Não projete seus sonhos em seus filhos

Desde a concepção criamos expectativas relacionadas aos filhos e acabamos impondo escolhas ao invés de apenas orientar

Pais e mães tendem a projetar suas expectativas sobre os filhos desde a concepção
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Pais e mães tendem a projetar suas expectativas sobre os filhos desde a concepção


Você pode iniciar a leitura deste texto perguntando a si mesmo, o que um  filho significa para você? Existem milhares de respostas para essa pergunta:

- meu filho significa a perpetuação de quem eu sou

- meu filho é meu legado

- meu filho é o meu sonho

- meu filho é a razão da minha vida

- meu filho é o meu bem mais precioso 


Para cada pessoa, um filho tem um significado diferente. O instinto do ser humano é perpetuar a especie, deixar um legado, uma continuação de sua existência. Por isso, desde a concepção  criamos expectativas relacionadas aos filhos. Projetamos nossos sonhos, achando que estamos sonhando com o futuro deles. Mas, na realidade, estamos sonhando em realizar através deles aquilo que não conseguimos realizar por nós mesmos.

É muito doloroso olhar para o nosso passado e ver o que queríamos e deixamos de fazer. Deixamos de fazer muitas coisas, as vezes porque não tivemos permissão, outras porque não tivemos coragem e outras porque não podíamos pagar. Não fizemos, não vivemos, não realizamos. Com isso acabamos impondo escolhas ao invés de apenas orientar.

Nossos filhos tem seus próprios sonhos, desejos e sentimentos, além de viverem uma realidade completamente diferente da que nós vivemos. Eles  terão também seus próprios sofrimentos. Por isso, não repasse ao seu filho a responsabilidade de viver o que você não viveu.  

É difícil ver o próprio filho enveredando por caminhos que por nossa vivência e maturidade, consideramos ruins:  eles escolhem usar roupas que não aprovamos, namoram pessoas que achamos não estar à altura deles, escolhem amigos que os levam para o “mau” caminho ou não acrescentam nada em suas vidas, escolhem profissões pouco rentáveis, ouvem musicas que consideramos puro barulho ou indecentes, optam por comidas e dietas radicais. Queremos que nossos filhos sejam alguém que gostaríamos de ser.

Pais que vivem da satisfação pessoal do que os filhos são ou fazem, irão irremediavelmente quebrar sua expectativas, porque quando os pais fazem dos seus filhos o reflexo do que eles gostariam de ser, a criança geralmente segue dois caminhos: aceita e perde sua identidade ou se rebela. Seguindo esse caminho não conseguiremos escolher se preferimos filhos apáticos e sem iniciativa própria ou filhos revoltados que brigam e discutem por qualquer motivo.

Você não deve obrigar seu filho a seguir o caminho que você teria seguido. O sucesso ou fracasso de seu filho não deve ser exibido como prêmio ou consequência dos seus atos. Dê ao seu filho a chance de ser quem ele é.