“Perder a virgindade” ou iniciar a vida sexual é um momento muito antecipado por muitas mulheres, mas também é fonte de ansiedade e dúvidas - o que é totalmente natural. Normalmente, as mulheres começam a explorar sua sexualidade na adolescência, mas e quem não têm essa vivência nesse momento e acaba perdendo a virgindade apenas na idade adulta ?

Para quem está perdendo a virgindade jovem, o momento já gera ansiedade, imagine para quem tem 53 anos?
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Para quem está perdendo a virgindade jovem, o momento já gera ansiedade, imagine para quem tem 53 anos?


Não são tão raros assim casos de mulheres que, por razões diversas, escolhem ou não conseguem ter relações na adolescência e início da vida adulta e, no fim, acabam perdendo a virgindade só bem mais velhas. Apesar de mais vividas em uma série de outros aspectos da vida, essas mulheres também têm dúvidas e receios com relação à primeira vez .

É sobre isso que nos escreveu por e-mail uma leitora do Delas (cuja identidade será preservada), virgem e de 53 anos que planeja ter sua primeira vez : “Decidi perder a virgindade. Já fui em minha ginecologista e ela pediu todos os exames para checar se está tudo bem comigo, inclusive para avaliar o risco de gravidez, que eu não quero correr o risco de ter, embora eu já não menstrue mais regularmente. Mas estou com muito medo. A médica disse que eu devia pedir exames dele e que nós deveríamos usar camisinha. Nunca pensei na primeira vez assim, com camisinha. Chupar bala com papel?”

“Ela também contraindicou o uso da pílula do dia seguinte como prevenção, que eu queria tomar. Estou preocupada, com medo de a experiência ser um desastre, de não conseguir relaxar. Tenho medo de doer, de não sentir prazer e de não proporcionar prazer a ele. O que faço? Devo exigir exames dele? Devemos fazer amor com camisinha mesmo se estivermos os dois saudáveis? Eu devo levar gel lubrificante na bolsa ou pega mal? Tenho receio de não ficar lubrificada o suficiente e de doer. Tenho receio de decepcioná-lo também porque tenho mamilos invertidos e esse é o local que descobri ter muito prazer, mas tenho vergonha de exibir...Me ajudem!”, conclui a leitora.

Perdendo a virgindade com 53 anos

Para quem está perdendo a virgindade, jovem ou não, estar segura, relaxada e preparada é essencial
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Para quem está perdendo a virgindade, jovem ou não, estar segura, relaxada e preparada é essencial


Diante de tantas questões, o Delas entrevistou a ginecologista e sexóloga Nelly Kobayashi, também parceira da boutique erótica Innuendo, na tentativa de sanar as dúvidas e inseguranças da leitora. Leia abaixo em tópicos.

» Usar ou não a camisinha?

Nelly reforça que o uso da camisinha é essencial, mesmo estando os dois aparentemente saudáveis. “Existe uma coisa chamada janela imunológica. Ou seja, a pessoa contrai uma doença, mas ela demora um tempo para manifestar sintomas e aparecer que ela tem a condição. Existem doenças que demoram de três a seis meses para dar positivo num exame. O vírus do HPV, por exemplo, geralmente não apresenta sintomas entre homens, não dá positivo em exames, mas a pessoa é portadora e transmite a doença. Então por mais que o homem faça todos os exames possíveis e todos eles venham negativo, nunca existe a certeza de que ele não tem nada”, argumenta.

Ela também pondera que, talvez justamente por não ter conhecimento, a leitora possa estar com um preconceito contra a camisinha, que não impede o casal de sentir prazer. O método é a principal forma de contracepção da maioria dos brasileiros e brasileiras e "essas pessoas todas se adaptaram muito bem a ele".

Além disso, hoje em dia existem preservativos mais finos, os do tipo “sensitive”, e até aqueles feitos com poliuretano, que são extra finos e prometem maior sensibilidade durante o sexo.

E, apesar da vontade de experimentar o sexo sem camisinha e sabendo de tudo isso, é importante que a mulher não se deixe pressionar pelo parceiro para abandonar o preservativo, principalmente se ele já for alguém com mais experiência, como é o caso da leitora e seu parceiro, que pode se aproveitar da falta de conhecimento da mulher. “A camisinha é uma segurança e uma proteção para a mulher, nesse caso”.

» Lubrificante

Com relação a levar ou não lubrificante, Nelly afirma que o ideal é que ela leve, sim, sem ter vergonha, “porque não pega mal, não”.

“Para qualquer pessoa que está perdendo a virgindade, o lubrificante ajuda, mas ele é principalmente importante para quem está numa fase já mais próxima da menopausa, quando começa a ocorrer o ressecamento vaginal devido à queda dos hormônios. A própria ansiedade e o estresse nesse momento também atrapalham a lubrificação natural, então levar um é ótimo”, recomenda a médica.

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Ela diz que qualquer lubrificante serve - lembrando que ele deve ser usado junto com a camisinha. Aqueles à base de água costumam ser melhores por dificilmente provocarem alergias, mas também é possível optar por marcas que utilizam silicone na composição. Nestes casos, contudo, vale testar antes para o caso de alergias.

» Pílula do dia seguinte como prevenção

“O que as pessoas precisam ter bem claro é que a pílula do dia seguinte é um método de emergência, você nunca planeja usar, não é um método de prevenção, porque é uma dose muito alta de hormônio, que desregula o ciclo e é super agressiva”, ressalta Nelly.

Ela explica que a PDS não tem a mesma taxa de eficácia de um método anticoncepcional de uso contínuo, como a pílula anticoncepcional, ou de um método de barreira, como a própria camisinha, sendo, portanto, mais suscetível a falhas.

» Dor e medo

Nelly, que também é sexóloga, afirma que é natural sentir um pouco de medo e ansiedade para a primeira vez, sendo inevitável se sentir insegura com uma série de coisas, principalmente se a mulher for se relacionar com um homem mais experiente. Nesse sentido, criar muita expectativa pode ser ainda pior para quem está perdendo a virgindade - ou querendo.

“Por mais que ela queira se preparar para um momento especial e marcante, criar muita expectativa, idealizar demais, pode trazer frustração. Pode ser que a primeira vez não seja tão prazerosa assim, por causa da ansiedade e da  dor que muitas mulheres sentem decorrente do rompimento do hímen ou do próprio nervosismo que tensiona o canal vaginal, dificultando a penetração”, afirma a médica, que diz que a tendência é que o sexo comece a ficar mais prazeroso na “segunda, terceira, quarta ou até só a partir da quinta vez”.

Para tornar a primeira vez a mais prazerosa possível é necessário estar relaxada. A mulher também precisa estar segura de que é aquilo mesmo que ela quer.

“A dica principal que eu sempre dou para as minhas pacientes é não ir direto para a penetração. Quando for ter o contato íntimo com o parceiro, vale conversar com ele antes para saber que tudo vai acontecer com calma, aos poucos, e não ter a obrigação de ir já para a penetração, no desespero de ir perdendo a virgindade logo no primeiro contato - e, por isso, é importante a mulher estar com alguém que gosta e confia, para conseguir ir devagarzinho”, diz.

Assim, o casal pode começar se despindo e se tocando, sem encostar de uma vez nos genitais um do outro, para não deixar a mulher nervosa. Trocar beijos carinhosos e quentes, realizar massagens e estimular outras zonas erógenas como seios, pescoço, barriga e bumbum são alternativas para ir excitando a mulher aos poucos. Estas são, basicamente, as preliminares, que vão, de fato, deixá-la relaxada, o que é essencial para que a penetração ocorra sem problemas.

“Ela tem que se sentir à vontade com o parceiro. Eles podem experimentar o sexo oral primeiro, também...tudo isso vai ajudando a mulher a ficar mais confortável e segura”, defende.

Outra forma de se preparar para o ato é a própria mulher se conhecer. Nelly recomenda que, em frente a um espelho, a mulher tire a roupa e se observe, procurando as partes do corpo de que mais gosta. “A tendência é que as pessoas foquem no que elas não gostam, mas, ao repetir esse exercício de vez em quando, sempre tentando ver a melhor parte, eventualmente vão começar a se sentir mais seguras”, diz.

Aceitar melhor o próprio corpo ajuda a mulher a não ter vergonha de sentir prazer - seja sozinha ou acompanhada. “Se a mulher não está acostumada ao contato íntimo, é muito importante se tocar. Não direto na vagina, para não ficar desconfortável, mas começando na pele, braço, pescoço, seios, até chegar na vagina, no tempo dela, e ir sentindo o que gosta para não estranhar na hora que estiver com outra pessoa e também saber orientar o parceiro quando estiver realmente perdendo a virgindade”, reforça.

Por fim, a médica ressalta que, só porque a mulher está perdendo a virgindade tardiamente, não significa que ela deve se envergonhar por isso. “Ela não pode pensar que está muito velha para isso ou que está muito velha para se masturbar. Não tem nada a ver. Rompendo com esses preconceitos e aprendendo a se amar, a sentir prazer e a relaxar, ela vai ter mais facilidade até para ter um orgasmo.”

Ficou com dúvidas sobre mulheres que acabam  perdendo  a virgindade quando adultas, sexualidade e primeira vez? Então entre em contato conosco pelo sexo@igcorp.com.br e nós traremos um especialista para respondê-la com sigilo total!

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