A falta de uma educação sexual não atrapalha apenas o sexo, mas também a higiene masculina
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A falta de uma educação sexual não atrapalha apenas o sexo, mas também a higiene masculina

Há algumas semanas, o ator de Eduardo Sterblitch, de 35 anos, defendeu, durante o programa “Saia Justa”, do canal GNT, que os homens não sabem transar devido ao consumo da pornografia. A declaração gerou polêmica, mas, para o olhar especializado, essa não é nada mais do que a realidade. 

Em concordância com o ator, o sexólogo Renan de Paula afirma que muitos homens acabam aprendendo sobre sexo apenas em conteúdos pornográficos, que na maioria são irrealistas, o que acaba por contribuir para um sexo de má qualidade. 

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“Na nossa empresa de produtos de prazer e bem-estar, desenvolvemos pesquisas e os dados mostram que na maioria dos relacionamentos heterossexuais as mulheres estão insatisfeitas. Nós homens acabamos aprendendo tudo que sabemos sobre sexo na pornografia e, nesses conteúdos pornográficos, a qualidade da relação não é algo que é trazido à tona, mas apenas o prazer e o fetiche masculino”, diz o especialista.

Olhando para o passado, o próprio sexólogo relembra a sua primeira relação sexual e conta que, na juventude, sua única referência sobre sexo era da pornografia e que até mesmo se questionou se durante o ato sexual deveria gemer em inglês.  

“Existe uma cultura de que tudo que um rapaz precisa saber sobre sexo está na pornografia. Conversando com a minha esposa, eu relembrei, que, na minha juventude, durante os anos 90, a minha única referência de relação sexual era da pornografia. Na minha primeira transa, eu até mesmo pensei se eu deveria gemer em inglês, igual nos vídeos pornô que eu assistia”,  conta o profissional.  

Segundo Renan, a falta da educação sexual é agravada pelo machismo estrutural, contribuindo para a busca da pornografia como referência de sexo. Ele aponta como os homens, desde a juventude, são desestimulados a falar sobre as suas fragilidades, ficando sem um espaço seguro para falar sobre a sexualidade.

“A pornografia se tornou a base do conhecimento masculino sobre o sexo e isso é uma das piores coisas que poderia acontecer. A pornografia ensina aos homens que toda relação é apenas penetração, ignorando as conexões sentimentais e o prazer feminino. Para mudar essa situação, eu acredito ser de extrema importância os jovens terem acesso à educação sexual, até mesmo por questões de higiene. Hoje muitos homens acabam perdendo o pênis porque não sabem higienizá-lo direito”, alerta o sexólogo. 

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“Os homens não conseguirem falar sobre sexualidade também está muito relacionado ao machismo estrutural. A sociedade não aceita que o homem hétero demonstre fragilidade, porque existe a ideia de que ‘homem de verdade’, não mostra vulnerabilidade. Não existe um espaço seguro e acolhedor para se aprender sobre sexo”, completa Renan. 

Além do machismo e da pornografia, a geração de influenciadores digitais também surge para tentar preencher o vazio deixado pela falta de uma educação de qualidade. 

Com um discurso extremamente atrativo para homens mais jovens, criadores de conteúdo autodenominados “homens alfa”, se propõem a ensinar como “homens de verdade” devem agir e se relacionar sexualmente com mulheres. Contudo, raramente esses conselheiros são pessoas capacitadas para falar de tais assuntos. 

“Quando pesquisamos a hashtag 'masculinidade' no Instagram, o que mais aparece são paginas que tratam o masculino como algo de alta performance. É o homem ter um carro caro, é sempre estar viajando, acompanhado de muitas mulheres bonitas, mostrando um estilo de vida de ostentação, que nem sempre é real”, fala o sexólogo. 

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