Novo colunista do portal iG, Heitor Werneck fala sobre sua vida e o fetiche
Sou um fetichista. Um libertino.
Foi por isso que, mais de 10 anos atrás, decidi criar o Projeto Luxúria, uma festa destinada ao prazer e, claro, à celebração do comportamento fetichista e libertino.
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Mas engana-se quem enxerga, numa pessoa como eu, traços de uma personalidade voltada apenas ao próprio prazer. Eu acredito piamente na delicadeza e na gentileza, e essa gentileza também se aplica ao estalar do chicote na pele das pessoas, à visão do submisso aos pés da uma dominadora, no carinho de um adepto de petplay, no amarrar de quem pratica bondage e shibari.
A delicadeza é um tesão, e ao entender seu significado, você se aproxima de um orgasmo. Sim: não há nada mais delicado, na existência de um ser humano, que soltar fluídos no ápice do prazer ou na intensidade de um encontro, seja fraternal ou sexual, baseado em delicadezas.
Eu sou um ser que acredita muito no orgasmo, e acho, piamente, que ele teria que estar mais presente em várias pessoas e no mundo. Sou completamente reichiniano: o orgasmo tem função. Fico extremamente triste de ver picuinhas, criancices e perversões mentais em seres que se dizem fetichistas ou adeptos do BDSM. Mas nada me impede de continuar seguindo dentro de minha ética, verdade e libertinagem.
Posso admitir com confiança: não há nada mais divertido em minhas lembranças, de 50 anos de vida, e de mais de 35 anos gozando de minha satisfação e preocupação em provocar prazer, do que o do meu cheiro, da sensação de esfregar meu corpo, de ser seduzido, de seduzir… e de me afastar de quem me faz mal.
A luxúria me proporciona isso: ela me afasta das pessoas que não combinam com sua grandeza. Não sou melhor que ninguém, mas eu me dou o direito de ficar e de escolher com quem andar, e gozar, e conversar.
Sou cada dia mais aberto a entender as pessoas, mas também sou cada vez mais intolerante com a falta de caráter. Sou um ser sexuado, mas totalmente a favor do sexo sadio, e não de comportamentos doentios e hipocrisias.
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Não sou baunilha, nem apimentado: apenas sei onde gozo, como gozo e do jeito que gozo. Por isso, tenho essa peculiaridade: sou amigo do meu corpo e da minha mente. Por isso, sei que quando dou um abraço, um beijo, um carinho, um olhar, ele está saindo lá do fundo do meu mais profundo sentimento límbico.
Posso até dizer que sai das minhas entranhas — pois ele será do mais puro sentimento e verdade.
Não tenho paciência com manifestações de raiva, de frustração e de mimimi. Eu prefiro ler um livro, me masturbar, comer chocolate, sentir cheiros bons e tomar banho de cachoeira pelado em lugar de conviver com pessoas de baixa vibração. Se sou feliz ou não, se me machuco, não importa — para mim, vale mais a minha ética e verdade, as boas lembranças que deixo e trago comigo.
Marcar pessoas e territórios é fácil, mas fixar boas lembranças não tem preço. Eu vou ser uma eterna criança livre, que pira numa cachoeira e numa caixa de chocolates; eu vou ser o adolescente eterno que treme quando goza. Essa é minha verdade. Estes são os “50 tons de Heitor”. Ou melhor: são muito mais que 50; isso eu garanto.
Agradeço demais a capacidade de meu corpo em reconhecer o prazer. Reconheça, também você, seu corpo e seu prazer. Se, por acaso, algo lhe fizer mal, afaste-se. Será um prazer não ter por perto quem puxa pra baixo, oprime e causa dor de maneira ruim…
Simples assim!
E viva o orgasmo: só o orgasmo salva!
Leia mais sobre o universo do fetiche na coluna do fetichista Heitor Werneck no iG .