nojento. Agora eu vejo com total naturalidade, é algo do meu corpo que vai sempre existir e não tem porque eu ‘lutar com isso, sofrer com toda a dor, gasto e chatice de depilação”, acrescenta. 

A publicitária conta que saiu de casa pela primeira vez de regata na rua depois que parou de se depilar e que se sentiu super livre, sem medo dos olhares que algumas pessoas poderiam ter na rua. 

A operadora de telemarketing Paula Fávero, 22 anos, ainda tem medo desses olhares. Ela decidiu que iria parar de se depilar durante esse período por conta de estar trabalhando home office e também por conta da preguiça de se  depilar. 

“Como sou uma pessoa ‘peluda’ sentia muita vergonha, odiava que não tinha nascido com penugem fraca, então qualquer sinal que o pelo estava crescendo eu já depilava com gilete. Agora com essa mudança, estou começando a aprender a olhar com mais carinho para todas as características do meu corpo, inclusive os pelos”. 

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