De acordo com um levantamento realizado anualmente pelo Pornhub – um dos maiores sites de conteúdo adulto – desde 2013, a presença feminina em sites de pornografia tem aumentado gradualmente . Apesar de o empoderamento feminino estar em alta e de as mulheres estarem cada vez mais engajadas em se informar sobre a própria sexualidade e explorá-la, outra pesquisa mostra que ainda há um longo caminho a ser percorrido na direção da igualdade de gênero até em questões bem básicas, como o uso da camisinha.
De acordo com especialistas, a camisinha é o único método contraceptivo que protege tanto contra uma gravidez indesejada quanto de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis). Ainda assim, de acordo com o segundo estudo – encomendado pela marca de camisinhas Olla e realizado com mil pessoas sexualmente ativas entre os 18 e os 35 anos em todo o País –, 52% das mulheres e 47% dos homens nunca usam preservativos ou o fazem raramente. Além de não se comprometerem com o uso, a pesquisa também mostra que apenas 45% dos homens e chocantes 29% das mulheres andam com preservativos.
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Por que isso acontece?
De acordo com Mirian Goldenberg, antropóloga e especialista em comportamento feminino, essa disparidade entre a forma com que homens e mulheres se comportam quando o assunto é camisinha não tem relação alguma com falta de informação. A especialista explica que os entrevistados estão na faixa etária de pessoas que cresceram bombardeadas com informações a respeito desse tipo de proteção e, segundo ela, o “descaso” vem de razões socioculturais.
Por exemplo: outro dado levantado pelo estudo mostra que, enquanto 72% dos homens consideram natural entrar na farmácia e comprar camisinhas, 42% das mulheres se sentem muito desconfortáveis com o ato e 37% sentem medo de julgamentos no momento da compra. “É a dupla moral sexual: os homens são mais livres sexualmente e até mesmo estimulados a ter uma vida sexual ativa e diversificada. Já as mulheres ativas sexualmente seriam representadas socialmente de forma muito negativa”, afirma a antropóloga, lembrando que, para muita gente, mulher que gosta de sexo é uma pessoa promíscua que não merece o mesmo tratamento que as “comportadas”.
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A antropóloga também afirma que, ao mesmo tempo em que a mulher sexualmente livre sofre com julgamentos da sociedade, muitas internalizaram esses preconceitos, reprimindo a própria sexualidade por medo de não corresponder ao modelo de mulher mais aceito pelas pessoas e deixando até de comprar a camisinha por pura vergonha.