“O B de LGBTQ+ não é de biscoito, mas se quiser me dar eu aceito”, Babu Carreira é uma influenciadora e comediante de standup que aborda temas como gordofobia e bissexualidade de maneira leve e divertida. Em seu show de standup, que tem feito sucesso em vídeo na internet, ela brinca sobre como é ser bissexual. “Dizem que bissexual é tudo promiscuo, mas isso não é verdade, a gente não fica com gente feia... em público”, brinca Babu.
A comediante de 31 anos conta em entrevista aos Delas que começou se apresentado nos palcos do Rio de Janeiro, no final de 2016. Mas, após fazer alguns shows por lá, decidiu que estava na hora de expandir os horizontes e se mudar para São Paulo. A chegada à capital paulista não foi fácil, como a própria Babu conta.
“Existe um reflexo do machismo no standup. Muitos comediantes querem ajudar, mas o machismo enraizado não deixa. Alguma coisa acaba bloqueando eles”, conta. Além de ter lidar com algumas pessoas que duvidam do seu tipo de humor, ela tinha que se provar constantemente.
“Rolava um estranhamento de mulher gorda que não fazia piadas pejorativas, eu falava sim sobre ser gorda, mas não da maneira esperada, eu tive que me provar constantemente”, comentou Babu.
Agora, diversas mulheres estão ganhando destaque no standup brasileiro, uma área predominantemente masculina. Mas, Babu comenta que sentia falta de ver mulheres como ela fazendo comédia.
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“Ser uma mulher bissexual e gorda é tão único dentro do standup que não tinha ninguém para preencher esse papel, na hora que eu assumi essa bronca, muitas pessoas queriam saber o que eu queria dizer”, acrescenta a carioca.
Uma voz para ser ouvida
Babu fez seu espaço nas casas de comédia paulistas, cada vez ganhando mais destaque e, além disso, percebendo que as pessoas queriam ouvir mais sobre suas histórias e experiências. Então ela começou a levar seu conteúdo para o Instagram também. “A gente tem que lutar pra nunca ser esquecida”, diz.
Vendo que tinha um local de fala importante por ser uma mulher gorda e bissexual, Babu decidiu usar esse "poder" para o bem e afirma que seu trabalho com a comédia é quebrar estereótipos.
“Enquanto eu achava que a palavra gorda queria dizer muito mais do que ela quer dizer, eu me incomodava muito e me dava medo de ser considerada gorda, pois existiam estereótipos nessa palavra. Está tudo bem ser gorda, não significa que eu não sou atraente e não corro atrás do que eu quero”, concluiu Babu Carreira.
A comendiante confirma que muitas pessoas já chegam com um pré-julgamento do que é ser gorda ou até mesmo bissexual e que geralmente elas estão bem erradas sobre isso. Até por isso, diz Babu, ela fala abertamente sobre todos os assuntos, sem tabus.
Experiências importantes
Em suas redes sociais, Babu adora compartilhar o seu dia-a-dia e experiências que viveu com seus seguidores. Durante o período que não pode fazer shows e estão todos em casa, ela teve a ideia de fazer um quadro em seu Instagram chamado “Na Live com o Ex”, uma brincadeira com o reality Show “De Férias com o Ex”.
“A Live com o Ex surgiu com eu ligando um ponto com o outro, estava entediada, então decidi chamar meus exs para passarem vergonha comigo. Eu sou bem resolvida com meus términos, então, não tinha problema com a ideia, a maioria topou”, brinca a carioca.
Brincadeiras a parte, Babu conta que a ideia é contar as experiências que passou para que as mulheres nunca passem pelo o mesmo.
“É importante falar o que eu passei, não que minha história seja a mais interessante, mas como eu passo a imagem de empoderamento muito forte, é bom conhecerem parte de como foi meu processo, verem que eu já tive em um relacionamento abusivo, que eu já fui feita de trouxa, que eu já tive minha bissexualidade usada a favor do outro, por exemplo”, acrescenta.
Apesar de receber muitos comentários positivos de pessoas agradecendo seu trabalho, ela conta que recebe comentários julgando seu corpo e que está trabalhando para não se deixar afetar tanto.
“Vão ter dias que eu vou me achar uma merda, tenho que lidar com muitas pessoas falando que meu corpo não é adequado, mas isso é uma questão que elas tem com meu corpo, não eu”, diz Babu. E ela encerra dizendo: “Não tenho que ser julgada pelo meu corpo, ele não define quem eu sou”.