Pessoas seguindo as regras de distanciamento social no transporte público
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Pessoas seguindo as regras de distanciamento social no transporte público

A pandemia do novo coronavírus (Sars-coV-2) está exigindo mudanças comportamentais no mundo todo . Levando em relação as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), as regras de convívio social que conhecemos podem não ser mais aceitáveis. Muito pelo contrário, podem causar desconforto dependendo da situação.  

Após pouco mais de quatro meses sob regime de  quarentena , muitos estados e municípios começaram a retomar as atividades no Brasil. A reabertura faz com que aglomerações e filas fiquem cada vez mais difíceis de evitar. Sabendo disso, o Portal iG conversou com alguns especialistas em etiqueta para sanar dúvidas como: afinal, é rude pedir para que pessoas se afastem?

Para Fabi Calvo , especializada em etiqueta social e empresarial, independente da situação, a ideia é que a pessoa incomodada se desloque. “Primeiramente tente você se afastar, mas se não tiver como, você pode sim lembrar a pessoa, de forma educada e cortês, do distanciamento necessário”, explica ela.

Renata Costa , especialista em moda e etiqueta, também vê a situação com os mesmos olhos. “Não [é rude], desde que seja feito com educação, gentileza e respeito ao próximo. Não se trata de algo pessoal, mas do bem comum.”

Apesar de cordial, nem sempre o deslocamento é possível. Em filas de mercados, farmácias e bancos, por exemplo, é necessário manter-se parado e algumas pessoas podem acabar não respeitando o distanciamento. 

Sobre essa situação, Fabi não pestaneja. “Sempre que possível se afaste e a pessoa irá perceber. Se não puder, como no caso das  filas, peça por favor se a pessoa pode dar um passo uma vez que todos temos que respeitar a distância recomendada”, afirma ela, que completa: “E [diga] que é para a segurança e bem-estar de todos”. 

Para Renata, uma saia justa como essa pode ser resolvida com um pedido educado.  “Se temos uma regra, e temos que aprender a conviver com ela, com educação nada impede que você peça que as pessoas se afastem de você.”

Mesmo soando simples, pedir à uma pessoa para ficar distante pode ser arriscado, afinal, nunca se sabe o que isso irá desencadear. Em caso de uma reação negativa ou agressiva por parte da pessoa que está próxima demais, a dupla de especialistas aconselha:

“Mantenha-se quieto (a) e não fique batendo boca. Caso a pessoa insista em não respeitar as regras, você sai ou pede ajuda a alguém responsável pela organização [do estabelecimento]”, diz Fabi, que é corroborada por Renata. “Educação e respeito é a base para convivermos bem em sociedade, [caso] o outro não coopere, o melhor a se fazer é se afastar, pois assim pelo menos estará fazendo a sua parte.”

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E na hora do ônibus?

Em São Paulo a  regra é que ônibus podem viajar com lotação de pessoas, desde todas estejam sentadas. Já no Rio de Janeiro, a prefeitura determinou que o transporte público não pode ter mais de dois passageiros por metro quadrado. Em ambas cidades o uso da máscara por usuários é obrigatório.

Todavia, se no ponto de ônibus alguém manter-se próximo e se afastar não resolver, você pode alertá-la sobre o risco, diz Fabi. “Pode sim! Estamos em meio à uma crise sanitária, onde as indicações de uso de máscara e distanciamento são fundamentais. Mas sempre opte por você se afastar. Nada mais elegante que respeitar as orientações, se protegendo e protegendo os outros! Empatia é a palavra de ordem.”

Dentro do transporte

Dentro do ônibus, do trem ou do metrô, apesar de não ser obrigatório que as pessoas se acomodem de maneira intercalada, o medo de sentir-se em risco pode existir em alguns. As opiniões das especialistas divergem neste ponto.

“Você pode [perguntar] sendo rude ou não. Tudo é uma questão de jeito”, explica Fabi, que exemplifica: “‘Senhor (a) você tem algum problema de mudar de lugar uma vez que estamos em um momento de pandemia e a recomendação é de distanciamento?’. Caso a pessoa insista em ficar, levante você”, aconselha ela.

Em contraste, Renata considera deselegante. “Creio que sim, ainda mais se o meio de transporte estiver lotado, estando vazio, entendo ser o mais elegante a pessoa (incomodada) trocar de lugar.”

Além disso, a especialista recobra que o transporte é um problema sanitário longevo no País. “A questão do transporte público é um problema que temos enfrentado ao longo de décadas, incluindo em outras epidemias como gripes, H1N1, dentre outras doenças de fácil contágio, o problema da superlotação impede o distanciamento.” 

Novo normal, nova etiqueta

Muito se fala sobre o “novo normal” e como todos serão afetados. Questionadas sobre como a pandemia mudou a etiqueta moderna a dupla reflete.

“A indicação de distância sempre existiu, mas muitas pessoas não davam muito importância para isso. Lavar as mãos frequentemente sempre foi indicado, mas muitas vezes não respeitavam. Limpar as compras antes de guardar, etc. Acredito que ascendeu a empatia. Estamos mais preocupados com o próximo e o bem-estar deles”, analisa Fabi Calvo.

“Na minha opinião não houveram mudanças. Etiqueta é um conjunto de normas de conduta e protocolos. Nessa linha entendo que se existem regras claras que o contato físico deva ser evitado [devido à Covid-19 ], respeitar estas regras é ser elegante”, finaliza Renata Costa.

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