A norte-americana Amy Marie, de 32 anos de idade, já sabia que queria ser uma bailarina desde a infância. Aos três anos, ela começou a chamar atenção dançando, mas a jornada para construir uma carreira com dança não foi fácil. Amy não tem o "tipo de corpo  ideal" que é esperado para uma dançarina e, por causa disso, sofreu muita gordofobia. 

Amy sempre quis ser dançarina, mas teve que lidar com gordofobia e passar por um processo de autoaceitação do corpo
Reprodução/Instagram/amy_marie_la
Amy sempre quis ser dançarina, mas teve que lidar com gordofobia e passar por um processo de autoaceitação do corpo

Quando era criança, Amy sempre conseguia um papel para atuar em produções de teatro na escola em que estudava na California, Estados Unidos. Entretanto, ela era escalada para fazer personagens inferiores ou usar roupas diferentes das demais bailarinas porque não tinha o tamanho certo para seu corpo. Além disso, a gordofobia por parte dos outros atores mirins e até do instrutor de dança era constante. 

Em entrevista ao "Metro UK", ela afirma que precisou ouvir que era "gorda demais" para ser uma bailaria e que precisava perder peso desde os 10 anos. Nessa idade, a confiança de Amy ficou abalada por causa dos comentários e ela quis desistir de dançar. "Eu sempre tive um biotipo grande, cresci sendo mais alta do que os meninos e mais larga do que as meninas", disse.

"Na escola, quando eles perguntavam o que cada um queria ser quando crescesse, eu sempre dizia bailarina. Ironicamente, eu não percebi que era gorda até os 10 anos, quando estava na minha aula de balé e uma colega de classe apontou para as minhas coxas e perguntou 'por que as suas pernas são assim?'. Depois disso, comecei a me olhar no espelho e obssessivamente tentar fazer minhas coxas e minha barriga ficarem menores  ."

Amy conta que sempre amou a sensação que a dança lhe proporcionou, mas depois do ocorrido, ela deu uma pausa nas aulas. "Eu estava cansada dos sussuros e das risadas das outras dançarinas quando eu estava trocando de roupa. Tive que ser um cavalo por três anos seguidos na nossa peça anual porque era a única fantasia que me servia. Desisti de ser bailarina porque todos diziam que eu nunca pareceria com uma." 

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Lidando com a gordofobia e aceitando o próprio corpo

Para 'combater' a gordofobia que sofria todos os dias durante as aulas, Amy usou seu talento como bailarina à seu favor
Reprodução/Instagram/amy_marie_la
Para 'combater' a gordofobia que sofria todos os dias durante as aulas, Amy usou seu talento como bailarina à seu favor

Apesar de ter se interessado por outros esportes, como basquete, nada dava à Amy a alegria e satisfação do balé. Então, quando ela terminou o colégio e foi para a faculdade, decidiu retomar a paixão pela dança e começou a participar de aulas e das produções universitárias.

"Eu estava tão animada para aprender sobre algo que era apaixonada. Estava fazendo uma matéria de 20 horas semanais, além dos ensaios e apresentações, mas ainda estava tendo problemas com 'fat-shamming'. Nada servia em mim, sempre tive que usar peças customizadas e me sentia muito culpada por isso. Acabava ficando de fora porque as roupas eram de cores diferentes ou feita de um tecido especial para ser do meu tamanho. E eu continuava percebendo os olhares e sussurros das outras dançarinas sobre mim." 

Dessa vez, ela se manteve firme nas aulas e percebeu que seu talento se destacava entre as demais garotas da aula. Então, decidiu usar esse fator à seu favor e mostrar para todas essas pessoas que estavam praticando bullying com ela que ela não iria mais se esconder, mas seguir seus sonhos de construir uma carreira com balé. 

Por um tempo, ela começou a treinar durante a madrugada para que não fosse vítima dos julgamentos. Mas depois de muito esforço físico e emocional, ela conseguiu enfrentar um processo de autoaceitação até se sentir confortável o suficiente com o próprio corpo. Atualmente, ela trabalha como modelo plus size e compartilha essa jornada no Instagram. 

"Para enfrentar tudo isso, eu só dancei. Eu escrevia meus problemas em um diário e depois transformava essas palavras em coreografia", conta. "Por um ano inteiro eu ficava destruída a cada performance que fazia, chorando e gritando para trabalhar as minhas emoções. Foi a melhor coisa que fiz por mim mesma." 

Segundo ela, essa foi a forma que ela encontrou para aprender a lidar com a gordofobia . "Aprendi que não posso controlar como as outras pessoas me veem. Costumava me perguntar 'por que eles me odeiam?', mas isso não é problema meu e nem minha culpa. As pessoas vão tentar parar você, mas se você for apaixonado por algo, vá atrás disso. As pessoas vão notar seu esforço e, eventualmente, você vai encontrar quem te apoie nessa jornada", finaliza. 

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