O mercado de trabalho não costuma ser amigável com profissionais de meia-idade
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O mercado de trabalho não costuma ser amigável com profissionais de meia-idade

Experiência, conhecimento na área, tempo de trabalho. Nada disso conta na decisão da maior parte das empresas na hora de escolher qual funcionário ou funcionária demitir para diminuir perdas, aumentar lucros ou, simplesmente, atingir metas. A partir dos 50 anos nos tornamos presas fáceis na hora do corte de vagas. Por isso, é cada vez mais comum vermos pessoas como nós engordando as estatísticas do desemprego no Brasil. Se por um lado somos jovens para a aposentadoria, por outro somos velhos (e caros) para o emprego formal.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostram que apenas a faixa etária de 50 anos e mais apresentou saldo negativo nos dois anos de pandemia de Covid-19. Em 2020, foram fechados quase 500 mil postos de trabalho ocupados por pessoas 50+. Enquanto em 2021 os dados começaram a melhorar para as outras faixas etárias, a nossa seguiu negativa com o
fechamento de outros 76 mil vagas.

"A decisão das empresas é meramente econômica", explica o gerontólogo Jorge Félix, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em economia da longevidade. Um fator muito relevante nesta escolha, destaca, é o plano de saúde, que passa a ser mais usado a partir da meia-idade.

A ÚNICA ALTERNATIVA

A fragilização da segunda metade da carreira é um fenômeno do mundo globalizado. Segundo Jorge Félix, os países escandinavos resolveram melhor essa questão adotando uma legislação rígida para o mercado de trabalho. Entre as medidas implementadas pelos governos da Suécia, Noruega e Dinamarca estão a adoção de incentivos fiscais para empresas que mantêm empregados por mais tempo e limitações na rotatividade.

O cenário atual em um país como o Brasil é desafiador não apenas para governo e formuladores de políticas públicas, mas também para cada uma de nós. Mesmo os que já conseguiram se aposentar, como eu, não querem e, na maioria das vezes, não podem parar de trabalhar. Por isso, é necessário pensar no que fazer daqui por diante, caso você seja ou já tenha sido a bola da vez no corte anunciado pela empresa na qual trabalha ou trabalhou.

"Não tem saída", diz Jorge Félix. "As pessoas vão ter que continuar estudando, se qualificando. Se a gente não se qualificar cada vez mais será mais difícil", aconselha o professor da USP.

Esse é o momento, minha gente, de pensar em algo que você sempre quis fazer e nunca encontrou tempo para colocar em prática. Matricule-se naquele curso rápido, improvise, ouse. Atualize-se! Quem sabe assim, mesmo desempregada, você consegue continuar pagando a contribuição do INSS e as contas do mês que nunca param de chegar.

Assista à minha conversa com o professor Jorge Félix no Pirações da Meia-Idade.


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