Não podemos negar: apesar do julgamento, muitas pessoas se relacionam com outras que já são comprometidas. A traição é um fato e, seja pela paixão ou pela aventura, muitas mulheres acabam se sujeitando à condição de "ser a outra". Mas ser amante vale a pena?
Para a orientadora emocional Camilla Couto, muitas mulheres se perguntam se ser amante vale a pena e são julgadas e se julgam por estarem nessa posição. Porém, antes de qualquer coisa é preciso se questionar: o que estar nessa situação diz sobre alguém? “Embora muitos de nós, especialmente mulheres, tenham medo dos julgamentos alheios, há quem veja prazer na aventura e no ‘perigo’ de estar nessa posição. Há quem prefira não ter amarras e, portanto, ter um parceiro ou parceira já comprometido (a) pode vir ao encontro desse objetivo”, explica.
Camilla alerta sobre sempre se questionar sobre a forma como se sente diante de um relacionamento instável como esse. “Estar confortável com nossas próprias escolhas é fundamental para ser feliz. Caso contrário, sempre nos encontraremos em papéis que não consideramos ideais e que não condizem com nossos reais desejos e anseios”, afirma a orientadora emocional.
O que leva alguém a ser amante?
Geralmente, nossa primeira reação ao saber que alguém está em um relacionamento com uma pessoa comprometida é julgar. Porém, antes de qualquer coisa, é preciso entender que motivos levaram a isso. Algumas se apaixonam e só depois descobrem que o parceiro é comprometido, outras são plenamente conscientes do que fazem, mas outras podem ter questões de autoestima para resolver.
A orientadora emocional lista alguns dos principais motivos que podem levar uma mulher se colocar na posição de "a outra” em um relacionamento amoroso. Entenda:
- Baixa autoestima
A baixa autoestima
é um dos principais motivadores que levam alguém a se relacionar com pessoas comprometidas. É muito comum achar que não se é bom o suficiente e que está tudo bem aceitar migalhas de sentimentos e de atenção, afinal, é isso o que se merece. Um relacionamento firme, completo e duradouro está longe ser de algo palpável e próximo da realidade das pessoas com baixa autoestima. De acordo com Camilla, existem pessoas, principalmente mulheres, que passam a vida toda sendo “a outra” simplesmente pelo fato de que não acreditam que podem ter relações inteiras.
A orientadora emocional alerta: se você se identifica com esse quadro, está na hora de aprender a se valorizar! Claro, trabalhar a autoestima não é algo fácil e nem rápido, é um processo. Mas com exercícios diários é possível se fortalecer e construir uma boa autoimagem.
Como dica, Camilla sugere passar um tempo sozinha para aprender a se amar de verdade, viver sob uma nova ótica e entender que todos são merecedores de amores inteiros. É muito importante retomar seus gostos pessoais e se reconectar com você mesma. Para isso, é possível fazer uma viagem solo, tirar um tempo da semana para você se curtir ou até mesmo passar a fazer programas sozinha, como ir ao cinema, por exemplo.
- Fantasia
“Ele vai terminar o casamento assim que o filho nascer”, “Ele não gosta dela de verdade”, “Ele não termina o relacionamento porque ela está doente”, “Ele está esperando o filho ir para a faculdade”. Se você já foi amante, provavelmente ouviu uma série de desculpas como essas para justificar sua posição diante do outro. E mais uma vez, ser amante vale a pena? Vale viver esperando respostas para essas desculpas?
O número de pessoas que realmente terminam uma união estável é muito pequeno, enquanto o número de pessoas que caem nessa armadilha e acreditam que algo vai mudar é muito grande. “É uma conta que nunca fecha”, afirma a orientadora emocional. Se deixar levar por fantasias é mais fácil do que se imagina. Afinal, é muito conveniente para a outra pessoa alimentar essas fantasias e fazer com que você permaneça nessa situação.
Se você se encaixa nessa situação, Camilla avalia como um bom momento para amadurecer a forma como você se relaciona e leva a vida. É hora de parar e avaliar: será que essa situação realmente vai mudar? Quais são as chances reais de eu deixar de ser amante?
- Autossabotagem
A autossabotagem também é uma das principais causas. “É só um caso passageiro, eu não estou envolvida”. Quantas mulheres já disseram isso? Para a orientadora emocional, talvez este seja o pensamento mais comum entre aquelas que se envolvem com um parceiro comprometido. A relação inicia com a pessoa achando que está no controle, que não vai se envolver e, por consequência, não vai sofrer.
No entanto, quando se dá conta, o tempo passa e se acaba tornando-se “a outra” da relação. De acordo com Camilla, isso pode ser um indício de autossabotagem, algo que acontece quando há um medo ou receio nos relacionarmos.
Se esse é o seu caso, mais uma vez é hora de analisar por que está sempre caindo em relações sem futuro. O que é possível fazer para mudar? Certamente, se fortalecer como mulher e aceitar alguém que te valorize é o primeiro passo.
Tem dúvida se ser amante vale a pena? Lembre-se que você está no controle
Para a orientadora emocional, existem outros vários motivos que poderiam ser listados. Segundo ela, o mais importante de tudo é compreender que, se estamos em uma situação que não nos parece ideal, é uma escolha nossa seguir nela ou redefinir nosso plano.
“É uma questão de escolha. Ninguém pertence a ninguém ou depende do outro para ser feliz. Se você age ou pensa como se a sua realização ou felicidade viesse de fora, de alguém que não seja você mesmo, é hora de parar para avaliar o que se passa dentro do seu coração e da sua cabeça”, alerta Camilla.
Para a orientadora emocional, a chave para construir e viver relacionamentos que condizem com nossos anseios - a acabar com a dúvida se ser amante vale a pena - está no trabalho diário de fortalecimento da autoestima, da coragem de seguir seus próprios sonhos e da capacidade de impor limites.