Rosto fino, mandíbulas definidas, bochechas contornadas: esse é o atual padrão de beleza em Hollywood. Seja nas passarelas ou na televisão, um rosto jovial e arredondado não é mais o desejo dos famosos: com o auxílio da cirurgia plástica, a redução da gordura bucal, conhecida como bichectomia, é o novo procedimento favorito das celebridades.
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Na última semana, esse procedimento se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes após a atriz e cantora Lea Michele (Glee) aparecer em um evento com bochechas extremamente salientes e mandíbula definida, em comparação com fotos anteriores.
Além de Michele, internautas também especularam que outras celebridades também realizaram bichectomia nos últimos anos, como Bella Hadid, Chrissy Teigen, Emily Ratajkowski e Kim Kardashian. “Percebo que muitas dessas famosas são mulheres, principalmente na casa dos 20 e 30 anos, que trabalham muito com imagem”, explica a consultora de imagem Ana Clara Santos.
Mas como essa cirurgia consegue transformar o rosto de uma forma tão profunda? “Basicamente, na bichectomia, removemos um tecido gorduroso que existe abaixo das maçãs do rosto, chamado Bola de Bichat. É este tecido que dá formato às bochechas”, explica Patricia Marques, médica pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
É comum que a pele perca elasticidade e a gordura facial atrofie com a idade. Por isso, procedimentos como a bichectomia deixam o rosto com um aspecto mais maduro. “Bochechas maiores costumam dar ao rosto uma aparência mais juvenil. Quando somos crianças, por exemplo, temos a gordura desta área mais pronunciada”, atesta a profissional.
O paciente que busca por esse procedimento geralmente possui bochechas mais arredondadas e joviais e deseja um rosto um pouco mais contornado, “criando aquele visual de face longa e definida”, detalha Patrícia.
A recomendação dessa cirurgia, no entanto, não é apenas estética: quando o volume das bochechas atrapalha a mordida ou causa dor a um paciente, ela também é indicada.
Por mais que ela seja uma cirurgia relativamente rápida, a bichectomia é irreversível, como atesta o cirurgião plástico Paulo Renato Simmons. O médico alerta que “uma vez retirada, é impossível recolocar [a bola de Bichat]”, já que, diferente de outras partes do corpo, essa gordura não se repõe.
“Dependendo de como foi retirada, nós podemos fazer preenchimentos com gordura, que é o enxerto de gordura, para melhorar o contorno que ficou exagerado e, dessa maneira, disfarçar essa retirada que foi feita em excesso”, afirma o médico.
Por se tratar de um procedimento considerado ‘pouco invasivo’ pelo senso comum, muitos pacientes não se alertam para as possíveis complicações dessa cirurgia, por mais que elas sejam reais.
Em 2019, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica realizou uma campanha de conscientização sobre os riscos da bichectomia, intitulado “Bichectomia: Não é tão simples assim”. Na postagem, a organização alertou que o procedimento “pode gerar importantes distorções anatômicas, que com o envelhecimento se agravarão, dando a face um aspecto mais envelhecido em comparação a idade cronológica.”
Paulo também reitera que o procedimento não é tão simples quanto parece. “Sobre a simplicidade: não é a verdade. Existem inúmeras complicações relacionadas a bichectomia, como sangramentos, infecções, hematomas, lesão de nervos faciais, dormência da face, lesões no ducto da saliva e assimetrias faciais.”
A recomendação dos profissionais é um alerta sobre a realização de procedimentos estéticos com não médicos. Os médicos afirmam que apenas profissionais credenciados podem realizar esses procedimentos, já que o praticam em instalações regularizadas e também seguem rígidos padrões de organização, biossegurança e ética.