O Big Brother Brasil 2019 mal começou e já está dando o que falar. Além das discussões pessoais, clássicas em todas as edições do reality show, uma participante, no entanto, tem chamado atenção dos telespectadores quando se manifesta em conversas dentro da casa nessa edição do BBB 19. Já logo na primeira semana ela mostrou não ter papas na língua quando o tema é racismo.
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A designer gráfica Gabriela, de 32 anos, já deixou claro que não vai ficar calada quando escutar algum tipo de injustiça social vinda dos colegas. Sempre atenta, ela já respondeu à atitudes de outros brothers que demonstram preconceito racial e dando sempre exemplos de como o racismo perdura em qualquer lugar do Brasil, inclusive dentro do BBB 19, e de como é necessário combater a discriminação, seja lá onde for.
O comportamento da paulista tem sido visto como positivo pelos telespectadores. Alguns acreditam que esse tipo de diálogo enriquece o programa, tirando um pouco o foco das "picuinhas" entre os confinados e dando um tom mais interessante e reflexivo para quem assiste e participa do reality.
A internet, inclusive, já percebeu o perfil militante da sister e agora acompanha de perto os “momentos mais marcantes” desde sua estreia na casa, comentando e apoiando as atitudes da designer gráfica pelas redes sociais.
Um desses momentos que acabou viralizando foi quando outras participantes do programa afirmaram ter sofrido “racismo” por serem brancas. Elas queriam dizer que já se sentiram injustiçadas por conta de suas aparências, mas foram corrigidas por usarem o termo considerado errado por Gabriela.
Em resposta a Izabela e Tereza, ela tentou ser o mais didática possível e explicou que essa relação de opressão entre negros e pessoas brancas não existe.
“Racismo vem de um sistema de opressão. Para nós, negros, sermos opressores, a gente tinha que estar no poder e não estamos no poder. (...) Para existir o racismo, vocês teriam que ter antepassados com 300 anos de escravização de brancos”, explicou.
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A mairoia dos usuários das redes sociais reagiram a favor do posicionamento da sister. “É disso que eu estou falando, minha gente! Representatividade! Finalmente uma mulher que me represente dentro da casa, falando sobre o que realmente deve ser falado e mostrando quão racista as pessoas podem ser e como é necessário combater esse pensamento”, escreveu uma pessoa.
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"É muito bom uma pessoa que passa pelo que a gente passa todos os dias mostrando como é a realidade do negro no Brasil. Quem sabe assim as pessoas entendem quão difícil é para nós", comentou outra.
Apesar de ser um tema bastante discutido, o racismo
ainda prevalece, e são nas pequenas atitudes que é possível reconhecer quão enraizada está a cultura do preconceito na sociedade.
Um exemplo é o ocorrido em outra ocasião, quando Gabriela voltou a ser notícia por criticar Paula ao usar a expressão “cabelo ruim” se referindo a cabelos crespos e cacheados. “Ruim é preconceito, cabelo, não”, respondeu. Paula ainda insistiu, tentando dizer que quando os fios “já têm uma dobrinha”, as pessoas usam esse termo. A sister logo emendou: “É, e a gente precisa mudar isso”.
Por que falar de racismo no BBB 19 é importante?
A dificuldade em aceitar o cabelo crespo e cacheado sem preconceitos também é um reflexo do racismo e afeta milhares de brasileiros e brasileiras, já que a associação a esse tipo de fio, original da população negra, a termos pejorativos ainda é comum.
Resquícios do comportamento da época da escravidão perduram e apoiam a construção cultural para que esses tipos de cabelos sejam julgados pela sociedade como inadequados. Dessa forma, pessoas crespas e cacheadas são "doutrinadas" a se “adequarem” ao padrão europeu, sendo obrigadas a alisar as madeixas para, só assim, serem consideradas "bonitas".
A questão do "racismo reverso", citada na situação com Izabela e Tereza, também é outro exemplo a ser analisado. A sister defende que essa é uma expressão inadequada, já que a palavra racismo é direcionada para falar sobre atitudes contra pessoas negras, tendo em vista que esse é um crime histórico, foi criado pelo ódio à etnia negra, responsável por matar e escravizar durante mais de 300 anos, impedindo, então, que seja aplicada para pessoas brancas.
Contudo, ao apontar e questionar essas atitudes em um espaço como o reservado para o reality em uma emissora da televisão aberta pode ajudar a fazer com que os telespectadores participem, de certa maneira, da discussão e reflitam sobre suas atitudes e sobre a situação em si, fortalecendo o discurso contra o preconceito e desigualdade racial.
A reação calma de Gabriela, mas ao mesmo tempo certeira e simples tem sido elogiada pelos internautas que acompanham a paulista.
"O que me chamou atenção foi a calma das meninas para explicar o porquê de não se classificar como racismo, porque claramente as duas ali não têm a informação adequada sobre o assunto. É assim que se faz, não se chega tacando pedras porque alguém sabe menos do que você", comentou uma pessoa no Twitter.
"Gosto da forma como ela desconstrói os preconceitos. Com educação e paciência sem culpabilizar as pessoas por aquilo que falaram!!!", escreveu outra. "É admirável, mas não deixemos de entender quem carrega muitas cicatrizes e age de forma contrária. Estamos em 2019, não cabe mais desculpas para quem ficou pra trás", complementa o comentário, uma terceira pessoa.
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Seja para acompanhar os babados do programa ou analisar as discussões dos brothers, vale a pena continuar assistindo o BBB 19
e ficar de olho nos comentários feitos por Gabriela.