Lais Lima, de 26 anos, que é enfermeira, atriz, modelo, miss e atual Rainha do Carnaval de Belo Horizonte, se reuniu na última quinta-feira (3) com investigador da Delegacia Especializada de Repressão ao Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas (DECRIN), para levar provas das agressões que sofreu, no final de agosto, por meio das redes sociais.
No episódio, Lais recebeu uma mensagem de um homem que dizia ter se sentido atraído pelas fotos dela nas redes sociais. Como o contato não se identificou, ela o bloqueou. Insistente, ele voltou a mandar mensagem de outro número. Após mais uma negativa, o homem, que seguiu sem se identificar, a ofendeu. "Você é uma macaca, arrogante, idiota. Olha pra você, no máximo o que você serve é pra poder saciar o fetiche de alguém", dizia o áudio do acusado.
Ao iG Delas, a modelo revelou que o racismo, infelizmente, é algo corriqueiro em sua carreira. Ela diz, inclusive, que já perdeu alguns trabalhos por causa disso. "Quando precisam de um modelo ou uma atriz, tem que vir especificando que aquela pessoa tem que ser negra. Se não tiver o 'negra' na descrição, eles não chamam uma pessoa negra. Não pensam em uma pessoa negra. A não ser que seja um papel como escrava, ou estes tipos, né?".
Você viu?
"Se dependesse só de mim, eu não teria feito a denúncia, porque é algo que me machuca muito", admite a modelo, que se sentiu muito ferida ao ouvir que servia apenas como um fetiche.
Sobre a reunião que teve com o investigador, Lais diz que entregou as provas, assinou o início do requerimento e que agora vai prestar depoimento a uma delegada. "Vou contar a ela tudo o que aconteceu, porque não contei a história toda, não deixei a público, vou falar apenas para ela", contou.
Na última terça-feira (1), Lais esteve na DECRIN para fazer o Boletim de Ocorrência. Segundo sua assessoria, a Polícia Civil disse que o inquérito foi instaurado e outros detalhes serão divulgados “em momento oportuno”.