A julgar pela quantidade de desinformação a respeito do sistema reprodutor feminino que pintou pela internet neste ano, é possível dizer que falar sobre vagina ainda é um tabu nos dias de hoje. São incontáveis as técnicas que prometem deixar a região cheirosa, macia e “sequinha” compartilhadas por internautas e até por profissionais da beleza, além do crescente aumento no número de pessoas que realizam cirurgias drásticas na vulva por pura impressão de que ela não é normal da maneira que é.
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Pensando no tabu que ainda cerca esses assuntos e faz com que eles sejam difíceis de se discutir, o Delas separou uma lista de coisas que você possivelmente faz (ou já ouviu falar sobre) com a sua vagina , mas precisa parar de fazer, além de alguns hábitos que você deve criar para garantir a saúde da sua amiguinha e satisfação sexual.
Nada de:
1. Fazer lavagens internas
No início deste ano, uma internauta chocou outras mulheres e até profissionais da saúde ao dizer em um fórum sobre saúde que fazia lavagens na vagina toda vez que fazia sexo e antes de realizar exames ginecológicos. Além disso, para “perfumar” o canal vaginal, ela misturava gotas de óleo de melaleuca na água quente usada no processo.
Não é difícil encontrar pessoas – tanto homens quanto mulheres – que acreditam na ideia de que o canal vaginal deve ser limpo com produtos para que não tenha odores desagradáveis ou corrimento. Porém, de acordo com especialistas, esse tipo de procedimento (mesmo que apenas com água e sabão) pode alterar o pH da mucosa e destruir as defesas naturais dela, te deixando suscetível a infecções.
2. Colocar nela coisas que claramente não devem chegar perto das partes íntimas
A regra é simples: se parece extremamente esquisito, é melhor passar longe. Ao longo deste ano, porém, diversas técnicas bizarras para “melhorar a saúde e a aparência” da vagina vieram à tona na internet e fizeram a cabeça de muita gente. Elas vão desde “limpezas” com pepinos e vinagre até o uso de ninhos secos de vespas (pois é) e remédios para as vias respiratórias, mas, além de nenhuma ser eficaz, algumas dessas substâncias podem causar ardor e problemas mais sérios na região íntima.
3. Passar maquiagem na vulva
A menos que você nunca tenha entrado em uma farmácia, sabe que a quantidade de produtos oferecidos para “cuidar da saúde íntima” feminina é imensa. Nesses estabelecimentos, é comum encontrar corredores destinados apenas para isso, mas, em julho deste ano, uma marca anunciou algo diferente de tudo o que pode ser encontrado nessa ala: produtos de beleza para a vulva.
Intitulada “The Perfect V”, a linha em questão inclui fluido de limpeza, creme esfoliante, sérum, hidratante e até um iluminador para deixar a “pepeca” bonitinha. O anúncio foi alvo de críticas e piadas na web e, no fim, os internautas estão certos: nada disso é necessário. Sim, a pele da vulva é delicada e precisa de um cuidado diferente do que temos com o restante do corpo, mas, segundo especialistas, basta utilizar água, um sabonete de pH neutro e sem perfume e cuidado com a depilação.
4. Ignorar dores, coceiras e sensações desagradáveis na região
De acordo com um estudo realizado pela Vagisil – marca de produtos íntimos – em abril deste ano, 43% das mulheres sofrem com problemas como dor durante a relação sexual, coceira e secura vaginal, mas não fala sobre isso com ninguém. Levando em consideração que, ao contrário do homem, a mulher não é incentivada a explorar o próprio corpo e a falar sobre ele, não é incomum encontrar mulheres que não se sentem confortáveis em tocar no assunto e morrem de medo de ir ao médico.
Segundo Livia Daia, ginecologista, obstetra e mastologista da clínica Daia Venturieri, é comum que mulheres sofram em silêncio com problemas que podem ser facilmente resolvidos. “Tem de buscar ajuda e, na conversa com o médico, você nunca pode esconder nada. Aquilo que você acha que é um detalhe desnecessário pode ser um ponto crucial”, explica ela. Sendo assim, nada de se automedicar ou fingir que os problemas não existem. Neste ano, espante a vergonha e busque ajuda, afinal, é tudo pelo bem da sua saúde!
Comece a:
1. Exercitar os músculos pélvicos
Assim como ocorre com outros músculos do corpo, a musculatura pélvica – ou seja, responsável por sustentar órgãos como o útero, a vagina e a bexiga – vão ficando mais fracos com o passar dos anos. Se você vai à academia e exercita pernas, glúteos, braços, peitoral e o restante do corpo, por que o assoalho pélvico fica de fora?
Ao contrário do que você deve estar pensando, exercitar essa região não é algo muito complicado, já que há diversos exercícios comuns que ajudam no processo. É o caso, por exemplo, da ioga e do pilates, que, por contribuírem para uma melhor consciência corporal e utilizarem muito a região do quadril e músculos da pelve nos exercícios propostos, deixam o assoalho pélvico mais forte.
Além dessas modalidades, há um tipo de técnica específica para fortalecer a musculatura da vagina: o pompoarismo. Usando exercícios de contração e relaxamento – com ou sem acessórios que aumentam a dificuldade deles – a mulher passa a ter mais controle sobre esses músculos, prevenindo incontinência urinária e trazendo benefícios para a vida sexual.
2. Usar e abusar do lubrificante íntimo
Não é difícil encontrar mulheres que se queixam de dor na relação sexual mesmo sem sofrer de distúrbios como o vaginismo e a dispareunia. Segundo Livia, o principal fator que leva mulheres a sentirem certo ardor no canal vaginal durante a penetração pode ser algo mais simples do que você imagina: falta de lubrificação .
Quando a mulher está excitada, há uma glândula na vagina que lubrifica o canal, eliminando o atrito durante o contato sexual. Para algumas mulheres, porém, esse processo não ocorre como deveria, e não há problema algum em apelar para uma ajudinha externa. Lubrificantes à base de água resolvem a questão do atrito durante o sexo , além de poderem até facilitar a colocação de absorventes internos ou coletores menstruais para quem tem dificuldade.
Aqui, porém, é importante lembrar que, antes de buscar a ajuda desse produto, é importante prestar atenção nos hábitos sexuais e na saúde. Pular as preliminares, fazer sexo sem estar com muita vontade e a menopausa são fatores que afetam a lubrificação natural e precisam ser resolvidos de outra forma (dica: se você não estiver com vontade de transar, não transe!).
3. Experimentar brinquedinhos eróticos
Muitas mulheres até têm vontade de experimentar um “sex toy”, mas têm vergonha de ir a uma sex shop e não conhecem as diversas funcionalidades que acessórios desse tipo podem ter. Há uma infinidade de brinquedos eróticos, dos grandes e escandalosos até os pequenos e discretos que podem até se passar por outros objetos. Além de ser uma ótima forma de conhecer as zonas erógenas do corpo, esses brinquedinhos proporcionam sensações muito diferentes do que qualquer uma que você já sentiu durante a masturbação. Vale a pena testar!
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4. Se conhecer!
Conhecer melhor o próprio corpo não é algo que beneficia apenas a vida sexual da mulher, mas também a saúde dela. Por exemplo: de acordo com Mariana, toda vagina possui um odor natural contra o qual não se deve lutar, mas alterações nele podem, sim, indicar problemas de saúde. Sendo assim, preste mais atenção nos sinais que seu corpo dá, se toque, se observe e se conheça! Dessa forma, fica mais fácil identificar se há algo errado, além de transformar a vida sexual, já que quem conhece os próprios desejos e zonas erógenas costumar ser mais satisfeito no sexo.