Suplemento de colágeno: afinal, faz efeito ou não?
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Suplemento de colágeno: afinal, faz efeito ou não?

Que suplementos de colágeno são alvo de controvérsia não é novidade. Há linhas de estudo que afirmam que a suplementação pode trazer benefícios para a pele, músculos e articulações, por outro lado, outras linhas de pesquisa parecem indicar que o uso do suplemento seria indiferente. Afinal, qual é a verdade sobre os suplementos de colágeno?

A nutricionista esportiva Renata Brasil , da Soloh Clínica de Nutrição, explica que, em primeiro lugar, a indicação não é para qualquer faixa etária. “A partir dos 30 anos mais ou menos, o nosso corpo vai perdendo a capacidade de fabricar essa molécula de colágeno, essa proteína, da forma que ele fabricava antes. Então, é nesse momento que a gente tem que ficar mais atento a essa suplementação”. Mas isso não significa sair por aí comprando qualquer tipo de suplemento de colágeno e ir tomando.

Conforme explica Renata, há diferenças. “O colágeno tipo 2 é uma proteína que todos nós produzimos naturalmente no nosso corpo. Cerca de 25% de toda a proteína que a gente tem no nosso organismo é referente ao colágeno”. Por outro lado, o colágeno tipo 1 é o colágeno hidrolisado, ou seja, passou por um processo de quebra chamado hidrólise. “Ele precisa se quebrar disponibilizando os aminoácidos de que o corpo necessita, que são lisina, prolina, hidroxiprolina e a glicina. A hidroxiprolina e a glicina tem uma ação muito interessante no sistema nervoso central, principalmente a glicina, podendo auxiliar no tratamento de casos de ansiedade, auxílio na depressão e ajudar a manter o organismo mais saciado. Quando a gente vê no mercado um colágeno hidrolisado, significa que esses aminoácidos já estão mais disponíveis, ou seja, o colágeno já passou por essa quebra”.

Nesse sentido, fica claro que é preciso conhecer as necessidades individuais e objetivos específicos de cada pessoa para saber identificar qual será o tipo adequado de suplementação de colágeno, mas não para por aí. Além de passar pela hidrólise, conforme informa a nutricionista, os aminoácidos do colágeno dependem de alguns micronutrientes para serem captados, absorvidos e trazerem realmente algum efeito para o organismo. “Um dos micronutrientes mais importantes nesse ponto é a vitamina C. Então, a gente combinar a suplementação com algum alimento fonte de vitamina C, ou mesmo uma vitamina C em cápsula, lipossolúvel, pode otimizar a sua absorção e o seu efeito. Além dela, alguns minerais como zinco, ferro e selênio também são fundamentais para que o colágeno tenha alguma eficácia no nosso organismo”.

Outro ponto de atenção é a qualidade geral da alimentação e os hábitos de vida. “Não adianta também usar o suplemento de colágeno, ingerir todas essas vitaminas e minerais e continuar tendo uma alimentação muito rica em açúcar, porque o excesso de açúcar, inclusive o excesso de frutose, tem uma ação na função da lisina. Se houver excesso de açúcar na circulação sanguínea, a gente não vai conseguir ter uma ação de um aminoácido tão importante quanto a lisina. Então é tudo ligado, é necessário uma dieta equilibrada e o acompanhamento profissional para a suplementação, seja médico, nutricionista, endocrinologista, com prescrição associada à atividade física para que tenha algum efeito”, recomenda Renata Brasil.

Comprovação científica

Uma das grandes dúvidas em relação ao suplemento de colágeno é em relação à comprovação científica de eficácia. A nutricionista Patrícia Lara , especialista em oxidologia e bioquímica celular, com aperfeiçoamento em medicina biomolecular, regenerativa e anti-aging, sócia-fundadora da Clínica Soloh de Nutrição, pontua uma meta-análise robusta, que indicou melhorias na aparência de rugas, elasticidade e hidratação da pele a partir da suplementação. “Foi publicada no International Journal of Dermatology, em 2021, um bom estudo, uma boa revisão, num jornal muito interessante, com 19 estudos compilados, mais de 1.125 pacientes estudados, com idades entre 20 e 75 anos. Notaram que aqueles indivíduos que usavam colágeno, principalmente os tipos que continham hidroxiprolina em formas específicas, como encontramos no peptano, verissol, essas concentrações se mostraram eficientes em reduzir rugas e melhorar elasticidade e hidratação da pele”.

Porém, Patrícia atenta para um outro ponto importante para que a suplementação atinja o efeito desejado. “O estradiol precisa estar em dia, mulheres que estiverem usando pílula anticoncepcional, não adianta. Precisa-se do estradiol para ter boa e efetiva ação da prolina e hidroxiprolina”. Além disso, ressalta, “além do envelhecimento, os danos causados pelo sol, o tabagismo e o consumo de álcool diminuem a produção do colágeno”.

Estímulos externos

Além do colágeno tipo 2 e o colágeno hidrolisado, Renata Brasil menciona os chamados de peptídeos de colágeno bioativos. “São quebras ainda maiores, com a intenção de levar aminoácidos mais específicos para trabalhar naquele órgão específico-alvo, como pele, como músculo, como as articulações. Este tipo é absorvido ainda mais facilmente”. Para essa finalidade, ela ressalta a importância de estímulos extras que contribuam para direcionar as moléculas. “Para quem busca algum efeito na pele ou no couro cabeludo, que aconteça algum estímulo externo. Seja por meio de massagens ou por meio de drenagens...Algo que vá estimular aquele aminoácido a ir para determinado local onde se quer o tratamento”.

Nesse sentido, os procedimentos estéticos de estímulo à produção de colágeno são muito bem-vindos, especialmente associados a uma suplementação adequada.

De acordo com o médico dermatologista Lucas Miranda , membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que atua com prevenção e tratamento dos sinais estéticos do envelhecimento, já é possível lançar mão de estratégias como o banco de colágeno. “Indicamos para pacientes que ainda são jovens mas se preocupam com o processo de envelhecimento e querem retardar esse processo”. Conforme explica o dermatologista, a partir dos 30 anos, perdemos cerca de 1% de colágeno ao ano, e as mulheres apresentam outra estatística ainda mais cruel. Nos primeiros 5 anos após a menopausa, elas perdem cerca de 30% de colágeno. “Para que consigamos envelhecer bem, é preciso que tenhamos bastante colágeno quando jovens para que cheguemos lá na frente, melhor ainda”.

Segundo Lucas, “Para criar um banco de colágeno, é possível utilizar a tecnologia dos bioestimuladores de colágeno, o quanto antes, por volta dos 25 - 30 anos, para que o processo de envelhecimento seja lentificado”.

Os bioestimuladores de colágeno são substâncias desenvolvidas especialmente para estimular a produção de fibras de colágeno nas regiões onde são aplicadas. “São totalmente compatíveis com a pele e são reabsorvíveis. Por se decomporem totalmente, não oferecem riscos ao organismo. Suas principais vantagens são o estímulo da produção de colágeno, a reposição do volume, a suavização dos sinais de envelhecimento e a melhoria dos quadros de flacidez”. Os resultados, segundo o dermatologista, são evidentes já a partir da segunda sessão, geralmente 2 meses após o início das aplicações, e permanecem por até 2 anos.

Os bioestimuladores de colágeno podem ser usados em diferentes faixas etárias, conforme explica o dermatologista, e associados a outros procedimentos que também promovem o estímulo à produção do colágeno. “Hoje a dermatologia conta com inúmeros procedimentos voltados para o estímulo à produção do colágeno, além dos bioestimuladores de colágeno, tecnologias como o Morpheus 8 e Ultraformer III atingem resultados excelentes”, ressalta Lucas Miranda. 

A suplementação de colágeno pode ser uma ferramenta valiosa para a saúde e a beleza, desde que seja feita de forma adequada, com acompanhamento profissional para a escolha do tipo correto e a incorporação de nutrientes essenciais e associação de estímulos externos para direcionar as moléculas quando necessário. Lembre-se de que uma dieta equilibrada, a moderação no consumo de açúcar e o acompanhamento profissional são fundamentais.



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