De acordo com uma pesquisa recente, a cada quatro mulheres, três delas sofrem com problemas na vagina, como secura, coceira e dores. Dados da mesma pesquisa também indicam que 43% dessas mulheres não procuram ajuda para cuidar dessas questões, e talvez seja por isso que a internet está tão cheia de técnicas absurdas para "resolvê-las".
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Basta entrar em uma farmácia e procurar pela seção de higiene íntima feminina para ver o quanto as mulheres se preocupam em se livrar de corrimentos e odores. A imensa gama de produtos – que vão desde lenços umedecidos até desodorantes que prometem manter a vagina cheirando como um campo de flores – costuma passar a ideia de quem, sem eles, a mulher estará suja, mas não é bem assim que a coisa funciona.
A ginecologista Mariana Maldonado explica que, assim como outras partes do corpo, a região íntima possui um odor característico que não necessariamente indica o quão limpa ela está. Segundo ela, a presença de alguma doença ou o uso de produtos e técnicas voltadas para mascarar o odor podem fazer com que ele fique acentuado. Confira sete coisas que não substituem uma consulta ginecológica e que você não vão deixar sua vagina mais limpa, cheirosa e bonita:
1. Pepino
Apesar de ser um item bastante indicado para limpezas de pele por ter propriedades hidratantes e calmantes , pepinos devem entrar em contanto apenas com a pele do seu rosto, e não com a mucosa vaginal. Não é preciso pesquisar muito para encontrar sites e “gurus de beleza” que aconselham inserir um pepino descascado no canal vaginal para limpá-lo e dar a ele um odor agradável. Porém, além de a técnica não trazer benefício algum, o pepino – mesmo lavado – ainda pode conter bactérias e até pesticidas, tornando-se algo que você definitivamente não quer ter dentro de si.
2. Ninhos de vespas
Se você está pensando: “Isso é loucura!” e porque, bom, é uma loucura mesmo. Ainda assim, há inúmeros sites que orientam mulheres a i nserir ninhos de vespa secos e inutilizados no canal vaginal , alegando que o processo enrijece e seca a mucosa. Diante da facilidade de encontrar esse tipo de material à venda na internet, alguns especialistas se manifestaram, afirmando que deixar a vagina seca pode fazer o sexo ficar doloroso e destruir a proteção natural da região, aumentando os riscos de transmissão de doenças.
3. Remédios para tosse e resfriado
Sabe aquelas pomadinhas que você passa na região peitoral para aliviar sintomas da gripe? Pois basta uma simples pesquisa no Google para ver que muita gente aconselha utilizar esse medicamento no canal vaginal e até no clitóris. De acordo com as pessoas que são adeptas da técnica, o produto alivia coceiras e “limpa” a região quando aplicado dentro do canal, e causa uma sensação gostosa quando utilizado no clitóris.
Em primeiro lugar, se você tem uma coceira ou qualquer outro sintoma de irritação na região íntima, o mais indicado a fazer é visitar um médico que possa diagnosticar e prescrever um tratamento adequado. Utilizar o produto para resfriado com esse propósito pode causar desconfortos, já que tem uma composição agressiva demais para a pele delicada.
Em segundo lugar, há uma série de lubrificantes e camisinhas que promovem sensações gostosas e são apropriados para o contato com a mucosa vaginal. A pomada para resfriados é feita para se “fixar” na pele do peito durante horas para melhorar a respiração de quem estiver usando, então pode ser bastante difícil de removê-la do clitóris, causando uma sensação estranha e até dolorosa.
4. Sabonetes íntimos, perfumes e desodorantes
Sim, há uma variedade incrível de sabonetes íntimos que trazem inúmeras promessas nos rótulos, mas isso não quer dizer que eles sejam bons para a saúde. De acordo com ginecologistas, esse tipo de produto nunca deve entrar em contato com a vagina e, mesmo se utilizados apenas na vulva (região externa, onde ficam os grandes e pequenos lábios e o clitóris), é necessário ter moderação e ficar de olho na composição dele.
Mariana explica que composições muito elaboradas podem alterar o pH da região íntima, podendo ocasionar irritações, coceira e até alterações no odor natural, tornando-o mais forte. De acordo com ela, já que a região se regula sozinha, o mais indicado é lavá-la apenas com água, mas, se a mulher se sentir mais confortável utilizando um produto, ela deve procurar um sabonete neutro. “Não precisa ser um sabonete íntimo, pode ser um sabonete hipoalergênico ou neutro”, explica.
Quanto a perfumes, desodorantes, lenços perfumados e produtos semelhantes, é melhor mantê-los bem longe das partes íntimas. Além de poderem causar irritações, o perfume pode mascarar um odor que realmente estar alterado, fazendo com que a mulher não perceba que está com algum problema de saúde.
5. Lavagens internas
Em abril deste ano, uma usuária do Mumsnet (rede social que reúne fóruns sobre cuidados com a saúde e com crianças) chocou a todos ao dizer que fazia lavagens vaginais antes de consultas ginecológicas e após relações sexuais. A internauta afirmava ainda que o processo não era feito só com água; para “perfumar” a região e “deixá-la limpa”, ela ainda misturava algumas gotinhas de óleo de melaleuca.
Apesar de a postagem ter recebido uma enxurrada de comentários indignados com a ideia da moça, muita gente realmente acha que é preciso limpar o canal vaginal. Porém, a ginecologista afirma que, além de isso não ser necessário, ainda é um hábito perigoso. Segundo ela, fazer lavagens sem que haja recomendação médica para tratar alguma condição específica pode remover as bactérias boas que fazem a defesa da região vaginal, o que aumenta as chances de a mulher contrair infecções.
6. Maquiagem
Por mais absurdo que isso soe, há, sim, uma linha de produtos de beleza voltados para a vulva que inclui até um iluminador para deixar a pele da região mais vistosa e “disfarçar imperfeições”. Além do item de maquiagem, a “The Perfect V” também conta com fluido de limpeza, creme esfoliante, sérum e hidratante, mas, assim como sabonetes, lenços e perfumes, esse tipo de produto pode alterar o pH vaginal, possivelmente gerando problemas de saúde.
Aqui, é importante lembrar que nem toda vulva é igual. Apesar de os lábios de uma poderem ser de tamanhos diferentes dos de outra, de a cor da pele da região ser diferente de mulher para mulher e de algumas delas terem mais pelos no local do que outras, todas tem algo em comum: nenhuma delas precisa de itens que as deixem "mais bonitas".
7. Glitter
Apesar de a ideia não parecer nada boa logo de cara, há até empresas que vendem cápsulas de glitter para a vagina . O produto promete conferir brilho e um aroma agradável à região genital quando inserido nela e, nas redes sociais, muitas mulheres manifestaram a vontade de testá-lo. Segundo especialistas, porém, o glitter pode prejudicar as defesas naturais da região e ainda gerar atrito, irritando o canal.