Por permitir que as pessoas "se tornem" outras por um momento, o fetiche por máscaras está vinculado a vários outros, como o BDSM e o "petplay". Heitor Werneck, colunista do iG Delas, explica mais sobre a fantasia

Eu gosto de máscaras. Seu uso empresta, imediatamente e a qualquer pessoa, um ar misterioso e extremamente sensual. Seu apelo erótico mescla-se a um quê de romantismo. Mas o fetiche por máscaras, ou melhor, a atração por elas, pode se mesclar a outros desejos. 

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Por permitir que as pessoas 'se tornem' outras por um momento, o fetiche por máscaras está vinculado a vários outros, como o BDSM e o 'petplay'
Nina Nunes/Projeto Luxúria
Por permitir que as pessoas 'se tornem' outras por um momento, o fetiche por máscaras está vinculado a vários outros, como o BDSM e o 'petplay'

Existem máscaras em borracha, couro ou látex para serem usadas entre praticantes de BDSM ( fetiche da dominação e da submissão). Existem máscaras próprias para provocar a asfixia erótica, que, para aqueles que curtem, é uma maneira de potencializar o orgasmo, já que, ao prender a respiração, reduzimos o fluxo de oxigênio para o cérebro, o que tende a deixar o orgasmo ainda mais intenso. Essa prática também recebe os nomes de hipoxifilia ou hipofixiofilia. Além de dominação, submissão e asfixia erótica, outro fetcihe que tem tudo a ver com máscaras é o “petplay”.

No 'petplay', as pessoas envolvidas gostam de se vestir e agir como se fossem animais de estimação
Carlos Ricón/Projeto Luxúria
No 'petplay', as pessoas envolvidas gostam de se vestir e agir como se fossem animais de estimação

Não confunda, por amor de todos os deuses, petplay com zoofilia! A zoofilia é uma doença, uma parafilia, um problema muito sério que leva pessoas a terem relações sexuais com animais. Sou contra, terminantemente contra, a violência contra animais!

Já a brincadeira de “petplay” consiste em assumir, momentaneamente, o papel de um bichinho de estimação: se o cara fortão, que malha todo dia, gosta de ser levado na coleirinha por seu dono ou dona, de obedecer a seus comandos e topa até usar uma máscara de cachorrinho para desempenhar bem esse papel, ótimo!São duas pessoas adultas curtindo uma brincadeira erótica mutuamente consentida.

Além dessas opções, há também as máscaras de estilo veneziano. Ah, como eu as adoro! São lindas: com cores, brilhos, plumas, fitas de cetim, detalhes mil. Podem ser mais ou menos discretas, conforme a preferência de quem irá usá-las. São elegantes, sedutoras, misteriosas e sensuais.

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De onde veio?

Historicamente, as máscaras foram usadas para diversas finalidades, incluindo os cultos religiosos. Povos antigos acreditavam que elas permitiam o acesso a universos regidos pela imaginação ou a dimensões espirituais invisíveis. Na África, por exemplo, as máscaras de feições distorcidas, confeccionadas em materiais como a madeira, o marfim e o cobre, eram – e ainda são – utilizadas para representar deuses e demônios. Para muitos povos antigos da Ásia, elas serviam para afastar a má sorte em cerimônias importantes, como casamentos e funerais. Entre os indígenas norte-americanos e as tribos do Havaí, máscaras eram usadas em ritos fúnebres, fosse para representar os entes que partiram, fosse para simbolizar os deuses que recepcionam as almas no além-vida.

Esse fetiche permite máscaras de todos os tipos: de animais, venezianas, com funções específicas, etc.
Acervo pessoal
Esse fetiche permite máscaras de todos os tipos: de animais, venezianas, com funções específicas, etc.

Os nativos brasileiros, por sua vez, portavam máscaras simbolizando animais, pássaros e até insetos durante as cerimônias de cura, de casamento ou de transição para uma nova fase da vida – por exemplo, quando garotos estão sendo “aceitos” como adultos pelos demais membros da comunidade. No Ocidente, os antigos gregos foram pioneiros no uso das máscaras. Isso porque, durante as festas dionisíacas, todos ocultavam parcialmente a própria identidade para poderem se entregar aos prazeres do vinho, do sexo e da boa mesa; mesma razão, aliás, pela qual as máscaras se popularizaram nas festas de Carnaval do mundo todo.

É aí que reside, provavelmente, o grande fetiche por máscaras: por um momento, um breve momento, podemos ser outra pessoa; podemos até não ser uma pessoa. E assim, misteriosos, sexies e semiocultos, podemos nos entregar às delícias e ao prazer. Quer saber mais sobre o universo dos fetiches? Acompanhe a coluna do Heitor Werneck  no iG Delas!



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