Mercado de fragrâncias íntimas cresceu no último ano
Foto: Divulgacao
Mercado de fragrâncias íntimas cresceu no último ano

Já pensou em utilizar um perfume em sua região íntima? Se não, prepare-se: essa é a mais nova tendência da indústria de cosméticos no Brasil. No último ano, as marcas Cimed e O Boticário se lançaram nesse universo com linhas de produtos exclusivos para a virilha.

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A premissa desses produtos é a alteração do odor da região íntima por meio da aplicação das fragrâncias, que devem ser aplicadas apenas na região da virilha.

O lançamento das linhas causou uma série de questionamentos na internet: usar esses produtos pode fazer mal à região íntima? Na área da saúde, o tema é polêmico e divisivo entre os profissionais.

De acordo com a médica ginecologista Carla Iaconelli, existem riscos na utilização de perfumes e desodorantes íntimos. “O uso desses produtos na genitália feminina não é adequado, pois a região é muito sensível”, explica a especialista. Por mais que as linhas sejam testadas e aprovadas pela Anvisa, ela detalha que a possibilidade de serem alergênicos pode causar vermelhidão, dor e desconforto na vulva e virilha.

A própria existência desses produtos causa certa divergência na área da saúde. “Vagina tem cheiro de vagina. A existência do odor, que é natural, é resultado de processos fisiológicos do ciclo menstrual”, explica a médica ginecologista Ana Luísa Campos.  

O cheiro natural da vagina vem do acúmulo de mucosa, lactobacilos e secreções do microbioma da região. Na vulva, também existem glândulas sebáceas e sudoríparas, que produzem suor e eliminam toxinas. Esses processos são essenciais para a saúde, já que promovem a saúde da flora vaginal, ajudam na eliminação de células mortas, fungos e bactérias e estabilizam o pH.

O pH, que é a escala que contabiliza a acidez de um local, varia entre 3,8 a 4,5 na vagina. Ao utilizar produtos para esconder o cheiro natural da região íntima, pode-se alterar o pH, causando grandes alterações na saúde. 

Assim, a alteração do cheiro e da mucosa pode esconder infecções e doenças. “Odores não deveriam ser inibidos, porque podem mascarar alguma alteração genital relevante que necessite de tratamento”, alerta Carla. “Atualmente, não temos estudos suficientes que avaliam o impacto destes produtos no microbioma.”

Mas como lidar com o cheiro natural da vagina? O ideal, segundo Marise Samama, presidente da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), é usar produtos que ajudem a prevenir a origem da alteração de odor. “Alguns dos aspectos mais relevantes no cuidado da saúde íntima que podem prevenir mau odor são a manutenção do pH, da flora bacteriana e da integridade da mucosa vaginal”, aponta.

As médicas ressaltam que a vagina é autolimpante, ou seja, não precisa de perfumes, desodorantes e sabonetes, pois sua flora é uma barreira protetora contra os microorganismos. 

“Se deve evitar ao máximo utilizar substâncias irritantes como tensoativos fortes (substâncias detergentes agressivas), e usar sabonetes suaves ou espumas que tenham pH adequado a região e com substâncias suaves de limpeza e mais naturais. Preferir assim produtos também com óleos essenciais que ao mesmo tempo podem proteger e evitar irritações e trazer um odor agradável”, alerta Marise.

Se o odor é realmente incômodo e foge dos aspectos naturais do corpo, é necessário consultar um especialista. “Se você está sentindo algo diferente, a recomendação é fugir de perfumes e hidratantes e ir direto ao ponto: um ginecologista. Só com ajuda profissional, é possível entender as origens dos cheiros e corrimentos”, afirma Campos.

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