Você já foi a uma sex shop ? Se a resposta foi sim, você se sentiu confortável com o ambiente que encontrou? Muitas mulheres se sentem intimidadas e perdidas diante de tanta informação. Se não visitou, você não é a única. Tem muita gente que evita a loja por vergonha ou até falta de interesse. Mas será que se existisse uma sex shop para mulheres seria mais fácil comprar produtos eróticos?
Com esses questionamentos em mente Larissa Ely, 24 anos, fundou uma sex shop para mulheres em 2015. Tudo começou quando, ao visitar uma loja de produtos eróticos em Porto Alegre/RS, ela se sentiu desconfortável por estar em um ambiente estranho e hostil, como se fosse algo voltado apenas para o homem, mesmo sendo uma mulher comprando. Isso gerou um incomodo tão grande que Larissa decidiu criar a uma loja com uma proposta diferente.
“Estamos em um mercado sexista, hostil e que trata as mulheres como objeto. É importante ter alguém para fazer a gente se sentir respeitada e confortável para comprar produtos eróticos”, relata Clariana Leal, 26 anos, educadora sexual e sócia de Larissa na loja Climaxxx, em entrevista ao Delas .
Clariana conta que o diferencial da loja está na aproximação e no cuidado que elas têm com as clientes. “Geralmente eu converso e entendo porque essa mulher veio me procurar e o que ela precisa. Também há um cuidado com os materiais e com o conforto do produto”.
Para ela, uma sex shop focada no prazer feminino tem o papel de mudar a sexualidade da mulher no sentido de naturalizar um tema tão espinhoso e mostrar que sex toys são ferramentas que podem ser muito interessantes para incrementar parte da nossa vida. “Pode ser algo leve, curioso, sem culpa, preconceitos ou tabus. E esse é o melhor jeito de quebrar qualquer tabu, tratando como algo normal em nossa vida”, afirma.
Conhecer o próprio corpo é primeiro passo para as compras de sex toys
A educadora sexual diz que antes de partir para os produtos eróticos, é importante se conhecer e saber o que você gosta na hora do sexo. Para isso, é interessante começar a explorar a própria sexualidade, mas de uma forma livre de tabu ou vergonha, estando aberta à experiência de conhecer e tocar o próprio corpo. É preciso pensar que por mais que as mulheres tenham sido ensinadas o contrário, a masturbação , por exemplo, não é algo errado ou que vai fazer mal.
Mas como fazer isso? Clariana orienta pegar um espelho e se tocar para iniciar essa jornada. Não necessariamente de uma forma sexual, mas simplesmente por curiosidade. “Seja curiosa com seu corpo, principalmente com sua vulva e sua vagina”, diz. Ela aconselha introduzir o dedo no canal vaginal, sentindo o colo do útero e as texturas da região. “Começar com curiosidade e sem culpa é o primeiro passo para entender como funciona o próprio prazer”, completa.
Seja no banho ou na cama, o interessante é criar um momento de intimidade com você mesma. Deixando a culpa de lado, sem medo de explorar e entender de que forma seu corpo funciona. Só assim será possível sentir prazer. “Depois de se conhecer, você pode começar o que eu chamo de 'fazer amor com si mesma’ ou ‘sexo solo’”, diz. Ou seja, é hora de aproveitar o prazer que você mesma pode se proporcionar.
Clariana ainda explica que entrar nesse processo de explorar o próprio corpo é uma caixinha de surpresas: “Será sempre uma surpresa a cada dia, uma masturbação diferente da outra”. Por isso, a educadora sexual reafirma a importância de estar atenta a como o corpo reage aos estímulos, já que essa pode ser uma forma de aprendizado sobre si mesma. "Quando a gente sabe o que gosta, é muito mais fácil ter uma relação com uma segunda pessoa", completa.
Produtos eróticos - o que comprar numa sex shop para mulheres
Segundo a educadora sexual, os produtos eróticos ajudam nessa jornada pelo próprio corpo. Para começar, Clariana indica produtos focados no clitóris. Com 8 mil terminações nervosas, a região é a principal fonte de prazer das mulheres. “Durante muito tempo só se falou sobre ponto G, mas sem estimular o clitóris é muito difícil conseguir ter um orgasmo”, diz. Dessa forma, é possível começar com um vibrador clitoriano e um lubrificante neutro (sempre à base de água) para ajudar.
E como escolher um vibrador? Clariana explica que existem diferentes modelos com as mais variadas propostas de uso. Os maiores, por exemplo, costumam ser mais potentes. Já os menores, apesar de menos potentes, podem causar tanto prazer quanto, já que são focados para na área externa – o clitóris.
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Além disso, ela recomenda usar o acessório de outras formas e explorar diferentes regiões do corpo. “Esses maiores podem ser usados no corpo todo, fazendo uma massagem no pescoço, por exemplo. E é possível fazer isso, começar no pescoço, descer fazendo uma massagem no corpo todo até chegar à vulva”, recomenda.
No caso da sex shop para mulheres, a escolha do produto pode ser feita a partir de uma conversa com Clariana para encontrar o melhor acessório de acordo com o objetivo da cliente. Como a educadora sexual faz uma curadoria e estuda sobre todos os produtos que oferece na hora, quando a cliente divide suas experiências e tira dúvidas, ela consegue orientar a compra da melhor forma.
Além de vender os produtos com um cuidado especial, a sex shop para mulheres é conhecida pela linguagem que utiliza nas redes sociais que se aproxima das clientes e contribui para quebrar o tabu da sexualidade feminina. Nesse sentido, também se faz um trabalho de empoderamento. “É muito importante que as mulheres se empoderem do próprio corpo e do próprio prazer”, finaliza Clariana.