"Se não obedecer, vai ficar de castigo”. Quem nunca, né? Pois é, e eu me incluo nessa lista de mães que já colocaram o filho no canto “pra pensar” várias vezes. Acontece que ele precisa ter uma certa idade para começar a “pensar”, ou o tempo que está ali no banquinho só está servindo para uma coisa: VOCÊ se acalmar.

Para muitos educadores, castigo não traz nenhum benefício no futuro das crianças
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Para muitos educadores, castigo não traz nenhum benefício no futuro das crianças

Mas e quando seu filho faz aquela malcriação, se jogando no chão em público? Não é para punir. Bem, pra começo de conversa, há uma diferença entre castigo e consequência. É importante que a gente entenda isso e a chance que a gente perde de ajudar nosso filho em seu desenvolvimento a cada momento de birra.

 Sim, é nessas horas que é a sua condução enquanto mãe (pai ou responsável) que pode fazer toda a diferença nas próximas chantagens que ele pensar em fazer. Isso porque o castigo por si só, aquele em que se coloca a criança sentada, sozinha, sem dar a ela a chance de falar de seus sentimentos e sem ao menos explicar o que ela fez de errado, isso não ensina nada.

Ah, você explica o que ela faz de errado e mesmo assim ela precisa ficar lá pensando? Estamos falando de uma criança de menos de três anos? Deu no mesmo. Você só está dizendo que ela não pode fazer coisa errada porque isso a deixará de castigo. Vai ser medo pelo castigo e não conscientização pelo que fez de errado. É isso mesmo que você quer ensinar?

Muitos educadores acreditam que o castigo não traz nenhum benefício no futuro. A punição só refreia o comportamento. Não vai além disso. Não educa.

Você viu?

Eles defendem que os pais precisam respeitar a criança. Para ensiná-la, não é necessário castigar. Ao invés disso, você trabalha a consequência. Por exemplo: derramou o leite no chão? Tem que limpar (e enquanto a criança é muito novinha, o pai ou a mãe ajudam a limpar). Bateu no amigo? Vai lá pedir desculpas. Quebrou alguma coisa? Ajuda a consertar. Não fez a tarefa de casa no momento combinado? Vai deixar de assistir TV para fazê-la. Isso é arcar com as consequências, e não castigo.

 E quando a criança ainda é muito pequena? Já notou que você acaba dizendo dez, quinze vezes a mesma coisa e ela não aprende? Bem, você precisa entender o que acontece na cabecinha dela antes de colocar no banquinho “para pensar”.

As crianças pequenas fazem as coisas erradas porque elas não têm logicidade, não entendem de forma clara a relação causa e efeito. Agem por instinto e são egocêntricas, ou seja, acham que o tudo funciona para elas e por causa delas. Também fazem o errado apenas por curiosidade. Estão experimentando o mundo, faz parte.

Mostrar o erro nesse momento não vai garantir o aprendizado na hora. É preciso, sim, dizer muitas vezes. “Já falei mil vezes para não colocar o dedo na tomada! Vai ficar de castigo!”, não é assim? Acontece que elas não sabem o risco de um dedo na tomada, por mais que você já tenha falado mil vezes. Diga mais uma vez e a afaste do perigo, simplesmente.

E não menos importante: a punição ou a “chamada de atenção” não deve ser na frente das outras pessoas. Você não precisa querer mostrar autoridade aos seus amigos ou aos demais adultos que estão presenciando a birra em local público. Precisa se lembrar que, antes de tudo, não deve constranger seu filho na frente dos outros. Chame-o no canto e converse. Se está numa festa, vale até mandar ficar um pouco sentado, sem a brincadeira, por ter batido no amiguinho. Mas a intenção é conversar para fazê-lo entender o erro. E, em seguida, a consequência: pedir desculpas ao amigo.

 A verdade é que os momentos de malcriação da criança são fortes chances de aprendizado. E se você simplesmente colocar seu filho de castigo porque ele derramou a comida no chão, você perde uma grande oportunidade de ensiná-lo a amadurecer. Perde a chance de trabalhar o cérebro da criança. Entenda que  seu filho não tem a sua idade e nem tudo o que é lógico para você será para ele. Exija menos nesse sentido. E, não esqueça: o castigo só resolve um problema pontual: o seu. Não o dele.

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