A expectativa de um segundo filho é, logicamente, diferente da que sentimos com o primeiro. Explico o “logicamente”. A primeira gestação faz nascer também uma mãe. Não é só ter um filho, mas tornar-se mãe. É um amor tão grande, que a gente chega a pensar: “como amar assim um outro alguém?”.
Foi exatamente o que pensei quando engravidei de Felipe, meu segundo. O amor por Eduardo, que já estava com mais de 4 anos de idade, já me consumia e achei que não haveria espaço para mais nada.
Essa quase certeza já começa na gravidez. Não há muita novidade, não há nada (ou quase nada) que você já não saiba que vai acontecer e você não passará pelo ineditismo de virar mãe. Com nove meses fui à maternidade super tranquila para tirar o filhote da barriga e voltar para casa com “mais um filho”, prático assim. Eu não estava nervosa e nem emocionada. Só feliz.
Eis que o surpreendente aconteceu: quando trouxeram meu Felipe para meus braços, fui tomada por um choro incontrolável de emoção. Um amor que não soube explicar. Jamais esquecerei daquela imagem. O meu pequenininho ali em meus braços. Não, não era “mais um filho”, era o meu Felipe!
Você viu?
Comecei a lembrar em que momento eu me tornei loucamente apaixonada por Eduardo e percebi que nada foi de repente. Que a gente não começa amando desesperadamente um filho. O amor é uma construção, o que me faz acreditar sem e menor dúvida em amor por filho adotado.
Lembrei que com Eduardinho amei mais a cada sorriso, a cada olhar, a cada “mamãe” dito. Amei num momento de febre que queria ficar colado a mim e em todos os instantes em que eu fui o maior e o melhor abrigo daquele pequeno. Num piscar de olhos, percebi que o mesmo estava acontecendo com Felipinho.
As mães costumam dizer: “O amor é igual, mas os cuidados são diferentes”. Até então eu não entendia essa frase. Achei que o cuidado também seria igual. Hoje Felipe tem dois anos de idade e Eduardo acabou de completar sete. Eles são bem diferentes. Enquanto um é mais expansivo e expressivo, o outro é mais calado, com os sentimentos guardadinhos para ele.
Quando percebo que com um eu gosto do agarrado e com outro eu tenho mais cuidado com o que eu preciso falar, eu entendo perfeitamente a frase “os cuidados são diferentes”. E fico feliz por hoje ter a certeza de que, apesar dos tratamentos serem diferentes, o amor, sim, o amor tem a mesma medida.