A norte-americana Sarah Fremgen tinha 14 anos de idade quando começou a notar o aparecimento de uma cicatriz em seu rosto depois de ter acne cística. Como a marca começou a crescer, ela foi a um dermatologista e recebeu o diagnóstico de que tinha uma  queloide , ou seja uma cicatriz saliente que surge por causa do excesso de colágeno na pele após a cura de um ferimento.

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Por causa da cicatriz , Sarah começou a se sentir envergonhada e insegura sobre a própria aparência
Reprodução/Facebook/Sarah Fremgen
Por causa da cicatriz , Sarah começou a se sentir envergonhada e insegura sobre a própria aparência



Por causa da cicatriz  , Sarah começou a se sentir envergonhada e insegura sobre a própria aparência. "A última coisa que uma adolescente quer é algo errado em seu rosto. Na nossa sociedade, existe uma expectativa de como é um 'visual normal' e eu não me encaixava nisso", diz em entrevista ao portal "Media Drum World". 

Não demorou para que a jovem sofresse bullying na escola e isso tornou o processo de aceitação ainda mais difícil. "Cresci em uma cidade pequena e claro que as criançar podem ser más. Os olhares e os comentários maldosos eram tão ruins que eu fiquei depressiva, fui diagnosticada com dismorfia corporal e transtornos alimentares." 

"Eu costumava me esconder, evitava sair de casa, tentava colocar meu cabelo sobre o meu rosto e usava muita maquiagem. A única coisa que eu sentia que tinha controle era sobre o meu peso, por isso, tentava emagrecer para compensar o resto. Passei muito tempo me isolando e em depressão. Pensei em suicídio muitas vezes", conta. 

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Processo de aceitação da cicatriz

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Facebook/Sarah Fremgen/Reprodução

Sarah Fremgen confessa que, hoje, não tem mais a vontade de mudar a aparência e remover o quelóide, algo que seria impensável há alguns anos

Com o passar dos anos, Sarah conseguiu motivação para aceitar a aparência, principalmente pela positividade de seus amigos, familiares e, a partir de 2014, do seu marido. "Eu estava em um momento da vida que poderia viver com vergonha ou ver como o a vida pode ser boa apesar disso. Eu podia ser a fonte da minha baixa auto-estima ou ser minha própria inspiração. Escolhi a segunda opção", afirma.  

Atualmente, a musicista de 29 anos de idade está convivendo bem com a própria pele e, o mais importante, vivendo uma vida saudável — física e mentalmente. "Posso dizer honestamente que estou em paz com quem eu sou. Poder aceitar minha própria beleza me permitiu ver e aceitar a beleza nos outros também, isso me deixa feliz."

Porém, ela lembra que é um processo e, dessa forma, existem dias bons e ruins. "Às vezes eu desejo ser normal, mas nesses momentos difíceis  continuo lembrando que tenho a oportunidade de me relacionar com outras pessoas. Pensar que humanos desejam autenticidade, mais do que apenas beleza realmente mudou minha forma de pensar." 

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Sarah confessa que não tem mais a vontade de mudar a aparência e remover o queloide, se pudesse. "Apesar de existir opções de tratamento, a remoção ainda é muito arristacada porque tem a chance de ficar pior. Se existisse uma cura que fosse segura e efetiva, eu provavelmente apoiaria, mas iria querer para mim? Provavelmente não agora. Gosto de ser diferente."

Além de passar pelo próprio processo de aceitação, ela também quer que outras pessoas se aceitem. "Na vida real, coisas reais acontecem, machucados, feridas, cicatrizes, e não devemos nos desculpar por isso, mas aceitar a beleza em uma história autentica. Quero inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. Beleza não deve ter limites, caixas ou datas de validade."

"Aceite sua cicatriz e a sua diferença. Eu fiz isso, foi difícil em algumas vezes, mas muito recompensante para mim mesma e para outras pessoas. Não são todos que vão entender, mas aqueles que importam vão. A maior beleza que você vai deixar nessa vida não é o que as pessoas veem em você, mas como você  faz com que eles se sintam", finaliza. 

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