O canal ‘Bel para Meninas’, protagonizado pela adolescente de 13 anos, Isabel, e sua mãe Fran, tem mais de 7 milhões de seguidores no Youtube e nesta terça-feira (19) explodiu nas redes sociais por motivos controversos.
Uma thread movimentou o Twitter após o usuário @canceladxxo dizer que a mãe da youtuber estava constrangendo a adolescente. O assunto tomou as redes sociais e reabriu alguns debates, como a exploração das crianças e até por que um conteúdo como esse faz sucesso na web.
Para começar, a psicanalista Gabriela Malzyner faz um alerta sobre acusações feitas pela internet. “De fato tem alguma coisa estranha acontecendo, mas não dá para saber o que é sem ouvir mais, sem conhecer aprofundadamente a dinâmica familiar. Vale perguntar para de fato chegar a uma conclusão se isso se trata de um abuso parental . Mas são vídeos de muito mal gosto, se o alvo de chacota é a criança é inadmissível”.
“É um riso que ri dá menina e não com a menina. Esse é um norteador quando falamos de bullying, uma coisa é rir junto e a outra é rir de. A mãe parece estar rindo da menina, não é uma brincadeira compartilhada e não parece estar tendo muito prazer na cena”, fala Gabriela.
Você viu?
Além da questão do relacionamento familiar, internautas também questionaram a exposição de Isabel. Desde os seis anos a pequena é acompanhada por seguidores na internet, e essa superexposição pode ser prejudicial.
“A exposição e a fama exigem maturidade, porque você precisa dar conta de tudo, das críticas dos apedrejamentos, não tem só glamour no mundo dos famosos e muitas vezes eles [crianças] não estão emocionalmente preparados para as críticas. Esses casos no Youtube, por exemplo, você tem uma pressão da mídia e dos próprios pais, porque eles ganham dinheiro com isso e, às vezes, as crianças são o sustento da família”, analisa a Deborah Moss, neuropsicóloga mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP).
“A família é um lugar onde você deve ser protegida, não deveria ser exposta e vemos as famílias ganhando dinheiro em cima das crianças e, por isso, elas acabam sendo youtubers. Lógico que tem um desejo infantil, mas que é concomitante a ganhar dinheiro e vender brinquedos e etc que expõe as crianças à falta de privacidade, de identidade, de lugar intimo e público”, completa Gabriela.
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Segundo a neuropsicóloga, apesar da atitude dos pais em abrir o espaço familiar, o desejo do público em acompanhar a vida de uma criança é questionável. “Que movimento é esse dos jovens e adultos que seguem esses perfis? O interesse por esse tipo de conteúdo parece um Big Brother familiar, entrar na privacidade de uma relação, entrar na casa de uma família comum que fica famosa por causa dessa invasão de privacidade aberta pela família, que quer essa entrada do público”.