A expectativa de um segundo filho é, logicamente, diferente da que sentimos com o primeiro. Explico o “logicamente”. A primeira gestação faz nascer também uma mãe. Não é só ter um filho, mas tornar-se mãe. É um amor tão grande, que a gente chega a pensar: “como amar assim um outro alguém?”.
Foi exatamente o que pensei quando engravidei de Felipe, meu segundo. O amor por Eduardo, que já estava com mais de 4 anos de idade, já me consumia e achei que não haveria espaço para mais nada.
![Não há mais novidade na segunda gestação, as sensações são diferentes Não há mais novidade na segunda gestação, as sensações são diferentes](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/55/mx/87/55mx874a3l8v5hil4e1eqx2gg.jpg)
Essa quase certeza já começa na gravidez. Não há muita novidade, não há nada (ou quase nada) que você já não saiba que vai acontecer e você não passará pelo ineditismo de virar mãe. Com nove meses fui à maternidade super tranquila para tirar o filhote da barriga e voltar para casa com “mais um filho”, prático assim. Eu não estava nervosa e nem emocionada. Só feliz.
Eis que o surpreendente aconteceu: quando trouxeram meu Felipe para meus braços, fui tomada por um choro incontrolável de emoção. Um amor que não soube explicar. Jamais esquecerei daquela imagem. O meu pequenininho ali em meus braços. Não, não era “mais um filho”, era o meu Felipe!
Você viu?
Comecei a lembrar em que momento eu me tornei loucamente apaixonada por Eduardo e percebi que nada foi de repente. Que a gente não começa amando desesperadamente um filho. O amor é uma construção, o que me faz acreditar sem e menor dúvida em amor por filho adotado.
Lembrei que com Eduardinho amei mais a cada sorriso, a cada olhar, a cada “mamãe” dito. Amei num momento de febre que queria ficar colado a mim e em todos os instantes em que eu fui o maior e o melhor abrigo daquele pequeno. Num piscar de olhos, percebi que o mesmo estava acontecendo com Felipinho.
As mães costumam dizer: “O amor é igual, mas os cuidados são diferentes”. Até então eu não entendia essa frase. Achei que o cuidado também seria igual. Hoje Felipe tem dois anos de idade e Eduardo acabou de completar sete. Eles são bem diferentes. Enquanto um é mais expansivo e expressivo, o outro é mais calado, com os sentimentos guardadinhos para ele.
Quando percebo que com um eu gosto do agarrado e com outro eu tenho mais cuidado com o que eu preciso falar, eu entendo perfeitamente a frase “os cuidados são diferentes”. E fico feliz por hoje ter a certeza de que, apesar dos tratamentos serem diferentes, o amor, sim, o amor tem a mesma medida.