Ao final de 2017, o Delas perguntou aos leitores quais assuntos relacionados ao sexo precisavam deixar de ser um tabu com a virada de ano e, dentre os tópicos levantados, o mais citado foi o prazer anal. Tratar o sexo em geral como algo natural já é um desafio para muita gente, o sexo anal, então, é mais complicado ainda. Além de ser frequentemente vista como algo exclusivo de casais gays, alguns mitos propagados pela pornografia tornam a prática mais temida ainda, até por quem tem curiosidade de experimentar.
De acordo com Carla Zeglio , psicóloga especializada em sexualidade, substituir a educação sexual pela pornografia não é uma boa ideia, já que esse tipo de material adulto retrata o sexo de forma muito irreal. Isso, por sua vez, inclui o sexo anal , e, se você se interessa pelo assunto, usar o pornô para aprender pode não ser a melhor forma de se familiarizar com a prática. Confira três coisas a respeito do anal que são retratadas de forma equivocada na pornografia:
1. Todos estão sempre prontos para o anal
Em filmes pornô , todo mundo sempre está pronto para qualquer coisa – tanto em termos psicológicos quanto físicos. Isso é algo que já não ocorre com o sexo vaginal (porque a penetração só é confortável com bastante lubrificação e, para ficar bem lubrificada, as mulheres costumam precisar de bastante estimulação) e, com o anal, menos ainda.
Enquanto o canal vaginal é capaz de se dilatar o suficiente para permitir a passagem de uma criança durante o parto, o ânus não possui essa capacidade. O costume torna a prática mais fácil, mas, sempre que a prática do anal vai acontecer, é necessário começar devagar, usando os dedos ou até brinquedos eróticos pequenos (e muito lubrificante) em movimentos lentos para que o canal se acostume. O pênis, por sua vez, só aparece depois de preliminares bem caprichadas.
2. Lubrificante não existe (ou a saliva faz o papel dele)
Apesar de o beijo grego ser uma boa opção de preliminar para o sexo anal , a saliva não deve ser usada como lubrificante. O ânus não tem a capacidade de se lubrificar sozinho e sempre precisa de uma ajudinha extra, mas, mesmo sendo uma substância escorregadia, a saliva não proporciona lubrificação suficiente para que a penetração seja confortável.
No mundo da pornografia , os atores dispõem de produtos que tornam a prática possível, mas, como não aparecem em cena, os filmes fazem parecer que essa etapa simplesmente não existe. Na vida real, porém, o ideal é que o casal use e abuse de um lubrificante artificial à base de água.
3. Ninguém usa camisinha
Está certo que não é possível engravidar com sexo anal, mas o contato entre o sêmen e possíveis micro fissuras causadas pela penetração ainda pode permitir a transmissão de doenças. Sendo assim, apesar de isso raramente ser retratado em material adulto, o preservativo é, sim, necessário. Ah, e nada de trocar do sexo vaginal para o anal (e vice versa) e seguir usando a mesma camisinha. Ao mudar de orifício, é necessário trocar também o preservativo, já que cada um deles tem bactérias próprias da flora vaginal e anal, e elas não podem ser transportadas de um para outro pelo risco de infecções.