A modelo Kelly Knox, que nasceu com deficiência física, está chamando atenção desde que apareceu na propaganda de uma marca de roupas irlandesa. Posando para a coleção outono-inverno que foi lançada no continente europeu, a modelo mostra o braço amputado orgulhosamente em peças inspiradas na moda retrô dos anos 90.
Atualmente, a foto da modelo com deficiência física é a mais vista no Instagram da marca e possui 113 mil curtidas. Os internautas gostaram de ver a representatividade na propaganda da nova coleção e, nos comentários, é possível ler diversos elogios à marca e também para Kelly. "Obrigada por dar o primeiro passo ao usar a foto de uma modelo com braço amputado, mostrando para outras marcas que não é preciso ter medo", esceveu um usuário.
Nas redes sociais, a própria modelo agradeceu pela oportunidade ao compartilhar a foto da propaganda. "Vamos continuar atravessando as fronteiras, movendo montanhas e quebrando barreiras! Agradeço a marca por me aceitar e celebrar meu eu como modelo... e por incluir deficiência na sua agenda de diversidade. Todos os corpos merecem ser representados ."
Modelo com deficiência física se torna inspiração
Em entrevista ao portal britânico "Metro UK", Kelly conta que foi contatada por sua agência para participar da propaganda e é grata pelo trabalho que tem, mas não esperava que tivesse uma proporção tão grande. "A quantidade de mensagens que estou recebendo é irreal. Mensagens de atletas paralímpicos, mães de crianças com deficiência, jovens com baixa autoestima que querem ser modelos.... É por isso que estou fazendo isso."
Segundo ela, todas as pessoas precisam de inspirações que mostrem que é possível realizar os próprios sonhos. "Beleza não é unidimensional. É hora de parar de aspirar pela perfeição e começar a apoiar e empoderar uns aos outros."
Você viu?
Kelly nunca se viu com uma "parte do corpo faltando", para ela o corpo vai muito além da aparência externa. "Desde que me lembro, sabia que era mais que um corpo, que minha alma possui toda a beleza, poder, sabedoria e magia."
Entretanto, teve dificuldades no começo da carreira de modelo. "No início da minha carreira, lembro de ter visto um vídeo de uma modelo dizendo que 'a New York Fashion Week preferia queimar do que ver um modelo com deficiência na passarela'. Eu não tinha ideia de que as pessoas tinham tanto medo de um corpo como o meu", afirma.
"Toda vez que eu sentia vontade de desistir, essas palavras ecoavam em minha mente — eu queria provar que as pessoas com deficiência são bonitas, fortes, criativas, dignas, poderosas e merecedoras de representação. Estou determinada a mudar as percepções das pessoas sobre a deficiência. Trabalhei duro, física, mental e emocionalmente para chegar onde estou."
Como primeira modelo com deficiência física a posar para a marca irlandesa, ela quer mostrar que, sim, é possível mudar esse "pensamento opressivo" que persiste dentro da indústria da moda e, em vez disso, começar a pensar sobre inclusividade. "Diversidade é o tempero da vida! Acredito que mostrar ao mundo que a beleza vem em diferentes formas, tamanhos, cores, habilidades, gêneros e idades pode ser muito libertador para as pessoas", finaliza.