Iniciar a vida sexual é sempre um momento de ansiedade - preferencialmente positiva -, e as primeiras vezes nem sempre são as melhores, podendo até doer e provocar leves sangramentos, resultado do rompimento do hímen. Isto, no entanto, não é uma regra para todas as mulheres, já que a membrana pode ser mais ou menos flexível para cada uma, e vale ficar de olho no caso de sentir muita dor, principalmente se isso ocorrer com frequência, durante a penetração .
O hímen é uma fina membrana localizada no interior do canal vaginal, normalmente com um orifício no centro para deixar passar secreções e a menstruação, e que se rompe nas primeiras relações sexuais, sendo comum que as mulhere sintam dor. Isso, porém, não é regra, e sentir dor durante a penetração, principalmente no momento de iniciação da vida sexual, não está necessariamente relacionado ao rompimento do hímen .
É sobre isso que se pergunta um leitor do Delas (cuja identidade será preservada), que nos escreveu por e-mail: “Eu e a minha esposa estamos com dificuldade na hora da penetração. Ela foi ao ginecologista e deve realizar alguns exames, mas está com receio porque acha que ainda permanece virgem [com o hímen íntegro]. Como podemos saber onde está o problema?”
O rompimento do hímen
O rompimento dessa membrana costuma ocorrer após as primeiras relações sexuais envolvendo penetração, como explica a ginecologista, obstetra e terapeuta sexual Ana Paula Junqueira. Nesse momento, a membrana se desloca e vai se rompendo, “sobrando apenas um pequeno resquício, como se fosse uma cicatriz do rompimento, que é a parte que fica presa ao canal vaginal e chamamos de carúnculas”.
Falando sobre a dor que algumas mulheres sentem devido ao rompimento do hímen, ela esclarece que, muitas vezes, a dor está mais relacionada ao preparo e nervosismo da mulher para a relação do que ao hímen em si. “Ela estar bem lubrificada, com vontade e confortável no momento, com alguém que ela confia, interfere se ela vai sentir dor ou não, e pode não ter nada a ver com o rompimento da membrana”, ressalta.
Com relação à dúvida do leitor, Ana Paula diz que é possível, sim, que não tenha ocorrido totalmente o rompimento, isso não é incomum. Entretanto, para saber se este é o caso, apenas por meio de um exame ginecológico que, segundo ela, é bastante simples.
“Aí, quando não ocorre totalmente o rompimento da membrana, a mulher vai continuar sentindo dor ou desconforto, mesmo depois de ter as primeiras relações sexuais. Porém, às vezes, não é isso que acontece. Pode ser o caso de uma dispareunia [dor que a mulher sente quando o pênis atinge o fundo do canal vaginal] ou mesmo um vaginismo [quando a vagina rejeita qualquer toque e se contrai, impedindo a penetração], e isso tem que ser considerado para encaminhar a paciente para o tratamento correto”, afirma.
Tipos de hímen
É importante considerar que existem "tipos" diferentes de membrana, ou seja, ela pode adquirir diferentes formas e resistências, e isso “afeta” o rompimento do hímen, podendo ser até necessária uma intervenção cirúrgia em alguns casos.
O tipo mais comum, presente na maioria das mulheres, é o hímen anular. “Ele vai se acomodando e se rompendo conforme acontece a penetração, podendo sangrar um pouco e provocar certa dor em algumas mulheres ”, explica a ginecologista, obstetra e terapeuta sexual.
Outro tipo bastante comum é o hímen complacente . “Ele permite que aconteça a penetração, sem dor, mas aquela membrana fica ali. Demora mais para se romper, ou não se rompe, mas é bastante flexível e se adapta durante a relação sexual.”
Existem mais três tipos, menos comuns, e que dão um pouco mais de trabalho para se romper. O primeiro deles é o hímen septado: no orifício da membrana, há uma pele que divide esse orifício em dois. “Essa pele no meio da abertura é mais resistente que o resto da membrana. Aí o médico pode sugerir o uso de lubrificantes, de alguma pomada específica ou ele mesmo pode cortar a pelinha para aliviar o incômodo que a paciente vai sentir”, explica Ana Paula.
A segunda variante é o hímen cribiforme. Neste caso, a membrana se assemelha a uma rede, com vários furinhos, que permitem a passagem normal de secreções e da menstruação normalmente, mas é bem mais resistente. Em mulheres com hímen cribiforme, a ruptura acaba sendo dificultada e a dor é bem mais comum, “pode até exigir uma intervenção cirúrgica para realizar o rompimento do hímen”.
Por fim, ainda existem mulheres que nascem com o hímen do tipo imperfurável. Mas as que nascem com essa condição costumam detectá-la antes mesmo de ter a primeira relação sexual, pois a membrana, sem nenhum tipo de orifício, impossibilita até mesmo a passagem de secreções e do sangue menstrual.
“Quando a menina menstruar pela primeira vez, o sangue vai ficar retido no canal vaginal, ele não vai ser eliminado pelo corpo, e isso vai provocar muita dor nela, além de aquele sangue parado poder provocar complicações. Aí a paciente tem de ser levada direto para o centro cirúrgico para ser realizada uma perfuração e ainda drenar o sangue que ficou preso no canal vaginal”, explica a médica.
O hímen imperfurável, porém, é extremamente raro. Por outro lado, existem ainda mulheres que nascem sem o hímen, que se forma ainda na fase fetal - e não há nenhum problema nisso, até porque, ter ou não a membrana não é indicativo de virgindade, muito menos de pureza.
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